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Confira os bastidores da criação dos novos iMacs com tela Retina, teclado, mouse e trackpad

Sem dúvida a Apple é outra depois da morte de Steve Jobs. Isto, obviamente, não é necessariamente algo ruim. Jobs era muito bom em muitas coisas, mas sabemos que a Apple era uma empresa complicada em vários sentidos, principalmente na sua relação com a imprensa de forma geral.

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Muitas dessas regras foram estabelecidas por Katie Cotton, ex-chefe de comunicações corporativas da Apple, que se aposentou em meados do ano passado. Com a sua saída, Steve Dowling assumiu o cargo e está se mostrando uma pessoa muito mais aberta nesse sentido.

O que temos visto por aí de empregados da Apple (sejam eles vice-presidentes, diretores ou até mesmo de cargos mais baixos) dando entrevistas não está no gibi. E com o lançamento do iMac de 21,5 polegadas com tela Retina 4K, do Magic Keyboard, do Magic Mouse 2 e do Magic Trackpad, isso ficou ainda mais em evidência.

Executivos da Apple dando entrevista

Ao entrevistar Kate Bergeron, John Ternus (ambos engenheiros líderes de projetos) e Brian Croll (vice-presidente de marketing de produtos Macintosh), o jornalista Steven Levy se tornou o primeiro a entrar no Input Design Lab da Apple (local onde ela faz todos os testes com teclados, mouses e trackpads). Conversando com os três — e com Phil Schiller (vice-presidente sênior de marketing mundial) –, Levy compartilhou alguns belos detalhes sobre a criação do iMac e dos periféricos.

Laboratório da Apple

Antes de entrar nos detalhes dos produtos em si, o laboratório merece destaque! São máquinas e mais máquinas que testam de tudo nesses periféricos.

Laboratório da Apple

Mas não para por aí, afinal quem usa os produtos são seres humanos, então nada mais lógico do que encher uma mão de sensores para entender exatamente o comportamento (fadiga muscular e da memória, acústica, precisão e outros testes) resultante em teclar por alguns minutos/horas em um determinado teclado — e isso eles também fazem por lá.

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A Apple costuma fazer protótipos maiores que o tamanho normal do produto para verificar se os seus esquemas funcionam — lembram do piano do filme “Quero Ser Grande”, com Tom Hanks? Então, é bem por aí… 😛

Laboratório da Apple

Os testes envolvem ainda quarto acústico para desenvolver o som perfeito de um clique do Magic Mouse 2, de um toque na tecla do Magic Keyboard ou na superfície do Magic Trackpad 2. Há também máquinas que testam o comportamento dos periféricos em diversas superfícies e muito mais — vale a pena visitar o artigo de Levy, nem que seja só para ver as diversas imagens do laboratório.

Mas voltando aos produtos — que obviamente estão muito ligados ao laboratório em si —, apesar de não serem perfeitos (uma pena que, mesmo com todo esse aparato, a Apple ainda cria um mouse que não é capaz de ser utilizado em superfícies como vidro e um teclado que não conta com retroiluminação) é incrível ver a atenção que a Apple tem ao criar qualquer coisa, seja a galinha de ovos de ouro da empresa (iPhone) ou um “mero” teclado/mouse que acompanha os iMacs.

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Lendo o artigo de Levy temos a real noção de quanto tempo a Apple investiu nesses acessórios, ainda que olhando tudo rapidamente vejamos a mesma coisa. Essa ideia é ainda maior com o Magic Mouse 2, que tem a sua estrutura externa praticamente idêntica à da primeira geração do mouse. Mas ao sabermos que a Apple investiu horas e mais horas redesenhando o pé do mouse pois não estava satisfeita com o barulho que ele fazia ao ser arrastado de um lado para o outro, ou que conseguiu colocar todas as teclas (que agora estão maiores) em um teclado menor (total da área) e mais fino.

Magic Keyboard, Magic Trackpad 2 e Magic Mouse 2

O próprio iMac, aliás, é um produto que muita empresa provavelmente não daria tanta atenção se estivesse no papel da Apple. Quando pensamos que iPhones representam mais do que 50% do faturamento da empresa e que computadores “estão se tornando cada vez mais parecidos com caminhões”, seria normal vê-lo ganhando menos e menos atenção. Mas não, o Mac ainda é algo muito importante para a Apple, independentemente da receita que ele gera.

Schiller não poderia ter sido mais feliz na explicação que deu a Levy. De acordo com ele, idealmente nós sempre utilizaremos o menor aparelho possível para fazer o máximo possível antes de optar pelo próximo produto (maior) da linha.

Eles [linha de produtos da Apple] são todos os computadores. Cada um desses computadores está oferecendo algo único e cada um é feito com um forma simples que é bastante eterna. O trabalho do relógio é fazer mais e mais coisas em seu pulso de modo que você não precise pegar o telefone com tanta frequência. O trabalho do telefone é fazer mais e mais coisas que talvez faça você não precisar do seu iPad, e ele deve sempre estar tentando, se esforçando para fazer isso. O trabalho do iPad é ser tão poderoso e capaz que você nunca precise de um notebook. Tipo, por que eu preciso de um notebook? Eu posso adicionar um teclado! Eu posso fazer todas essas coisas! O trabalho do notebook é fazer tudo ao ponto de você não precisar de um desktop, certo? Ele vem fazendo isso há uma década. E isso deixa o pobre desktop no fim da linha, qual é o trabalho dele?

Seu trabalho é desafiar o que nós pensamos que um computador pode fazer e fazer coisas que nenhum computador jamais fez antes, ser cada vez mais poderoso e capaz, de modo que precisamos de um desktop por conta das suas capacidades. Porque se tudo o que ele estiver fazendo é competir com o notebook e ser mais fino e mais leve, então ele não precisa existir.

Padrão de cores dos novos iMacs com tela Retina

E aí entra os diferenciais do iMac, começando, é claro, pela incrível tela Retina que agora suporta o padrão P3, o qual oferece 25% mais cores do que o sRGB. Para isso a Apple teve que inventar um novo padrão de codificação de LED que gera intensidades maiores de vermelhos e verdes e que, através de um filtro de cor, criariam toda essa nova gama de cores. Depois disso eles foram atrás de fornecedores capazes de implementar esse novo esquema. Uma alternativa foi a tecnologia chamada ponto quântico, mas a Apple acabou rejeitando tudo pois ela utilizava o elemento tóxico cádmio. Depois de um tempo, porém, eles finalmente conseguiram encontrar um caminho dentro do que eles queriam sem nenhuma desvantagem ambiental.

Até mesmo a Microsoft virou pauta nesse bate-papo, afinal, para cada “sim” a Apple precisa dizer muitos “nãos”, e uma dessas negativas é colocar uma tela multi-toque em computadores, algo que concorrentes (como a Microsoft) fazem. A — hoje — parceira da Apple (que inclusive participou da última apresentação da Maçã demonstrando a suíte Office no iPad Pro) lançou recentemente alguns produtos interessantes e que gerou duas reações em Schiller.

Apesar de não ter acompanhado o evento (ao menos foi o que ele disse), o chefão de marketing da Apple reforçou algo que já sabíamos: do ponto de vista ergonômico, a Apple tem estudos os quais comprovam que esse tipo de interação é totalmente desconfortável em um computador — diferentemente de produtos como iPhones e iPads, que foram criados desde o início com a ideia de interatividade com os dedos. “Esses dois mundos possuem propósitos diferentes, e isso é uma coisa boa — nós podemos otimizar tudo ao redor da melhor experiência para cada um deles e não tentar misturá-los em uma experiência mais comum”, disse Schiller.

Não poderia faltar uma leve alfinetada, não é mesmo? E com toda razão. Schiller aproveitou para comentar que a entrada da Microsoft no mercado de computadores (é a primeira vez que a empresa lança um notebook) apenas comprovou que a Apple estava certa em sua estratégia (de criar tanto o hardware quanto o software dos seus produtos) desde o início. “É incrível que um único evento tenha validado muita coisa que a Apple faz, nos colocando num patamar acima. E isso é lisonjeador.”

Se você curte essas histórias de bastidores, não deixe de ler os artigos de Levy. 😉

[via Daring Fireball]

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