O melhor pedaço da Maçã.

O que ainda falta nos iPhones?

Basic Apple Guy
Esquema do iPhone

Quem acompanha os relatórios de vendas do mercado de celulares sabe que não é de hoje que o segmento deu uma esfriada.

Publicidade

Os consumidores deixaram de trocar de smartphones todos os anos; as fabricantes aumentaram os preços para compensar a queda nesse faturamento recorrente; como consequência, as pessoas aumentaram ainda mais o intervalo entre as compras.

Antes, clientes compravam um iPhone a cada um ano, pelo preço de um iPhone. Hoje, elas compram um iPhone pelo preço de dois ou três iPhones a cada dois, três ou quatro anos. E vem mais aumento por aí! 🤡

Gráfico de barras das vendas globais de smartphones entre 2007 e 2022
Fontes: Statista e Gartner

É nesse contexto que os “iPhones 15” chegarão ao mercado. Alguns analistas, algumas operadoras e até fornecedoras já vêm comentando que as expectativas de vendas não estão muito altas; a própria Apple parece estar esperançosa apenas por um bom desempenho para o “iPhone 15 Pro Max” (ou talvez “Ultra”), que deverá representar entre 35% e 40% dos envios aos canais de vendas. Se vão vender, é outra história.

Publicidade

Em meio a essa estagnação, existe um ponto positivo: talvez isso motive a Apple a abrir mão de algumas decisões do passado ou a estimule a investir em saltos tecnológicos mais significativos. Além disso, não seria o fim do mundo ela investigar algumas iniciativas da concorrência, que parecem ser bem aceitas pelo público do lado de lá do ecossistema.

Mas, que tipo de coisa ela poderia fazer para aquecer as vendas de futuros iPhones? Bem, é isso que exploraremos juntos a seguir.

Display

Desde a chegada da tela Retina, a Apple se orgulha dos avanços e das tecnologias que ela vem incorporando nos iPhones. Pudera. Da precisão e amplitude das cores aos índices mínimos de refletividade, o OLED1Organic light-emitting diode, ou diodo emissor de luz orgânico. Super Retina XDR do iPhone 14 Pro Max estabelece ou iguala 15 recordes de desempenho da DisplayMate.

Há espaço para melhorar? Depende. Quando o assunto é a taxa de atualização da tela, múltiplos estudos sugerem que a percepção varia de pessoa para pessoa, mas a maioria não consegue diferenciar frequências acima de 90Hz. Isso torna os 120Hz do ProMotion inútil? Certamente não. Desative-o (ou ative o Modo Pouca Energia) e assuste-se com seu iPhone rolando a tela a 60Hz.

Estes são os subpixels da tela do iPhone 14 Pro Max, sob um microscópio | Fonte: DisplayMate

Por outro lado, um ProMotion de 240Hz poderia até soar como algo legal, especialmente para o público gamer ou mais ligado em aspectos técnicos, mas esse não seria um benefício muito sedutor para a maioria dos usuários. Pode vir um dia? Pode. Vai importar na prática? Não muito. Vai convencer alguém a comprar um iPhone só por causa disso? Difícil.

Já quando o assunto é a tecnologia da tela propriamente dita, sabemos que há anos a Apple planeja adotar o microLED nos iPhones. Quando isso enfim acontecer, podemos esperar novos recordes de brilho, contraste e precisão de cores, um consumo menor de energia para manter o display ligado e uma maior vida útil da tela (alô, burn-in2Marcas que podem ficar permanentemente gravadas nos displays caso eles exibam uma imagem estática por um período prolongado.!).

A questão é: seus parentes que usam iPhones se importam ativamente com isso? Talvez eles gostem do menor consumo de bateria, é claro. Mas, assim como um hipotético ProMotion de 240Hz, essa melhoria traz poucos ganhos em percepção de valor.

Publicidade

Já uma coisa sobre displays que faz diferença para a maioria das pessoas é justamente algo que deve vir neste ano: molduras mais finas. Há tempos, inclusive, correm rumores de que a Apple vem trabalhando em telas sem molduras para iPhones, o que provavelmente atrairá muito mais o interesse do grande público do que os avanços técnicos citados anteriormente.

Imagem do 9to5Mac ilustra a possível diferença entre a grossura da moldura dos iPhones 14 Pro Max e “15 Pro Max”.

Ironicamente, todos os avanços técnicos anteriores trariam ganhos de experiência objetivamente mais significativo. Mas, no fundo, poucas pessoas ligariam para eles e menos pessoas ainda comprariam um iPhone por causa disso. Já uma tela sem bordas, isso sim já seria suficiente para abrir algumas carteiras a mais, com ou sem as outras melhorias.

Bateria

Quando a Apple apresentou o iPhone, em 2007, ela deu alguns números que faziam sentido com a forma como nós utilizávamos nossos telefones na época: até 16 horas de reprodução de áudio, e até 5 horas de “chamadas, vídeo e navegação”.

Para efeito de comparação, a bateria do iPhone 14 Pro Max foi detalhada em 3 ou 4 frases ao longo de 15 segundos no evento de setembro do ano passado, sendo definida apenas como “all-day battery life”, algo como “bateria que dura o dia todo”.

Dando uma espiada nos eventos anteriores de anúncios de iPhone, a primeira menção a “all-day battery life” que eu encontrei foi no evento do iPhone X, em que Phil Schiller (ex-chefão de marketing da empresa) disse:

As equipes de software e de hardware trabalharam duro para nos entregar duas horas a mais de baterias que duram o dia todo.

Construção gramatical estranha, mas taí. A bateria do iPhone X, em 2017, tinha 2.716mAh e durava o dia todo; a bateria do iPhone 14 Pro Max, de 2022, tem 4.323mAh e também dura o dia todo.

Há quem diga, é claro, que até hoje esse não seja exatamente o caso, mas fato é que podemos ver uma tendência aqui. A Apple parece estar satisfeita com o equilíbrio que ela acredita ter atingido entre a evolução das funcionalidades que consomem bateria (tela sempre ativa, UWB, 5G, Apple Silicon cada vez mais poderoso, etc.) e a autonomia de aproximadamente um dia para a maioria das pessoas.

Greg Joswiak promete uma bateria que dura o dia inteiro no evento do iPhone 14 Pro Max.

Um iPhone com uns quatro dias de autonomia seria suficiente por si só para convencer as pessoas a trocarem de aparelho? Sem dúvida! Mas, além de esse aparentemente não ser um objetivo para a Apple, isso talvez sequer seja possível com as baterias de íons de lítio (a menos que os iPhones retornem à era dos tijolões para acomodar bombas baterias com o triplo de capacidade atual).

Já quando o assunto é recarga rápida, aí sim temos uma categoria com bastante oportunidade de evolução. Hoje em dia, o campeão nesta categoria parece ser o Redmi Note 12 Explorer, com sua bateria de 4.300mAh que promete ser recarregada de 0% a 100% em menos de 10 minutos com um carregador de 210W! Nos testes de mundo real que eu encontrei, o tempo de carregamento variou entre 12 e 18 minutos. Impressionante também, é claro. Mas há um porém: isso detona a saúde da bateria? Com certeza.

Para efeito de comparação, o iPhone 14 Pro Max, com sua bateria de 4.323mAh, é compatível com carregadores de até 140W, mas a recarga mesmo não passa de 30W. Com isso, a bateria se recarrega de 0% a 100% em aproximadamente 2 horas. Por essas e outras, ele figura apenas na 30ª posição do ranking de baterias da DXOMARK.

Dá para melhorar, né? A questão é: isso seria suficiente para converter mais vendas isoladamente? Saindo da nossa bolha da tecnologia, mesmo hoje em dia, em que o iPhone já vai de 0% a 50% em 30 minutos, ninguém parece ficar muito empolgado com isso nas conversas de almoço de família. Já os mais ligados em tecnologia poderiam ver em algo assim um argumento que os convencessem a abrir a carteira.

Existe ainda o rumor da migração da Apple para um iPhone sem entradas físicas e compatível apenas com carregamento via MagSafe. Nesse caso, será necessário um avanço gigantesco dos padrões e tecnologias Qi e MagSafe para chegarmos ao que temos hoje em dia com carregamento cabeado, além de avanços também na velocidade de transferência de dados. Mas, nos preocupemos com isso quando/se o momento chegar, não é?

Câmeras

Aqui, sim, está o maior paradoxo dos iPhones. Ano após ano, a Apple apresenta melhorias significativas de hardware para capturar fotos e vídeos. Ainda assim, a quantidade de pós-processamento que entrou em cena nas últimas gerações já ultrapassou o limite do razoável.

É claro que muitos de nós tiramos fotos sensacionais com os nossos iPhones e que eram impossíveis há apenas alguns anos. Mas quem aqui tentou tirar a foto de um céu multicolorido ao entardecer ultimamente e percebeu que o balanceamento automático (e indesligável) torna impossível a captura das tonalidades exatas? E que tal o exemplo abaixo, em que o iPhone simplesmente removeu as janelas do prédio à esquerda?

Foto: João Mendes.

Muito do pós-processamento que a Apple aplica nas imagens serve para compensar o que o hardware ainda não consegue capturar, é claro. A boa notícia é que, a cada ano, os iPhones ganham melhorias significativas de hardware, a exemplo da lente periscópio com seus 6x de zoom óptico que talvez vejamos na semana que vem.

Este tipo de novidade certamente chama a atenção do público, especialmente porque expande o leque de possibilidades criativas. Quem nunca se divertiu com macrofotografia nos iPhones recentes? Foram necessários avanços de verdade na parte óptica da câmera para entregar algo assim. E são avanços desse tipo que seguirão despertando o interesse do público e gerando vendas, e não bobagens como as Slofies.

YouTube video

Olhando para frente, é natural imaginar que o iPhone siga evoluindo seus sensores, a abertura, o desempenho em baixa luminosidade, etc. Mas ainda há amplo espaço para elevar ainda mais suas capacidades fotográficas, tornando-o ainda mais parelho com câmeras tradicionais.

Imagine por exemplo uma parceria entre a Apple e a Zeiss (ou Leica, Canon, Sony, tanto faz…) para desenvolver lentes MagSafe para iPhones tão poderosas quanto as lentes de câmeras DSLR?! Já quero.

Design

Aqui, ninguém melhor do que a Apple para saber que grandes mudanças de design (por mais polêmicas que elas possam ser) tendem a gerar mais vendas.

O problema é que, do lado da Apple, ela parece satisfeita com o design geral do iPhone. Afinal, ele é conceitualmente parecido desde o iPhone 6. Já do lado da concorrência, temos visto pequenos lampejos de criatividade em dispositivos como o Nothing Phone e seus LEDs traseiros, e com a Samsung especialmente com o Galaxy Z Flip5.

Nothing Phone (2).

Nos últimos anos, a Apple fez alguns experimentos com diferentes tamanhos para as diferentes variações do iPhone e parece ter concluído que o ideal é ter apenas dois tamanhos para as quatro variações. Dispositivos como o mini e o SE têm seus públicos, mas não vendem o suficiente para seguirem no que a empresa considera a primeira divisão dos seus dispositivos. Eles podem voltar vez por outra para tentar conquistar um rabicho de mercado do mundo Android (ou impedir uma migração para lá), mas só.

Já quando o assunto são as cores, aqui sim é onde a Apple tem a maior oportunidade de fazer barulho e reconquistar a atenção de todos. Ano após ano, ela tem deixado a linha de iPhones cada vez anêmica, culminando na provável chatíssima linha dos “iPhones 15” composta por quatro opções de tons de quase cinza para os modelos Pro, e quatro opções desbotadas e uma opção preta para os modelos normais.

Supostas cores dos “iPhones 15 Pro”.

Ao longo da última década, a Apple inexplicavelmente associou cores vibrantes a aparelhos de menor valor, o que por outro lado tem sido uma decisão bem lucrativa para fabricantes de acessórios que vendem toneladas de capinhas com cores divertidas para proteger os empambados iPhones que as contêm.

Supostas cores dos “iPhones 15”.

Há quem diga que as cores dos iPhones são irrelevantes, já que a maioria das pessoas usa capinhas. Ainda assim, alguém tem dúvida de que uma linha composta por mais opções de cores, incluindo algumas mais divertidas e vibrantes, revigoraria o interesse pelos iPhones como há anos não acontece?

E os dobráveis?

Bem, a Samsung é praticamente a única que tem operado nesse mercado com algum tipo de sucesso. Dos 14,2 milhões de dobráveis que foram enviados para os canais de venda em 2022, 11 milhões foram da Samsung. Quantos de fato foram vendidos? Isso, só a Samsung sabe.

Fato é que esse mercado parece ser composto por um público relativamente fiel e cada vez maior. Um levantamento recente da Counterpoint Research mostrou que 80% dos usuários de telefones dobráveis pretendem seguir comprando esse tipo de aparelho e que o segmento cresceu 60% entre 2021 e 2022.

Quem acompanha os rumores sobre a Apple sabe que pessoas de destaque. como Mark Gurman e Ross Young, já disseram que ela vem trabalhando em iPhones e iPads dobráveis. E agora que o Vision Pro enfim foi anunciado, a empresa provavelmente remanejará os investimentos em pesquisa e desenvolvimento para outros produtos — especialmente se o Vision Pro não atender às expectativas da diretoria em Cupertino.

Conceito de iPhone dobrável

Isso significa que um iPhone dobrável pode mesmo estar dentro do campo de possibilidades nos próximos anos, apesar de me parecer fazer mais sentido a Apple lançar um iPad mini que vire um iPhone quanto for dobrado. Mas essa especulação pode ficar para outro dia.

Seja como for, uma coisa é fato: um iPhone dobrável certamente teria seu público e, como efeito colateral, poderia reaquecer a procura por outros modelos de iPhones. Maré alta levanta todos os barcos.

De olho na concorrência

Das principais fabricantes do mercado de celulares, a Samsung é a única que parece ter tido boas ideias apropriadas para serem feitas na escala que a Apple precisa para implementar em iPhones. Aparelhos como o Surface Duo, o ROG Phone e até mesmo o Nothing Phone só existem porque eles vendem uma fração da quantidade de iPhones e têm pouco ou quase nenhum apelo para o grande público.

Já a Samsung, por mais que tenha sua vasta coleção de ideias cretinas, oferece algumas possibilidades para seus clientes que certamente encontrariam um público fiel se viessem para o iPhone.

Uma delas é o DeX. Adaptar um celular Galaxy para se comportar como um desktop quando conectado a um monitor e periféricos é possivelmente uma das melhores ideias que a Samsung teve por conta própria nos últimos anos. No caso do iPhone, adaptar o iOS para algo mais próximo de um iPadOS sob condições parecidas seria bem atraente para o público ligado em produtividade e, especialmente, em produtividade móvel.

O contra-argumento, é claro, é que isso poderia canibalizar as vendas de iPads. Mas nosso desafio aqui é vender mais iPhones e algo assim certamente despertaria o interesse de um público que talvez não veja no iPhone um potencial dispositivo de produtividade.

Outra ideia, já sabendo que a “Polícia da Contradição” atormentaria a todos eternamente em seções de comentários web afora apontando a ironia, poderia ser suporte a um Apple Pencil menor e mais apropriado para um iPhone.

Sim, Steve Jobs rejeitou o uso de canetas digitais no iPhone há quase 20 anos, no contexto daquela ser a única forma de interagir com o celular. Mas fato é que para usuários da Samsung, a linha Galaxy Note sempre foi tão forte e a S Pen sempre teve tanto apelo, que hoje o acessório é compatível com toda a sua linha principal de celulares.

Mesmo que usar uma caneta digital no celular não seja para todos, hoje a Apple atende a 0% do mercado que tem esse interesse. Um iPhone com suporte real a canetas digitais certamente geraria vendas que de outra forma não aconteceriam.

O futuro

O iPhone não está em perigo, é claro. Há poucos dias, um levantamento da Omdia mostrou que os iPhones 14 Pro Max, 14 Pro e 14 foram, respectivamente, os três aparelhos mais vendidos do mundo ao longo do primeiro semestre de 2023. Além disso, dois outros iPhones também entraram no Top 10, empatando com a Samsung, que emplacou os outros cinco.

Ainda assim, o mercado de smartphones está se aproximando de completar uma década de declínio de vendas. A Apple ainda tem a maior fatia do bolo, mas o bolo está cada vez menor.

Baterias, câmeras, displays e mais já seguem uma trajetória relativamente óbvia de evolução. A cada novo iPhone, já sabemos mais ou menos o que esperar nesses quesitos. Mas se a Apple quiser lutar contra a gravidade do mercado e esquentar o interesse pelos iPhones, ela própria terá que acender essa fogueira, trazendo algo além das iterações que têm feito de todo iPhone apenas uma versão S da geração anterior.


Comprar iPhones 15 Pro e 15 Pro Max de Apple Preço à vista: a partir de R$8.369,10
Preço parcelado: a partir de R$9.299,00 em até 12x
Cores: titânio natural, titânio azul, titânio branco e titânio preto
Capacidades: 128GB, 256GB, 512GB ou 1TB

Comprar iPhones 14 e 14 Plus de Apple Preço à vista: a partir de R$6.839,10
Preço parcelado: a partir de R$7.599,00 em até 12x
Cores: azul, roxo, amarelo, meia-noite, estelar ou (PRODUCT)RED
Capacidades: 128GB, 256GB ou 512GB

NOTA DE TRANSPARÊNCIA: O MacMagazine recebe uma pequena comissão sobre vendas concluídas por meio de links deste post, mas você, como consumidor, não paga nada mais pelos produtos comprando pelos nossos links de afiliado.

Notas de rodapé

  • 1
    Organic light-emitting diode, ou diodo emissor de luz orgânico.
  • 2
    Marcas que podem ficar permanentemente gravadas nos displays caso eles exibam uma imagem estática por um período prolongado.

Ver comentários do post

Compartilhe este artigo
URL compartilhável
Post Ant.

MM Fórum: assinador digital PROJUDI, recarga rápida em iPhones, MacBook Pro 2016-17 e mais!

Próx. Post

“iPhones 15”, Apple Watches… o que veremos no evento da Apple em 12/9?

Posts Relacionados