Hoje, a Apple é a empresa mais valiosa do mundo. Seu market cap está atualmente acima dos US$530 bilhões, mais de US$150 milhões à frente da segunda colocada, a petrolífera Exxon Mobil. Por isso, nada mais natural do que seus executivos ganharem destaque na mídia — Scott Forstall (vice-presidente sênior de software iOS) e Eddy Cue (vice-presidente sênior de software e serviços de internet) já foram perfilados. Agora foi a vez de Phil Schiller, vice-presidente sênior mundial de marketing da Apple. A Businessweek traçou um perfil do executivo, e abaixo você confere os destaques da matéria, a qual foi baseada em depoimentos de ex-empregados da Maçã.
Segundo o veículo, Schiller era um dos executivos mais confiáveis e influenciadores de Steve Jobs, ex-CEO da Apple. Enquanto Jobs estava lá, concentrado na criação de um produto, Schiller era quem definia o público-alvo, determinava especificações técnicas, preço, entre outras características. E para quem duvida da capacidade do executivo, foi ele quem teve a ideia de implementar a famosa Click Wheel em iPods e foi um defensor ávido do iPad, enquanto outros executivos duvidavam do potencial do gadget.
Além de trabalhar juntamente a Scott Forstall e a Jonathan Ive (vice-presidente sênior de design industrial), definindo novos produtos, Schiller é o elo com desenvolvedores. Como seu próprio título diz, ele também é responsável por direcionar todo o investimento da empresa em marketing — no ano passado, a verba global foi de US$933 milhões. De acordo com uma fonte anônima, Schiller sabe muito bem que ele é o principal responsável caso iProducts deixem de ser hits — sem dúvida, a tarefa de manter a Apple cool não é fácil, e Schiller é uma peça fundamental desse esquema.
Em 2004, quando Jobs enviou um email para todos os empregados da Apple, avisando sobre sua luta contra o câncer, apenas duas pessoas estavam na sala com ele, e uma delas era Schiller. Quando Jobs interrompeu suas férias no Havaí para resolver problemas relacionados à antena do iPhone 4 (“Antennagate”), Schiller foi quem o acompanhou na tarefa de procurar o responsável pelo erro. Durante a última licença médica de Jobs, era o executivo quem frequentemente fazia reuniões na casa do ex-CEO, a fim de definir estratégias de publicidade para novas campanhas.
Pessoalmente, Schiller é fã de hóquei, coleciona carro$ e$portivo$ — com direito a miniaturas em seu escritório, na Apple — e, por ser um grande canalizador das perspectivas de Jobs, ficou conhecido dentro da Apple como “Mini-Me”; ele inclusive tem uma miniatura do personagem de Austin Powers em seu escritório. Por outro lado, também é conhecido como “Dr. No”, pois fala não para um monte de ideias/funcionalidades as quais são apresentadas para iProducts. Ele é quem corre atrás das pessoas quem vazam especificações técnicas de novos produtos — será que vai descobrir quem vazou as supostas caixas dos novos MacBooks Pro [1, 2]?
Bastante controlador, alguns acreditam que Schiller não tem criatividade suficiente para manter a Apple do jeito que ela está — o uso de celebridades nos últimos comerciais, por exemplo, seria um dos indícios de que o executivo, sem a presença de Jobs, será mais convencional. De acordo com Peter Daboll, CEO da Ace Metrix, o último filme da Siri, com o ator John Malkovich, marcou 559 pontos no ranking da empresa, o qual vai até 900 — há anos a Maçã não descia até os 500 pontos.
O maior problema será se os próximos produtos da Apple não conseguirem atender às expectativas. Junto à Siri, outra característica da Apple fortemente promovida desde a morte de Jobs tem sido a tela Retina de alta resolução do novo iPad, o que é bom, mas não exatamente revolucionária, segundo Trip Chowdhry, analista da Global Equities Research. “A questão real é qual novo mercado multibilionário eles podem criar com um novo aparelho que você e eu não podemos sequer imaginar”, diz ele. “Eles estão no topo e, quando você está no topo, só há um caminho a percorrer se você não reinventar a si mesmo.
A ponderação de Chowdhry é mais do que válida, contudo, temos que lembrar que a Apple acabou de reinventar o segmento de tables e, por mais que muitos desejam, não é todo ano que uma empresa vem e revoluciona algo. Ninguém precisa se reinventar todo ano — às vezes, um pouco de continuidade e aperfeiçoamento é mais do que suficiente.
Eu não tenho dúvidas em dizer que, dos grandes e conhecidos publicamente, Schiller é o executivo mais questionado de todos. Contudo, como podemos ver, ele é peça fundamental da Apple, e sem dúvida sua experiência ajudou a empresa a chegar onde ela está hoje. Se ela continuará sendo o que é, só o tempo irá dizer, afinal, Jobs era quem mais sabia explorar a qualidade de seus generais.
Mas, sinceramente, o que mais me impressionou nessa história toda foi saber que Jobs já tirou férias. 😛
[via 9to5Mac]