Há poucos dias, o Twitter lançou um novo aplicativo na App Store focado em compartilhamento de vídeos rápidos, com até 6 segundos de duração. Seu nome é Vine e nós fizemos um rápido review inicial dele aqui no MacMagazine, no dia do lançamento.
Infelizmente para o Twitter, porém, de lá pra cá as notícias que se acumularam sobre o Vine não foram das melhores. A força da rede social por trás dele evidentemente logo trouxe uma avalanche de usuários para o serviço, mas o que deveria ser algo positivo se transformou numa cascata de dores de cabeça para os caras.
Ainda no dia 24, poucas horas depois da liberação do app, o Vine já começou a sofrer com sobrecarga de acessos. Muitos usuários reclamavam de indisponibilidade, outros diziam que era impossível enviar vídeos ou navegar por lá. De fato, até hoje, apesar de a coisa já estar mais estabilizada, ainda acho a navegação bastante lenta. Se às vezes muitos desistem de conferir fotos no Instagram por causa de lentidão, imagine então o problema que o Twitter tem com os vídeos do Vine — por mais curtos/leves que eles sejam.
Conforme comentamos em nosso review, uma das formas de encontrar amigos no Vine seria usando a sua rede de contatos do Facebook. Não mais: a empresa de Mark Zuckerberg, se sentindo ameaçada pelo concorrente, logo tratou de bloquear esse tipo de acesso pelo Vine.
E sintam só o desespero dos caras: o Vine foi lançado na App Store no dia 24 e, de lá pra cá, já ganhou dois(!) pequenos updates com correções de bugs — a versão 1.0.2 saiu no dia 25 e a 1.0.3, no dia 26. Sorte deles que, com o Twitter por trás, conseguem agilizar bastante essas aprovações com a Apple.
Mas o maior dos problemas os caras talvez tenham subestimado.
O Twitter é conhecido por ser uma rede bastante livre, sem moderação. Há perfis de todos os tipos por lá e, salvo quando usuários fazem abuso explícito de certas regras e são denunciados em massa por outros membros (no caso de spam/flood, por exemplo), a empresa não costuma se preocupar muito. Com o Vine, eles resolveram seguir a mesma ideia.
O problema é que, nesse curto espaço de tempo, o Vine começou a ser rapidamente inundado por pornografia — das mais leves às mais hardcore. Como a coisa é toda aberta (sem trocadilhos) e o Vine oferece um simples e intuitivo sistema de busca por palavras-chave, a coisa logo começou a sair do controle e imagens que deveriam estar pelo menos com um aviso (cabe ao usuário tocar em cima dele para, aí sim, visualizar o conteúdo) passavam batidas aos montes. Pior: devido a um “erro humano”, uma dessas imagens adultas ainda acabou sendo destacada entre as “Editor’s Picks” do Vine. Heh.
Como bem sabemos e a Apple nos lembrou com o caso recente do app 500px, o qual continua indisponível na sua loja, qualquer conteúdo relacionado a pornografia não é bem-vindo por lá. O Vine (ainda?) não chegou a ser removido da App Store, mas a Apple logo tratou de dar um “castigo” pros caras: eles perderam o título de “Escolha dos editores” desta semana.
Felizmente o Twitter não está dormindo no ponto e já tomou providências para barrar boa parte das hashtags mais utilizadas pelos usuários que estão usando o Vine para disseminar vídeos pornográficos, mas quem quiser ainda consegue encontrá-los fácil e rapidamente.
Enquanto esse tipo de abertura não for crucial para a permanência do aplicativo na App Store, tudo bem — só cabe a eles ficar de olho no conteúdo e classificá-lo de acordo a não permitir o acesso a esse tipo de imagens tão facilmente. É claro que deve sempre haver um limite razoável do tipo de conteúdo postado num serviço assim; hoje estamos falando de pornografia, amanhã podem ser imagens de violência ou qualquer coisa pior.
É só olhar para esse caso do Vine para ter uma noção de quão precipitado foi o banimento (mesmo que temporário, imaginamos) do 500px por parte da Apple. Ela não tem como ir contra isso, afinal, pornografia e internet sempre andaram de mãos dadas. Bem apertadas.
[via The Verge, TechCrunch]