Grüezi mitenand! Se você não sabe de onde veio esse tal de Hagge, recomendo a leitura de nosso primeiro artigo aqui. Na segunda parte do nosso tema de estreia, vamos rebater as palavras escritas por Jason Calacanis como seu primeiro motivo para abandonar a Apple: a destruição e o impedimento da inovação no mercado de MP3 players.
Jason relata que a Apple está matando a inovação por não permitir que tocadores MP3 genéricos sincronizem com o iTunes. Além disso, diz que as práticas da Apple equivaleriam às da Microsoft, se fizesse com que o Zune (uma geringonça que a MS chama de tocador de mídias) fosse o único MP3 player compatível com o Windows. Hã? o.0
O Mac é compatível com todo e qualquer tocador de mídias de todos os tipos, áudio ou vídeo. Você pode plugar qualquer coisa em suas portas USB, montar o disco e copiar o que quiser — inclusive músicas e vídeos comprados na iTunes Store, já que ela não usa mais DRM (este sim, o verdadeiro vilão).
Esses gadgets genéricos não funcionam com o iTunes simplesmente porque o iTunes, o iPod e a iTunes Store são o mesmo produto, o mesmo conceito. Nenhuma empresa desenvolve um software de graça para outra lucrar em cima; esse argumento é ridículo. Quer concorrer com a Apple? Não é fácil, mas é possível: crie seu próprio software gerenciador de mídias, construa e mantenha sua própria loja e estrutura, negocie seus próprios contratos com as gravadoras e pronto. Imaginar que a Apple vai entregar de mão beijada todo o trabalho que ela teve para fabricantes de produtos meia-boca baratos é ingenuidade, ignorância.
Além disso, apesar de não ter chegado primeiro, a Apple foi a primeira a fazer direito e conseguiu transformar “iPod” em sinônimo de tocador de mídia. Existe o iPod da Apple, o “iPod da Creative”, o “iPod chinês”, o “iPod genérico” e até o “iPod da Microsoft”. É como a Gillette (ou a Johnson & Johnson, com seus Cotonetes)! Aliás, já imaginou se qualquer empresa fosse autorizada a fabricar lâminas de barbear que encaixassem no barbeador da Gillette? Seria um tiro no próprio pé.
Para finalizar, me desculpe, Sr. Calacanis, mas eu gostaria que você me mostrasse um — apenas UM! — tocador de mídias mais inovador (além de bonito e funcional) do que o iPod. Todos os anos a Apple traz algo novo para o iPod. Ele é um produto já com oito anos de vida, que conquistou mercados entregando o que prometia: toda uma biblioteca musical no seu bolso, com um sistema fácil de navegar. Até hoje essa é a sua principal característica.
Portanto, motivo número um morto: a Apple não exerce práticas anticompetitivas e nem destrói a inovação do mercado de tocadores MP3. É o próprio mercado que não tem fôlego para acompanhar as inovações da Apple. Se quiserem estalar os dedos e começar a trabalhar, em vez de ficarem chorando para receberem tudo pronto de mão beijada, conseguirão. A Amazon.com está aí para mostrar que é possível: começou a vender músicas em MP3 sem DRM mais baratas que na iTunes Store, inovou, e fez a Apple se mover pelo mesmo caminho.