Há 24 horas, a Apple divulgou os resultados financeiros do seu quarto trimestre fiscal de 2017 — e, se alguém pensou que a data escolhida seria uma forma de não atrair muita atenção para possíveis números decepcionantes (já que estamos falando da véspera do lançamento mais importante do ano para a Maçã), pode considerar-se devidamente enganado ou enganada. O período foi excelente para a empresa.
Ontem mesmo, já noticiamos que a Apple conquistou, no período, uma receita de US$52,6 bilhões (crescimento de 12% na comparação ano a ano), lucro de US$10,7 bilhões (+18,6%) e ainda ficou com os ganhos por ação diluída em US$2,07 (+24%).
As vendas de iPhones, iPads e Macs todos viram sólidos crescimentos, com 46,7 milhões de unidades (+3%), 10,3 milhões de unidades (+11%) e 5,4 milhões de unidades (+10%), respectivamente. Por sua vez, os Serviços trouxeram uma receita de US$8,5 bilhões (+34%) e a categoria Outros — que engloba o Apple Watch, a Apple TV, os AirPods, os fones Beats e acessórios — proporcionaram um faturamento de US$3,2 bilhões (+36%).
A tabela abaixo dispõe todos os números mais organizadamente:
Como de costume, o CEO1Chief executive officer, ou diretor executivo. Tim Cook e o CFO2Chief financial officer, ou diretor financeiro. Luca Maestri realizaram uma conferência em áudio para anunciar os resultados e comentarem um pouco sobre o desempenho da empresa no último período. Abaixo, nós conferimos os principais destaques citados pelos executivos.
Comentários gerais
- Segundo Tim Cook, este foi o maior ano da história da Apple: a empresa teve recorde de faturamento nos Estados Unidos, nas Europas Ocidental, Central e Oriental, no Japão, na Coreia do Sul, na Ásia, no Oriente Médio e na África;
- Todas as categorias de produtos tiveram crescimento de receita;
- A empresa conseguiu retomar o crescimento na China, com o iPhone, o iPad e o Mac ganhando uma maior fatia nos seus respectivos mercados;
- A receita em mercados emergentes, excluindo a China, cresceu 40%;
- Os mercados educacional e corporativo também apresentaram excelentes resultados, com crescimento de dois dígitos em escala global;
- A Apple terminou o quarto trimestre fiscal com US$268,9 bilhões em caixa, um incremento de US$7,4 bilhões em relação ao trimestre passado;
- Deste dinheiro, US$252,3 bilhões (94%) estão fora dos EUA;
- No período, a Apple devolveu US$11 bilhões aos investidores, pagou US$3,3 bilhões em dividendos e equivalentes, e gastou US$4,5 bilhões com a recompra de 29,1 milhões de ações suas.
iPhone
- O modelo mais popular no período foi o iPhone 7, enquanto o 7 Plus viu suas vendas aumentarem significativamente ao longo do ano;
- Em dez anos de vida, a Apple vendeu 1,2 bilhão(!) de iPhones;
- Os iPhones 8 e 8 Plus, em poucas semanas de vida, tornaram-se os smartphones mais populares da empresa;
- O iPhone ganhou espaço em mercados emergentes, como a China, o Oriente Médio, a Índia e o México, mas também avançou em vários mercados consolidados, como o Canadá, a Alemanha, a França, a Itália e a Singapura;
- De acordo com pesquisas citadas por Luca Maestri, o iPhone tem uma taxa de satisfação de 97%, no geral;
- Dentre consumidores planejando comprar um smartphone nos próximos 90 dias, 69% deles têm intenção de comprar um iPhone — mais que cinco vezes a taxa do competidor mais próximo;
- A taxa de lealdade (ou seja, clientes que permanecem com a marca mesmo com a troca de aparelho) dos donos de iPhones é de 95%, contra 53% do segundo colocado;
- No mercado corporativo, a satisfação dos usuários de iPhone chegou a 95%, e 80% dos futuros compradores de smartphones planejam escolher um modelo da Maçã.
iPad
- Este foi o segundo período consecutivo com crescimento de dois dígitos para a linha de tablets da Apple;
- Segundo Cook, a resposta dos consumidores aos novos iPads foi fenomenal — especialmente com a chegada do iOS 11, que conferiu uma série de novas possibilidades aos dispositivos;
- O iPad cresceu em todos os segmentos geográficos em que a Apple atua, com saltos particularmente notáveis na China (com um crescimento de 25% na comparação ano a ano) e na Índia (39%);
- A linha de tablets da Maçã detém 54% do mercado dos EUA, uma boa subida em relação aos 47% que detinha no mesmo período do ano passado;
- Segundo Maestri, a taxa de satisfação dos donos de iPads é incomparável no mercado, chegando a 97%;
- A taxa de intenção de compra de um iPad entre os consumidores e integrantes do mercado corporativo querendo comprar um tablet nos próximos tempos é de 70%.
Mac
- A linha de computadores da Apple teve seu melhor ano na história, com a maior receita já gerada para a empresa;
- O último trimestre fiscal de 2017 foi, também, o melhor período já registrado de vendas dos Macs;
- Na China, as coisas também vão muito bem, obrigado: segundo Cook, foi o melhor trimestre fiscal dos computadores da Apple por lá;
- De acordo com Maestri, citando estudos da IDC, o Mac ganhou uma fatia considerável do mercado de computadores, que encolheu 1% ao longo do último ano;
- Cada um dos segmentos geográficos da Apple viu a receita gerada pelo Mac crescer em mais de 20%;
- Na comparação ano a ano, as compras educacionais de Macs foi de dois dígitos em todos os segmentos geográficos, também;
- No mercado empresarial, os Macs também bateram todos os recordes de vendas no ano fiscal de 2017.
Outros produtos (Apple Watch, Apple TV, AirPods, fones da Beats, etc.)
- O Apple Watch teve um crescimento em vendas de mais de 50% pelo terceiro trimestre consecutivo, mantendo sua posição de liderança incontestável no mercado de smartwatches;
- O negócio de vestíveis da Apple (que inclui o Apple Watch e os AirPods) cresceu 75% no quarto trimestre fiscal de 2017, numa comparação ano a ano, e já gerou, neste ano, a receita equivalente à de uma empresa da lista Fortune 400.
Serviços (App Store, Apple Music, Apple Pay, iCloud, etc.)
- Como tem acontecido basicamente em todos os trimestres, o segmento de Serviços, mais uma vez, bateu todos os recordes em termos de receita e lucro;
- No ano passado, a Apple estabeleceu a meta de dobrar, até 2020, a receita de US$24 bilhões obtidas com seus serviços em 2016. A meta já está em vias de ser batida neste ano;
- Apenas o setor de Serviços da Maçã já tem o tamanho de uma empresa da lista Fortune 100;
- A App Store, por si só, também bateu todos os recordes de vendas, receita e lucro já registrados pela Apple;
- De acordo com dados da App Annie, a loja de aplicativos da Maçã continua a ser a nº1 do mundo em termos de lucro, com folga — ela obtém quase o dobro do número obtido pelo Google Play;
- No Apple Music, a taxa de conversão (ou seja, usuários deixando outras plataformas de streaming para a opção da Maçã) dos consumidores é maior que nunca;
- O número de assinantes pagos do serviço cresceu 75% numa comparação com o mesmo período do ano passado;
- O iCloud viu crescimentos de dois dígitos tanto em receita quanto em número médio de usuários mensais;
- O Apple Pay continua a expandir-se num ritmo saudável, com a chegada a Dinamarca, Finlândia, Suécia e Emirados Árabes Unidos somente no último mês;
- Número de usuários ativos do sistema de pagamentos dobrou ao longo do último ano, e as transações anuais subiram interessantes 330%;
- Nos EUA, 70% das principais lojas de mantimentos, mercearias e supermercados já aceitam o Apple Pay.
Apple Stores
- O último trimestre foi muito forte para as lojas da Maçã, que receberam 418 milhões de visitantes no período;
- O tráfego foi particularmente alto durante as semanas em que a empresa lançou novos produtos — 19% superior aos mesmos períodos do ano anterior;
- As lojas ao redor do mundo realizaram mais de 200.000 sessões do programa “Today at Apple”.
Assuntos diversos
- No campo do aprendizado de máquina, o iOS 11 já está permitindo que desenvolvedores integrem seus aplicativos com a tecnologia por meio da API CoreML — alguns exemplos já em exercício são o Pinterest, o Padmapper e o Visual DX;
- A App Store já tem mais de 1.000 aplicativos que tiram proveito das possibilidades do ARKit, e a tendência é que o número cresça exponencialmente nos próximos meses;
- A Apple está expandindo o currículo gratuito App Development with Swift para mais de 30 escolas técnicas ao redor dos EUA;
- A General Electric está colocando o iPhone e o iPad como dispositivos padrão de toda a sua força de trabalho, composta por mais de 330.000 empregados ao redor do mundo, e desenvolvendo apps para iOS tanto para eles como para o público geral.
Perguntas e respostas
Ao ser perguntado sobre a demanda do iPhone X, Cook afirmou que a produção do aparelho cresce semana a semana e vai tentar ofertar os dispositivos a todos os consumidores interessados. O executivo não afirmou, entretanto, uma data para que o ritmo de produção possa se equiparar à demanda pelo smartphone, e disse que não há como saber com certeza qual será a demanda do público até um pouco depois das primeiras semanas do lançamento.
Sobre as possibilidades da realidade aumentada e as próximas aplicações da tecnologia que veremos nos produtos da Apple, Cook afirmou que a parte mais interessante é ver as diferenças da abordagem com o recurso de acordo com o país. No geral, ele pensa que a tecnologia mudará a experiência de compras, além de afetar muito os jogos e as plataformas de entretenimento, bem como os aplicativos de produtividade. Para o executivo, esta é uma nova oportunidade — como foi o lançamento da App Store, em 2008.
Quando perguntado sobre quais dos serviços estavam puxando com mais força o aumento considerável na receita deste segmento, Maestri citou três: a App Store, o Apple Music e o iCloud.
Cook, quando perguntado sobre quais suas expectativas com relação à distribuição de vendas entre os três novos iPhones, disse que não poderia falar especificamente sobre essa divisão. O executivo, entretanto, comentou:
Nós nunca tivemos três produtos ao mesmo tempo e hoje é o primeiro dia em que os consumidores podem meio que olhar para os três antes de decidir por um. Então nós veremos o que acontecerá. Mas em termos de elasticidade do preço, é importante lembrar que um grande número de pessoas paga o smartphone mensalmente. Então se você for olhar nos Estados Unidos, que tende a ser o foco desta conferência, é possível comprar um iPhone X por US$33 mensais. Se você pensar, isso são alguns cafés por semana — é menos que um café por dia, sabe, nesses lugares chiques. […] Nós não estamos tentando cobrar o maior preço que podemos ou coisa assim, estamos simplesmente colocando um preço pelo que estamos entregando.
Sobre a Índia, mercado onde a Apple ainda não tem uma grande penetração, Cook afirmou que a empresa está fazendo bons progressos no país — construindo canais, mercado, um ecossistema propício para desenvolvedores e até mesmo fabricando o iPhone SE por lá. Apesar disso, ainda há um longo caminho pela frente, e o executivo está animado em segui-lo.
Previsões para o primeiro trimestre fiscal de 2018
Para o próximo período fiscal, a Apple espera uma receita entre US$84-87 bilhões, com margem bruta entre 38% e 38,5%. Os gastos operacionais devem ficar entre US$7,65-7,75 bilhões, com outras despesas chegando próximas de US$600 milhões. A taxa de impostos deverá permanecer nos 25,5%.
Eis o quarto trimestre fiscal de 2017 da Apple em gráficos:
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via iMore
Notas de rodapé
- 1Chief executive officer, ou diretor executivo.
- 2Chief financial officer, ou diretor financeiro.