Num artigo irônico de defesa à Apple, Kontra escreveu há alguns dias no counternotions sobre a modinha recente de chamar a Apple de “evil” (diabo), tanto quanto muita gente faz com o Google, em analogia ao conhecido histórico Microsoftiano.
Em meio a citações de usuários revoltadinhos com a Apple, à inveja que se dá pelo seu crescimento acelerado, à aversão do mercado pelo fato de uma pessoa — Steve Jobs — ter tanto controle sobre uma multinacional, a uma taxa de rejeição de apps de 0,03% (entre mais de 65 mil), entre outros, Kontra compilou uma lista bem bacana de como o mundo da telefonia celular era *antes* de o iPhone ser lançado.
Em tradução livre, aqui está:
- As operadoras mandavam na indústria ditatorialmente.
- Para acessar redes de operadoras, as fabricantes de handsets tinham que descrever tudo o que faziam.
- As operadoras ditavam os designs de aparelhos, recursos, apps, preços, marketing, propaganda e marcas.
- Telefones eram reduzidos a iscas baratas e descartáveis para contratos de serviços de operadoras.
- Não havia compartilhamento de receitas entre operadoras e fabricantes.
- Não havia previsão de redes de telefonia se tornando meios de trocas de dados tão cedo.
- Planos de dados ilimitados e acessíveis eram desconhecidos.
- Um aparelho que incentivasse a troca entre operadoras por milhões de pessoas era um sonho.
- Celulares eram simples telefones, e não computadores handheld de fato.
- Mesmo os telefones mais “inteligentes” não tinham integração com redes Wi-Fi.
- Sem Visual Voicemail, mensagens não podiam ser gerenciadas não-linearmente.
- Não havia lojas de aplicativos controladas e operadas por fabricantes de telefones somente.
- Uma loja com 65.000 apps baixados quase 2 bilhões de vezes não estava no radar de ninguém.
- Uma estratégia de preços de apps de baixo custo com alto volume e compartilhamento 70/30 não existia.
- Transações robustas de apps com um clique eram desconhecidas.
- Não havia um mercado de apps eficiente, de larga escala, consistente e lucrativo para pequenos e grandes desenvolvedores.
- Botões, teclas, joysticks, sliders… tudo, menos a tela, era foco de telefones.
- Telefones não vinham com touchscreens enormes de 3,5 polegadas.
- Telas sensíveis ao toque e interfaces baseadas em gestos eram coisa de ficção científica.
- Teclados virtuais multi-touch realmente “usáveis”, com múltiplos idiomas, não existiam em telefones.
- Sensores integrados, como acelerômetros ou detectores de proximidade, não tinham lugar em handsets.
- Telefones nunca poderiam competir em jogos/3D com consoles portáteis dedicados.
- Tocadores multimídia com a qualidade de iPods não existiam em telefones celulares.
- Nenhum telefone havia oferecido uma experiência de navegação na web como a de desktops.
- SDKs sofisticados e telefones eram estranhos uns para os outros.
E você, o que adicionaria nesse bolo? 😉 Que empresa além da Apple pode se gabar tanto de revolucionar um mercado que já existia há mais de uma década e que era dominado por nomes gigantes como Nokia, Motorola, Sony Ericsson, Samsung e outras, todas correndo atrás do prejuízo atualmente?
A Apple é mesmo diabólica… para as suas concorrentes. 😛
[Via: Daring Fireball.]