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Em entrevista, executivos da Apple explicam como o Watch nasceu

Apple Watch

Quando a ideia do Watch nasceu dentro da Apple, a empresa sabia que teria que ir atrás de novos executivos para criar um produto realmente diferenciado. Kevin Lynch, ex-Adobe, foi um deles.

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Ironicamente, antes de deixar a Adobe, Lynch foi o porta-voz da empresa na “guerra” que ela teve contra a Apple sobre a utilização da tecnologia Flash em iPhones e iPads. Para muitos, foi algo bem estranho ver Lynch saindo da Adobe e entrando para a equipe da Maçã. Hoje, sabemos que ele foi muito importante para o desenvolvimento do Watch — não foi à toa que Lynch participou ativamente das duas apresentações públicas que a Apple fez do relógio, uma em setembro de 2014 e outra em março passado.

Apple Watch

David Pierce, da WIRED, escreveu uma belíssima matéria intitulada “iPhone Killer: The Secret History of the Apple Watch” (algo como “O Assassino do iPhone: a História Secreta do Apple Watch”). Nela, Pierce fala bastante de como tudo começou, descrevendo até mesmo a contratação de Lynch — que entrou para a equipe da Apple sem saber exatamente no que iria trabalhar, apenas sabendo que seria vice-presidente de tecnologia da empresa.

No começo de 2013, quando Lynch chegou a Cupertino, o projeto do relógio já havia começado. Ele ainda estava bastante embrionário1Para termos uma noção, iPhones estavam sendo usados no pulso presos com uma pulseira de velcro, rodando um simulador de software do tamanho de um relógio!, mas a ideia de lançar um produto que fosse utilizado no pulso já existia e era praticamente algo certo dentro da companhia.

Havia um sentimento de que a tecnologia iria ser utilizada no corpo. Nós na hora achamos que o lugar natural, o lugar que tinha significado e relevância histórica, era o pulso.

Alan Dye, chefe do grupo de interfaces humanas da Apple.

Para um produto tão novo e íntimo, seria necessário criar uma interface totalmente nova, adaptada a todas essas novas características (tela pequena, no pulso, etc.). Alan Dye foi *o cara* responsável por isso — algo que, sem sombra de dúvidas, determinará o sucesso ou o fracasso do relógio no mercado.

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Só que, mais do que a interface em si, a razão de existir do produto é essencial para que ele seja relevante para as pessoas. A pergunta aqui é: por que um relógio? Por que eu devo comprar o Apple Watch? A resposta, sem dúvida, faz muito sentido.

Apple Watch

Basicamente, o telefone está acabando com as nossas vidas. Todos nós, inclusive Jony Ive, Lynch e Dye, somos reféns das notificações do iPhone. Se pararmos para pensar, passamos boa parte do dia olhando para a tela do iPhone, tirando-o e colocando-o no bolso para checar as dezenas, centenas de notificações que chegam diariamente. Esse ação pode acabar atrapalhando, por exemplo, um jantar de família ou com amigos, já que muitas vezes ficamos com os olhos vidrados na tela.

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As pessoas querem, sim, esse nível de engajamento. Mas como construir um cenário no qual tudo fique um pouco mais humano, menos invasivo? A resposta, para a Apple, é o Watch. Um produto criado para que você não utilize por muito tempo seguido (interações de 5 a 10 segundos) e que filtra tudo que chega a você, apresentando somente aquilo que realmente importa.

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O recurso Short Look talvez seja o exemplo mais marcante do propósito do relógio: ao receber uma mensagem, o Watch envia uma pequena vibração para o seu pulso. Ao levantar o braço, a tela do Watch se ilumina e você vê que recebeu uma mensagem de uma determinada pessoa. Se ela não for importante, basta abaixar o braço que a notificação some e a mensagem continua marcada como não-lida; se for importante, basta continuar com o pulso levantado que a mensagem então é exibida na tela do relógio. Ou seja, você nem mesmo precisou encostar no relógio para determinar a ação do Watch. E foram interações como essa que a Apple criou para que nós, usuários, não fiquemos mais com o rosto colado no iPhone.

Certificado de emparelhamento do Apple Watch
Certificado de emparelhamento do Apple Watch que é mostrado no iPhone.

A atenção aos detalhes, é claro, não poderia faltar. Nesse caso, o Taptic Engine parece ser o melhor exemplo. Segundo a Apple, trata-se de um atuador linear dentro do Apple Watch que produz respostas táteis. Em termos menos técnicos, você sente um toque no pulso sempre que recebe um alerta ou notificação, ou quando pressiona a tela.

E esse “toque no pulso” foi exaustivamente estudado para que nós, usuários, saibamos exatamente do que se trata. Há diferentes “toques no pulso” para cada tipo de interação: a chegada de um email, uma mensagem, uma ligação… informações sobre rotas (vire à esquerda ou à direita), etc.

Como seria sentir um tweet? E uma mensagem de texto importante? Para responder essas perguntas, designers e engenheiros pegaram amostras de sons de tudo, desde campainhas, sons de pássaros, sabres de luz e começaram a transformar esses sons em sensações físicas.

Houve reuniões semanais para se discutir “apenas” esses sons/toques no pulso. E, de acordo com a matéria, demorou mais de um ano para que Ive ficasse satisfeito com o resultado final.

Resumindo: estamos diante da primeira tentativa da Apple de nos “afastar” (no bom sentido) da máquina, de usar a tecnologia em prol da vigência, do mundo real. Se o Watch cumprir essa promessa, não tenho dúvidas de que será um sucesso. E pelo que parece, o relógio consegue — Pierce comenta que durante toda a entrevista, Lynch não tirou uma vez sequer o iPhone do bolso.

Se você domina o idioma inglês, vale muito a pena ler a matéria da WIRED. 😉

Notas de rodapé

  • 1
    Para termos uma noção, iPhones estavam sendo usados no pulso presos com uma pulseira de velcro, rodando um simulador de software do tamanho de um relógio!

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