por Clayton Miller; tradução de Halex Pereira
Identidade visual assume muitas formas, desde a mais superficial das marcas registradas até as assinaturas de design mais integradas. Formas fazem parte dessa linguagem. Fundamentalmente, formas são universais, não podem ser associadas a nenhum nome, produto ou marca. Mas em contexto, em suas intercessões e na síntese das formas, elas são poderosas.
Ilustradas acima há quatro formas: um quadrado, um quadrado arredondado (roundrect), um quadrado circular (squircle) e um círculo. Bilateralmente simétricas e geometricamente simples, cada forma tem inúmeras associações populares. Porém, em um espaço particular, no contexto de um mercado específico, isso se inverte: no mundo do software móvel, cada uma dessas formas tem uma associação definida, algumas muito fortes.
Ao vitorioso, os squircles
A Metro UI da Microsoft é dona do quadrado. A Apple tem uma esquina do roundrect, do Springboard ao próprio hardware do iPhone. A Nokia, apesar de sua chegada tardia com a Harmattan UI do Meego, viu o squircle desocupado e se jogou nele lindamente. A Palm vem usando o círculo desde a aurora do PalmOS, e no webOS, a HP continua a tradição com cuidado (dá até pra notar que Palm e HP estruturam suas marcas dentro de círculos).
E ainda há candidatos duvidosos a cada trono. O Bada, da Samsung, pode usar o quadrado, mas não tem nenhuma chance contra a obra-prima Mondrianesca da Microsoft. A RIM pode usar roundrects agradavelmente o bastante, mas não com a consistência sutil da Apple. A único forasteiro é o Android, que não tem uma forma unificadora de verdade — um sintoma da fragmentação?
Assim como a cor, que, apesar de suas associações infinitas, também tem uma história de forte associação dentro de um mercado, a forma é um diferencial poderoso, ainda que sutil. Possuir uma forma não é fácil — por si só, como demonstrado pela Samsung e pela RIM, uma forma não tem muito poder. Aqueles que tiveram sucesso em clamar para si uma forma a usaram como pedra fundamental em vez de maquiagem decorativa. Use o poder da forma para reforçar bom design com coerência e identidade — e essa forma um dia pode ser sua.
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Clayton Miller é um designer visual e de interação residente em Chicago. Ele escreve sobre design no interuserface.net (onde o artigo acima foi publicado originalmente) e seu projeto mais notável é o conceito da interface de desktops 10/GUI, a qual já comentamos no MacMagazine.
Ele atualmente trabalha na agência criativa Tonic Blue.