O melhor pedaço da Maçã.
The Dash (Bragi)

Review: The Dash, os fones de ouvido totalmente sem fio da Bragi

Falamos pela primeira vez do Dash aqui no site há mais de dois anos, com a promessa de que poderiam “revolucionar o mercado”. Com a iminente chegada dos AirPods, é hora de eu dizer aqui o que achei da minha experiência de algumas semanas com um par dessas belezuras.

Publicidade

Fabricado por uma empresa alemã chamada Bragi, o Dash é um fone de ouvido totalmente sem fio que faz muito mais do que simplesmente tocar músicas via Bluetooth.

YouTube video

Até eu pegar o Dash, o fone que eu usava na academia era o Powerbeats2 Wireless, da Beats/Apple, e em casa também gosto muito de usar o Muma, da ROCK, que comercializamos na MM Store.

Publicidade

Posto isso, vamos conhecer o Dash? 😉

O que vem na caixa?

A caixa do Dash é bem legal, uma espécie de “livro” que vai lhe ensinando como ele funciona até você chegar ao produto em si.

Lá dentro você encontra, além do par de fones em si, um estojo de recarga (com uma capa deslizante própria), um cabo Micro-USB para USB e várias borrachinhas de tamanhos variados (XS, S, M e L) para você experimentar com qual se adapta melhor.

Publicidade

Eu não fiz um vídeo de unboxing, mas aqui está um deles mesmos:

YouTube video

As peças

As duas peças do Dash são simetricamente opostas, ou seja, são iguais mas adaptadas para cada orelha. Há realmente um Dash para cada lado (L e R) — você não pode posicioná-los aleatoriamente.

The Dash (Bragi)

Eles são bem leves e apenas ligeiramente maiores do que a ponta de um fone intra-auricular convencional. Não há, obviamente, a “perninha” para baixo que a Apple colocou nos seus AirPods; o design é de muito bom gosto.

Publicidade

Mesmo superpequenas, essas peças são recheadas de tecnologia: há microfones, conectividade sem fio, sensores (acelerômetros, giroscópicos, magnetômetro…), memória flash interna de 4GB, controles via toque, LEDs, processador de sinal digital e, é claro, baterias independentes.

Para mim, a ausência total de fios me levou a um novo mundo. Os Powerbeats já são considerados fones “wireless”, mas há aquele fiozinho ligando uma peça à outra. Não é algo que chega a incomodar toda hora, mas quando estou usando malhando, muitas vezes o fio se “prende” ao suor da nuca e — ok, eu reconheço: First World Problems® — isto é chato para caramba.

Configuração e uso

Em teoria, começar a usar o Dash é bem simples. Você tira as peças do estojo, coloca-as nas orelhas (ele liga automaticamente; não há um botão liga/desliga nos fones), toca e segura por alguns segundos no lado direito para iniciar o processo de emparelhamento via Bluetooth. Talvez por falta de prática, tive que repetir isso algumas vezes até conseguir.

Inicialmente eu emparelhei o Dash ao meu iPhone 7 Plus, mas ele funciona com iPhones desde o 4s, iPads desde o modelo de terceira geração, iPods touch desde o modelo de quinta geração, Apple Watches, dispositivos Android com Bluetooth LE rodando pelo menos a versão 4.3 “Jelly Bean”, dispositivos com Windows 10 Mobile (suporte limitado), bem como Macs e PCs equipados com conectividade Bluetooth 4.0.

Com o Dash emparelhado ao iPhone, se você quiser já dá para mandar o telefone tocar música e começar a curtir os fones. Mas, obviamente, você vai querer saber como controlá-los usando suas superfícies sensíveis ao toque.

Aqui, eu entro num misto de elogio com crítica: por um lado, é fenomenal a quantidade de coisas que você pode fazer só tocando nas peças do Dash. Por outro, são tantas opções que, mesmo após dias/semanas de uso, eu ainda me confundo ou esqueço de algumas. Além disso, cada lado faz coisas diferentes, o que complica ainda mais.

Veja só este “resumo”:

Controles do Dash

Os caras até fizeram um vídeo demonstrando como funciona:

YouTube video

Quando você sabe o que quer fazer e acerta o comando de primeira, é bem legal e prático.

O app

Para quem for usar o Dash com smartphones (provavelmente o cenário mais comum de todos), a Bragi desenvolveu apps mobile para iOS, Android e Windows Phone.


Desculpe, app não encontrado.

Você não precisa ter o aplicativo instalado no seu smartphone para os fones funcionarem, mas por ele é possível ajustar algumas configurações e tirar algumas dúvidas acerca do funcionamento do seu Dash.

Você pode ainda, pelo app, personalizar os controles de toque e os gestos com a cabeça, acompanhar suas atividades, criar o seu perfil na Bragi e configurar o Dash com nome próprio, e outros detalhes da sua preferência.

Bragi OS 2.2

Com tanta tecnologia e possibilidades embutidas, o Dash roda um sistema operacional próprio: o Bragi OS, que chegou recentemente à sua versão 2.2. Tive a sorte de receber os meus com a versão 2.1 instalada, então tive a experiência de fazer um update deles.

O processo é bem simples, só demora um pouquinho: você coloca o Dash no estojo, conecta ele ao Mac/PC via USB e roda o instalador do Bragi OS. A partir daí, o processo é quase todo automatizado: ele verifica se há mesmo uma atualização para ser aplicada e vai executando tudo sozinho. Você só precisa, de vez em quando, usar um clipe para apertar e segurar um botãozinho de “reset” que fica na lateral do estojo.

O legal é que esses updates periódicos do Bragi OS trazem novidades realmente bacanas. O destaque da versão 2.2 se chama “MyTAP”, que ainda está em beta: com esse novo método de interação, você dá um duplo-toque na sua bochecha(!) para ativar a Siri ou a assistente do Google.

The Dash (Bragi)

Obviamente testei essa funcionalidade por aqui e assino embaixo a sua classificação “beta”. Funciona, mas não é nada confiável por enquanto.

Som

Um recurso fantástico que eu nem esperaria num fone tão pequeno quanto o Dash é o de cancelamento de ruídos, que no caso dele é “bilateral passivo”.

The Dash (Bragi)

Por padrão, o isolamento já vem ativado. Ou seja, colocou o Dash, você praticamente não consegue ouvir mais nada à sua volta. Em alguns momentos, é claro, isso pode não ser bom; deslizando o dedo pelo Dash esquerdo você ativa o modo “Transparência”, que lhe permite ouvir as coisas à sua volta com relativa clareza.

Ainda falando do Bragi OS 2.2, ele veio com um novo modo chamado “Windshield” ativado com mais um deslizamento de dedo no Dash esquerdo. Com isso ativado você mantém a “Transparência” ligada, mas reduz ruídos de vento comuns quando você está usando o Dash andando de bicicleta, por exemplo.

YouTube video

Falando da qualidade de som em si, o Dash passa o teste com louvor. Temos um som totalmente limpo e espaçoso, sem nenhuma distorção. Há ausência de graves, sim, mas algo totalmente esperado num fone dessa natureza.

Se eu tiver que reclamar de algo em relação ao som, é que ele poderia ser ligeiramente mais alto. Mas isso é algo bem pessoal; me acostumei — e não deveria — a ouvir música em volumes bastante altos.

Ligações

Como qualquer fone Bluetooth que se preze, o Dash também pode ser usado para ligações quando emparelhado com um iPhone ou smartphone com Android.

Se você receber uma ligação enquanto estiver ouvindo música, pode atendê-la com um simples toque no Dash direito. Se quiser rejeitá-la, é só tocar e segurar por alguns segundos.

A qualidade, aqui, também é satisfatória. Quando eu liguei para algumas pessoas e pedia para avaliarem a chamada, todas diziam que estava okay; mas aí eu trocava para o iPhone e todas sentiam uma perceptível melhora. Ou seja, é meio que uma questão de referência.

Memória interna

Quando a Bragi diz que o Dash não tem fios, ela não está mentindo. Mas ele nem sequer depende de estar conectado a um dispositivo externo via Bluetooth para funcionar, porque possui 4GB de memória flash embutida.

Para “alimentar” seu Dash, basta posicioná-los no estojo e conectá-lo ao Mac/PC via USB. No macOS, o Dash aparece como um drive externo na Mesa (Desktop) e aí é só arrastar arquivos MP3 ou AAC para a sua pasta de música. Se quiser, pode organizá-las também dentro de quatro playlists independentes.

The Dash conectado ao Mac via USB

Tudo isso é bem simples e direto, mas há dois grandes poréns:

  1. A transferência de músicas é bem lenta, então não deixe para fazer isso bem na hora em que estiver saindo de casa.
  2. O Dash não suporta arquivos MP3 e AAC com proteções de direitos autorais (digital rights management, ou DRM), ou seja, nem pense em transferir para ele faixas que você obteve via Apple Music, Spotify e afins.

Só para deixar bem claro: o Dash suporta reprodução do Apple Music e do Spotify, sim, mas somente quando conectado via Bluetooth ao iPhone.

Ele é à prova d’água

Ele. É. À. Prova. D’água.

Deixei mais pro fim do artigo uma das coisas mais sensacionais sobre o Dash. Até um tempo atrás, eu nadava semanalmente somente com uma touca e meus óculos. Agora, de uma hora para outra, tenho o Apple Watch Series 2 me monitorando no pulso e posso, também… ouvir músicas!

A academia onde malho possui alto-falantes decentes na área da piscina, mas no momento em que você começa a nadar e põe a cabeça dentro da água, não dá para ouvir mais nada. E, por mais bom gosto que a minha professora tenha, não sou eu quem controlo a playlist de lá.

Devo dizer-lhes que nadar ouvindo suas próprias músicas é uma experiência muito, muito bacana. E o Dash brilha nesse sentido, funcionando maravilhosamente bem — inclusive na sensibilidade dos toques sobre as suas peças, mesmo com os dedos molhados.

The Dash nadando (na água)

O grande porém dessa história é que dá para cogitar, nesse caso, ouvir músicas via Bluetooth. E não é nem pela distância do iPhone para você; eu deixei o meu na beira da piscina e, mesmo lá do outro lado dela (cerca de 25m de distância), ele ainda conseguia captar um pouco do sinal. O problema é quando você põe a cabeça na água; você pode estar ao lado do iPhone, mas o sinal é cortado imediatamente. Não rola.

E aí, é claro, entra não só o “perrengue” de você ter que ficar alimentando a memória interna do Dash com músicas (você pode até encher os 4GB, mas periodicamente vai querer dar uma variada no repertório), como fica restrito à grande e chata limitação de não poder usar arquivos com DRM nesse caso. Não dá para ter tudo, né?…

Ah, antes que perguntem: a comunicação entre o Dash da direita e o da esquerda também ocorre, obviamente, via Bluetooth. E essa conexão também é afetada quando você está debaixo d’água. Mas costuma ser algo eventual e bem rápido, então você só vai se incomodar se estiver de fato prestando atenção nisso a todo momento — até porque o Dash da direita não para de tocar em momento nenhum (é ele que “envia” a música pro outro).

Monitoramento de atividades

Como se não bastasse tudo isso, o Dash também é um monitor de atividades excelente para quem corre, pedala ou nada.

Ele acompanha os seus batimentos cardíacos, duração de exercícios, passos, respirações, calorias e por aí vai, proporcionando feedbacks via voz ao usuário em tempo real.

Sobre este aspecto do Dash, eu tenho pouco a falar porque já faço todo esse monitoramento pelo Apple Watch. Mas, para quem não tem um smartwatch ou qualquer uma dessas pulseiras fitness modernas, o Dash também cobre essa lacuna.

Bateria

Eis o ponto de sofrimento para todos nós com dispositivos eletrônicos modernos. Como o Dash se sai, nesse quesito? Eu diria que poderia se sair melhor.

Cada peça do Dash tem uma bateria de íons de lítio de 100mAh, e com ela a Bragi promete uma autonomia de até 4h de reprodução “dependendo do uso do sistema”. E digo logo que estas aspas realmente fazem diferença: na minha experiência, consegui bem menos que as tais 4h.

A boa notícia é que o estojo de recarga também tem uma bateria interna, esta de 2.200mAh. Na prática, significa que você pode recarregar ambas peças do Dash por até cinco vezes.

The Dash (Bragi)

Colocar as peças do Dash no estojo é bem simples e ele tem até ímãs para posicioná-los corretamente. Mesmo assim, acho que o “berço” de encaixe poderia ser mais justo a fim de evitar que a peça saia do lugar e perca o contato magnético que provê a recarga. Digo isto porque aconteceu comigo mais de uma vez e fiquei com apenas uma das peças devidamente recarregada.

Uma coisa que me chateou é que o Dash não informa o nível de bateria ao iOS, ou seja, quando conectado ao iPhone apenas temos a indicação de um dispositivo/fone Bluetooth conectado. Já há diversos fones e até alto-falantes sem fio no mercado que permitem que se verifique seu nível de bateria pelo próprio iPhone.

De acordo com a Bragi, o Dash é recarregado na íntegra em duas horas.

Conclusão

Nenhum produto é perfeito, mas o Dash sem dúvida nenhuma está do lado positivo da balança. Gostei muito do produto e já estou triste por ter que devolver a minha unidade de review.

Ao mesmo tempo, estou superansioso para pôr as mãos nos AirPods e poder avaliá-los inclusive agora que tenho a base desta minha experiência com o Dash. Ainda assim, já faço essa “migração” ciente de que não terei, com a solução da Apple, alguns fortes diferenciais do Dash. O maior deles, sem dúvida nenhuma, é a possibilidade de usá-los na água.

A Bragi não tem representação oficial no Brasil, então você não encontrará um Dash facilmente à venda por aqui. Nos Estados Unidos, ele custa salgados US$300 (sim, quase o dobro dos AirPods) e está disponível tanto na versão clássica preta quanto numa branca.

Ver comentários do post

Compartilhe este artigo
URL compartilhável
Post Ant.

Os 5 artigos mais lidos no MacMagazine: de 11 a 18 de dezembro

Próx. Post

Muito obrigado, patrões! Vocês fazem toda a diferença para manter a estrutura do MacMagazine!

Posts Relacionados