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Em mais uma entrevista, Tony Fadell fala sobre a criação do iPhone, Motorola ROKR e… Mac sensível ao toque?

Tony Fadell

Amigas e amigos, é amanhã: 29 de junho de 2017 marcará o aniversário de dez anos do iPhone, o aparelho que mudou o mundo de uma forma que poucos podem ter a honra de dizer que fizeram. Com a proximidade da data, parece que todos os veículos gringos especializados resolveram puxar algum alto executivo da Apple ou engenheiro envolvido na criação do smartphone da Maçã para entrevistas sobre o advento do dispositivo.

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Não foi diferente com a WIRED: a revista realizou uma longa e interessante entrevista com Tony Fadell, um dos principais nomes da Apple na última década e provavelmente aquele a que mais cabe o título de “criador do iPhone” — depois de Steve Jobs em pessoa, naturalmente. Fadell já saiu de Cupertino há algum tempo, fundou a empresa de termostatos inteligentes Nest e foi para o Google quando o gigante comprou a sua companhia; recentemente, ele deixou também Mountain View e no momento não está vinculado a nenhuma empresa — ou seja, ele tem toda a liberdade do mundo para falar sobre o que bem entender, o que deixa as coisas bem mais interessantes.

A entrevista iniciou-se com uma pergunta sobre as diferentes histórias acerca da origem do iPhone, ao que Fadell respondeu que, de fato, muitos projetos que eram desenvolvidos na empresa foram combinados para criar o dispositivo — incluindo, adivinhem, um MacBook Pro com tela sensível ao toque!

Tinha um iPod com tela grande para vídeo que tinha uma interface de toque. Tinha um telefone iPod, que era basicamente um iPod mini, talvez um pouco maior, com um telefone dentro com uma Click Wheel e uma telinha. Também tinha um MacBook Pro sensível ao toque em que estávamos trabalhando, um MacBook Pro multi-touch. Era isso que estava acontecendo em termos de hardware. E havia diferentes projetos de software, também. Isso tudo num período de 9 a 12 meses.

Executivos da Apple
Da esquerda para a direita: Phil Schiller, Tony Fadell, Jony Ive, Steve Jobs, Scott Forstall e Eddy Cue

Sobre este hipotético projeto de Mac portátil com tela sensível ao toque — assunto que já foi discutido à exaustão por nós e qualquer pessoa minimamente interessada por tecnologia, mas nunca viu a luz do dia —, Fadell expandiu:

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O projeto do MacBook sensível ao toque estava basicamente tentando colocar a tecnologia multi-touch num Mac para competir com os tablets da Microsoft. Steve estava puto e queria mostrar a eles como fazer a coisa da forma certa. Bom, aquele poderia ter sido o projeto que mostraria a Microsoft como fazer a coisa certa, mas eles rapidamente perceberam que tinha tanto software e tantos novos aplicativos que precisaram ser desenvolvidos, e que tudo precisaria mudar, então seria muito difícil. Além disso, a tela multi-touch em si, nós não sabíamos se seria possível fazê-la tão grande de forma a equipar um Mac.

O engenheiro então explicou como os dois outros projetos concomitantes na empresa — o do iPod com vídeo e o do iPod com um telefone dentro — se juntaram para criar o iPhone. Essa história, claro, já foi contada diversas vezes, inclusive pelo próprio Fadell há alguns meses — com direito a uma demonstração de um dos softwares propostos para o dispositivo que contava com uma Click Wheel virtual e uma interface igual à dos iPods da época.

O assunto, então, chegou ao ROKR, o mal-fadado celular lançado pela Motorola em 2005 em parceria com a Apple — a primeira incursão da Maçã no mundo da telefonia que tinha foco em música, sincronizava com o iTunes e foi um fracasso retumbante. Perguntado se a Apple deliberadamente fez do ROKR um aparelho ruim para apresentar uma solução própria posteriormente, Fadell respondeu:

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Não, ele não foi deliberadamente mal-construído. Não mesmo. Nós fizemos nosso melhor, mas a Motorola só podia ir até um certo ponto com ele. A equipe de software deles só era boa até certo ponto. O sistema de operações deles só era bom até certo ponto. E a experiência simplesmente não funcionou direito. Foi um conflito de todo tipo de problema, não era um caso de tentar não fazer direito. […] Então não era sobre fazer algo ruim porque o iPhone estava chegando. Isso foi antes de o iPhone ser sequer concebido.

Fadell falou um pouco ainda sobre o LG Prada, aparelho sensível ao toque lançado um ano antes do iPhone e frequentemente apontado como um dispositivo que a Apple copiou no design do seu smartphone. Segundo o engenheiro, ele não passou de um dispositivo em mais de uma centena que ele e seus companheiros de equipe analisaram obsessivamente para criar o “smartphone perfeito”.

Sim, eu sabia dele [o LG Prada]. Eu provavelmente tinha mais de 100 celulares diferentes, 100 tocadores de música, dispositivos de todos os tipos abertos e analisados. Nós olhávamos para tudo. Eles ficavam no meu escritório em pedaços, só para que olhássemos para eles, para que entendêssemos o que eles eram, como eles eram construídos e qual o valor competitivo deles.

Por fim, Fadell faz um apelo: ao classificar que o iPhone mudou a sua vida (não só como profissional, mas em todos os aspectos), ele explicou que essas mudanças às vezes são uma coisa boa, e às vezes uma coisa ruim e, por isso, nós precisamos nos esforçar para “manter a parte analógica das nossas vidas”. Sábias palavras, Tony.

via 9to5Mac

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