Entendemos que existe uma equipe bastante grande por trás do sucesso dos serviços e produtos da Apple. Mas a empresa é tão grande que, talvez, os gênios que trabalham duro diariamente acabam sendo esquecidos ou sequer são notados.
Esse é o caso de Jim Reekes, o designer de áudio responsável por diversos sons para os sistemas da Maçã, que contou à CNBC casos curiosos e engraçados sobre a criação de alguns desses toques.
Talvez você não saiba, mas a Apple e a gravadora dos Beatles — que hoje se chama Apple Records e iniciou suas atividades em 1968, como divisão da Apple Corps Ltd., fundada pela banda — já tiveram algumas batalhas judiciais exatamente pelos seus nomes. Tudo se revolveu depois que Steve Jobs entrou em um acordo afirmando que a empresa não se envolveria com música… mas isso acabou acontecendo, e a Maçã foi processada.
Como parte do processo, uma das tarefas de Reekes foi renomear diversos efeitos sonoros que tinham nomes musicais. Um dos toques, por exemplo, se chamava originalmente “Xylophone”. Ele contou na entrevista para a CNBC que queria mesmo era nomeá-lo “Let it Beep” (“Deixe Tocar”, em tradução livre), que fazia uma referência à música dos Beatles “Let It Be”. Entretanto, se fizesse isso, certamente o selo da banda iria processar a empresa… por genialidade e pirraça, Reekes nomeou o toque “Sosumi”, que propositalmente parece apenas uma palavra japonesa aleatória (portanto, passou despercebida), mas era, na verdade, um jogo de palavras com a frase “So, sue me” (“Então, me processe”) — uma solução bem divertida e inteligente.
Mas você certamente já ouviu outros sons de Reekes sem nem sequer saber. Foi ele quem criou o som de início do macOS, assim como o da câmera do iPhone (que é o mesmo de quando se tira uma screenshot no macOS).
Em relação ao som de início, Reekes contou que era apenas um acorde de dó maior e foi aceito. Entretanto, ele o irritava “imensamente”, já que sempre era o barulho que se ouvia quando dava problema (e na época isso acontecia constantemente) e precisava reiniciar o computador.
Mesmo sem permissão, Reekes conseguiu dar o seu jeito — com a ajuda de algumas pessoas na equipe — e mudou o som para o que conhecemos hoje, que é muito mais “zen” do que o estridente de anteriormente. Acredite se quiser, ele também se inspirou nos Beatles, no último acorde tocado na música “A Day in the Life”. No fim, foi apenas o “bobo” acorde de C-maior que ficou famoso no mundo todo, e hoje é até registrado.
Reekes, que não está mais no ramo, comentou que não tem ouvido muitos áudios interessantes vindos da Apple hoje em dia. Aliás, nos Macs mais recentes, o icônico som de início foi retirado, para a tristeza de Reekes. Mas uma de suas criações ainda estão “vivas” e, muitas vezes, ele a ouve: conforme ele contou, o som feito quando a câmera do iPhone é disparada foi criado a partir da sua câmera Canon AE-1, um dispositivo dos anos 1970. Ele diz que ainda é estranho ouvir isso várias vezes, pois sempre parece que é a mesma velha câmera.
Sua história com a Maçã terminou um pouco antes da bolha das empresas ponto com, no final dos anos 1990. Com tom jocoso, mas nitidamente arrependido, ele diz que “infelizmente, meu tempo foi muito ruim. Me afastei de dezenas de milhares de opções da Apple, que me teriam rendido provavelmente oito milhões de dólares hoje, se as tivesse mantido”.
Confira a descontraída entrevista, na íntegra, acima.
via 9to5Mac