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Assim como na China, dados do iCloud na Rússia também serão armazenados localmente

iPhone com o rosto de Vladimir Putin

Em meados de 2017, a Apple anunciou seu primeiro data center na China a fim de se adequar às leis do país (as quais, de forma bem básica e resumida, exigem que os dados fiquem armazenados em solo chinês). Um ano depois, os dados passaram de fato a ser controlados pela operadora estatal chinesa criada para esse propósito. Agora, a Apple está seguindo esse mesmíssimo caminho na Rússia.

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Um lei de 2014 — e colocada em prática em apenas no ano passado — exige que os dados sejam armazenados por minimamente seis meses em data centers localizados na Rússia. Segundo informou o Foreign Policy, a Apple tem tudo para aderir às novas regras. O principal problema disso é que, sob o novo regulamento, a Maçã poderia ser obrigada a descriptografar dados e fornecê-los a serviços de segurança sem a necessidade de um mandado.

Ainda não está claro quais dados ela armazenará nos servidores russos. O registro da empresa na agência reguladora lista itens como nomes, endereços, emails e números de telefone como os tipos de dados processados. Por enquanto, não há menção para outros que também são armazenados no iCloud como fotos, vídeos, documentos, contatos e mensagens.

O problema é que a lei local faz uma interpretação ampla dos dados pessoais e a aplica a qualquer coisa que possa ser usada para identificar indivíduos ou seus comportamentos. Isso inclui fotos, músicas, livros e muitos outros conteúdos que podem ser indiretamente definidos como dados pessoais, de acordo com Sergey Medvedev, advogado sênior (especialista em leis de internet e ecommerce) do escritório Gorodissky and Partners, com sede em Moscou.

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Muita gente, é claro, não gostou da notícia. Ativistas de direitos humanos, por exemplo, temem que o iCloud seja usado como arma contra oponentes do presidente Vladimir Putin e seus partidários. Essas amplas interpretações das leis russas — principalmente sobre extremismo — já prenderam dezenas de pessoas, as quais foram condenadas por publicações nas mídias sociais criticando a anexação da Crimeia, o envolvimento militar da Rússia na Síria ou a igreja ortodoxa russa.

Ainda segundo o Foreign Policy, no ano passado um ativista tártaro da Crimeia foi sentenciado a dois anos de suspensão por repostar um vídeo sobre uma unidade militar voluntária ucraniana seguido do comentário “A Crimeia era, é e sempre será a Ucrânia!” — ainda que a anexação da Crimeia seja reconhecidamente ilegítima pela maioria da comunidade internacional, que a consideram um território ucraniano sob ocupação russa.

Em maio passado, a Rússia pediu à Apple que retirasse o Telegram da App Store pelo fato de o mensageiro ter se negado a fornecer acesso a mensagens de usuários que supostamente estavam ligados a atividades terroristas — essa pressão fez com que o Maçã bloqueasse atualizações do Telegram por um período; por outro lado, a pressão da mídia fez a Apple repensar o assunto.

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É aquela velha história: globalmente, a Apple é uma defensora ferrenha da privacidade; seria plausível, então, imaginar que a empresa não se dobraria a exigências como essas impostas pelos governos chinês e russo. Entretanto, tais mercados são importantes demais para a Maçã (vendas internacionais da companhia hoje representam cerca de 60% do faturamento dela) e dificilmente ela abriria mão de disso a ponto de sair dos países. Sem dúvida, um assunto bastante delicado.

via AppleInsider

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