O melhor pedaço da Maçã.
Siri

Atraso no desenvolvimento da Siri teria relação com privacidade; Alexa poderia conversar com as concorrentes

Por mais que a Apple tente forçar que o HomePod é um alto-falante focado em música e não na sua assistente virtual (apesar de tê-la), é bastante claro que o produto é uma resposta ao mercado — mesmo que ele tenha sido projetado antes de surgirem os alto-falantes inteligentes rivais (ao menos de acordo com Tim Cook).

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A verdade é: a Maçã revolucionou o mercado ao lançar a Siri no iPhone 4s, mas parou no tempo. Depois que outras assistentes começaram a aparecer, a da Apple tem ficado para trás, oferecendo bem menos do que as seus concorrentes.

E não somos somente nós que pensamos assim; de acordo com uma reportagem do Wall Street Journal [fechada para assinantes], um ex-empregado da Apple que trabalhou na assistente afirmou que a empresa percebeu que estava atrasada quando viu, em um evento, tudo o que a Alexa (assistente virtual da Amazon) poderia fazer como isolar ruídos de fundo, fazer perguntas, executar tarefas à distância, etc. — coisas que a Siri ainda não tinha dominado.

Outro empregado afirmou que um dos fatores responsáveis por segurar a Apple é a tentativa de entregar a melhor privacidade ao usuário — o que a Amazon e o Google não se preocupam tanto em fazer. Assim, é muito mais difícil obter dados pessoais a fim de serem acessados pela assistente. Apesar disso, a ambição da empresa nesse quesito é limitada.

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No decorrer dos anos, disseram ex-membros da equipe Siri, o progresso foi reduzido por uma incapacidade de estabelecer objetivos ambiciosos, mudanças de estratégias; e uma cultura que prioriza a privacidade do usuário acabou dificultando a personalização e o aprimoramento do produto. O projeto também sofreu com as saídas dos principais membros da equipe, alguns dos quais foram trabalhar em produtos concorrentes.

Cerca de um ano após a morte de Jobs, a Apple contratou Bill Stasior, um executivo de pesquisa da Amazon, para supervisionar a Siri. Stasior estudou inteligência artificial no Massachusetts Institute of Technology (MIT), mas a sua experiência foi em pesquisa em vez de fala ou linguagem. Isso levou alguns membros do grupo Siri a acreditar que ele não apreciava plenamente a visão original do produto: expandi-la para além do iPhone a aplicativos de terceiros.

Essas limitações teriam sido a razão pela qual os criadores da Siri, Adam Cheyer e Dag Kittlaus, saíram da empresa para trabalharem em outra assistente, a Viv, adquirida pela Samsung e rebatizada como Bixby.

Ainda que a Maçã tenha se tornado um pouco mais flexível ao abrir, no ano passado, a Siri para outros desenvolvedores, muitos continuaram dizendo que seria impossível utilizá-la devido às restrições e que ela seria “sempre burra”.

Para comprovar isso, o WSJ citou que, em 5 mil perguntas feitas à assistente, ela respondeu com precisão 62%, bem atrás das concorrentes da Amazon e do Google — que ficaram na casa dos 90% (de acordo com Stone Temple, uma empresa de marketing digital). Ainda assim, em termos de idioma, a Siri já entende 21 diferentes, enquanto as outras se comunicam apenas em inglês e alemão.

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Em linhas gerais, a Apple precisa se preocupar, sim, se quiser se destacar no quesito inteligência artificial. E, assim como a Maçã sabe disso, a Amazon sabe que — pelo menos por enquanto — não há tanto com o que se preocupar em relação à concorrência.

Durante a Conferência de Negócios da WIRED, o vice-presidente sênior da Amazon, David Limp, se mostrou bastante confiante e flexível ao afirmar que deveríamos poder dizer à Alexa para perguntar algo para a Siri, como contou o USA TODAY.

David Limp, da Amazon, na Conferência de Negócios da WIRED
David Limp, da Amazon, na Conferência de Negócios da WIRED

Limp respondeu várias perguntas durante o evento, que aconteceu na última quarta-feira (7/6). Em uma delas, o vice-presidente falou da possibilidade de a Alexa conversar com outros assistentes.

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Se a Apple ou o Google quiserem me ligar, meu número de telefone é de fácil acesso, eles podem ligar… não sei se posso pensar nisso, mas espero que aconteça em nome dos clientes.

É claro, ele não é um ser de luz por afirmar isso; quer dizer, ele conhece muito bem o seu produto e os seus clientes. E a confirmação disso é que ele utilizou o próprio discurso da Apple para exaltar o seu produto, afirmando que o HomePod é um pouco “diferente filosoficamente” do que o Amazon Echo. Isto é, citando a faixa de preço premium do produto da Apple (US$350), ele disse que é possível, pelo mesmo preço, adquirir sete unidades de Echo Dots (US$50), o produto mais vendido da empresa.

Ainda que os Dots precisem de alto-falantes de terceiros, Limp enfatiza que os usuários podem conectá-los, via Bluetooth ou cabo, a qualquer alto-falante: “O gosto das pessoas para alto-falante é uma coisa inacreditavelmente pessoal.”

Amazon Echo conversando com a Siri
Imagem: The Mac Observer

Quando tocado na ferida do Amazon Echo — os idiomas —, Limp não se deixou abalar: “É difícil conseguir isso em todos os idiomas, porque você precisa obter dados e treiná-la, e, apesar de estar disponível nos telefones há muito tempo, é muito mais difícil nesses tipos de dispositivos.” Por fim, ele reconheceu que é algo no qual precisam melhorar — e, com tanto sucesso, não duvido que irão trabalhar para alcançar isso.

Não que anteriormente não existisse uma batalha, mas com o anúncio do HomePod — e a Apple sendo a empresa gigante que é — com certeza isso mexerá com esse mercado. Para nós, consumidores, concorrência sempre acaba sendo algo bom, que impulsiona cada vez mais as empresas a aperfeiçoarem os seus produtos.

via 9to5Mac

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Post Ant.

Mas afinal, qual a estratégia da Apple com o HomePod?

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