O melhor pedaço da Maçã.

Filmes do Apple TV+ estrearão nos cinemas; plataforma enfrenta dificuldades na Europa

Por enquanto, a Apple tem concentrado a divulgação do Apple TV+ nas séries originais da plataforma — o que é compreensível, já que, na ocasião da estreia, apenas alguns programas estarão disponíveis por lá.

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Por outro lado, isso deixa um ponto de interrogação no assunto filmes: nós sabemos que a Maçã também lançará longas no seu serviço de streaming, mas não temos ideia de como será a estratégia para eles. Ou melhor, não sabíamos; segundo a Variety, a Apple marcou uma data de lançamento nos cinemas para três dos seus filmes a serem lançados no ano que vem.

Os títulos em questão são:

  • “The Banker”, estrelando Samuel L. Jackson e Anthony Mackie; nos cinemas em 6/12 e no Apple TV+ no fim de janeiro do ano seguinte.
  • “The Elephant Queen”, documentário sobre elefantes na África; nos cinemas em 18/10 e no Apple TV+ em novembro.
  • “Hala”, drama sobre uma adolescente muçulmana reconciliando as tradições da sua família com a vida moderna nos EUA; nos cinemas em 22/11 e no Apple TV+ em dezembro.
"Hala", filme adquirido pela Apple
“Hala”

Ainda não há informações sobre a amplitude desses lançamentos — isto é, se eles ficarão restritos a algumas cadeias de cinema independentes em cidades selecionadas ou se estamos falando de grandes lançamentos, com várias salas em múltiplos exibidores passando os filmes. Teremos de aguardar para ver, aparentemente.

Futuros lançamentos

A Apple pode estar já dando as cartas dos seus primeiros lançamentos cinematográficos, mas e em relação ao futuro? O Wall Street Journal jogou uma luz sobre o assunto.

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Citando fontes próximas do assunto, o periódico afirmou que a Apple tem planos de realizar lançamentos tradicionais dos seus filmes — isto é, lançá-los primeiramente no circuito de cinemas para, um certo período depois disso, disponibilizá-los no Apple TV+. A Maçã estaria conversando com especialistas no assunto e redes de cinema para traçar mais detalhes sobre o seu plano.

É bom notar que a ideia da empresa passa longe de fazer dinheiro com a bilheteria tradicional. Na realidade, o que a Apple quer é prestígio: ao oferecer um modelo em que os filmes seriam lançados primeiramente no cinema, a Maçã teria capacidade de atrair grandes nomes da sétima arte — especialmente aqueles que ainda não engoliram o papo da Netflix de acabar com a distribuição nos cinemas e ainda preferem ter suas criações exibidas na tela grande, com toda a pompa e circunstância exigida pela situação.

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Atualmente, as grandes redes de cinema só aceitam exibir filmes caso suas distribuidoras estejam dispostas a assinar um contrato de exclusividade de 90 dias — isto é, por 3 meses, aqueles títulos só poderão ser vistos nos cinemas. A Netflix tem desafiado esse paradigma, mas até o momento só encontrou sucesso com pequenos exibidores: o lançamento de “Roma”, no ano passado, foi limitado a poucas salas em cidades selecionadas, e o grande título da empresa em 2019, “O Irlandês”, deverá seguir o mesmo caminho.

Caso a Apple entre nesse jogo, deverá seguir uma estratégia menos ousada, respeitando as exigências das cadeias de exibição. O WSJ cita o exemplo de “On The Rocks”, filme de Sofia Coppola com Bill Murray e Rashida Jones que a Maçã está produzindo: segundo fontes, a ideia é que o longa tenha sua première no Festival de Cannes do ano que vem, siga para um lançamento nos cinemas e, só depois disso, seja disponibilizado no Apple TV+.

Resta saber o que os usuários da plataforma de streaming acharão disso tudo. A Netflix nos acostumou a um modelo no qual os lançamentos da empresa são vistos em primeira mão pelos seus assinantes, e, caso a Apple resolva seguir um caminho diferente, deverá ter uma estratégia muito bem pensada para convencer seus usuários de que eles não estão pagando por uma oferta pior (ainda que muito mais barata). Vejamos, portanto, quais serão os próximos passos dessa história.

Desafios na Europa

Enquanto isso, do outro lado do Atlântico, a Apple vê um desafio chegando rapidamente, como informou a Variety. A Comissão Europeia definiu, no ano passado, que todas as plataformas de streaming operando na União Europeia precisarão ter, até o final de 2020, 30% do seu catálogo composto por produções locais — coisa que a Maçã, obviamente, não está nem perto de ter.

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O projeto de lei ainda não está plenamente definido: ainda neste ano, a CE definirá se os 30% serão contados de acordo com o número de títulos ou a quantidade de horas de conteúdo disponibilizadas em cada plataforma. De qualquer forma, a Apple, com sua produção quase totalmente Hollywoodiana, não cumprirá essa cota: uma estimativa da Ampere Analysis mostra que o Apple TV+, quando chegar ao mercado europeu, terá 38 títulos — apenas 6,2% dos quais poderão ser considerados produções locais.

A Netflix e a Amazon estão bem à frente nessa corrida: segundo estimativas, entre 20% e 30% do catálogo das empresas já é composto de produções europeias. Quem terá um desafio ainda maior do que a Apple, por outro lado, será a gigante do Mickey Mouse: pelos cálculos, o Disney+ chegará ao Velho Mundo com 982 títulos — apenas 4,7% dos quais europeus.

Para não enfrentar problemas futuros em um dos seus principais mercados, a Apple já está mexendo os pauzinhos e entrando em contato com produtoras e estúdios europeus. O desafio para a Maçã é considerável porque, ao contrário da Netflix ou da Amazon (que simplesmente podem comprar programas já produzidos de outras emissoras e disponibilizar em suas plataformas), o Apple TV+ será composto basicamente de conteúdo original, então todo o processo de criação e produção deve ser feito pela própria empresa, com parceiras locais.

As coisas poderão ficar ainda mais complicadas na França, onde um projeto de lei atualmente em tramitação poderá exigir das plataformas de streaming que 16% da receita gerada por assinantes franceses seja investida em conteúdo local. Esse prospecto, entretanto, ainda é mais distante — e um problema que a Apple deve estar colocando em uma gaveta, para pensar depois.

Vantagem sobre concorrentes

Apesar disso, nem tudo é incerto no futuro próximo do Apple TV+: de acordo com um analista, a Apple e a Amazon serão as grandes vencedoras da batalha de streaming por uma razão muito simples — ambas são as únicas jogadoras do segmento que podem fazer dinheiro não só com suas plataformas, mas também com as concorrentes.

Amazon Prime Video no app TV
Amazon Prime Video no app TV

A opinião é do consultor de tecnologia Michael J. Wolf. Em entrevista à CNBC, ele afirmou que a estrutura da Apple e da Amazon — com suas lojas de aplicativos e ecossistemas próprios — tem a capacidade de gerar dinheiro com múltiplas plataformas de streaming. Um bom exemplo é o app Apple TV, a partir do qual consumidores poderão assinar vários serviços (e, para cada um deles, a Apple levará uma parte da receita para o seu bolso).

Segundo Wolf, apenas a Disney — por conta da sua influência e poder financeiro — terá a capacidade de vender assinaturas diretamente aos seus consumidores. As outras empresas do ramo precisarão, se quiserem sobreviver, vender seus serviços por meio dos ecossistemas da Apple e da Amazon, dando às duas empresas mais dinheiro para investir em suas próprias plataformas.

Resta saber o que os órgãos reguladores do mundo acharão disso tudo — já que, sob vários aspectos, a descrição pintada por Wolf soa muito como um caso malcheiroso de monopólio. Aguardemos.

“For All Mankind”

Em outras notícias relacionadas ao Apple TV+, a plataforma liberou o primeiro trailer completo de uma das séries que estarão disponíveis no seu lançamento: “For All Mankind”.

https://www.youtube.com/watch?v=N3RjayAF0b4

Ao som de Aerosmith, o trailer condensa em pouco menos de dois minutos a premissa da série: um mundo onde a União Soviética chegou primeiro à Lua, a corrida espacial nunca terminou e os profissionais da NASA correm para bater os rivais em mais um desafio lunar.

“For All Mankind” é uma criação de Ronald D. Moore (“Battlestar Gallactica”), Matt Wolpert e Ben Nedivi. A série é estrelada por Joel Kinnaman (“Esquadrão Suicida”), com participação de Michael Dorman, Wrenn Schmidt e Sarah Jones. Os três primeiros episódios poderão ser conferidos já na estreia do Apple TV+, em 1º de novembro (em países selecionados, claro).

Mais trailers

Além de “For All Mankind”, a Apple liberou alguns outros trailers de séries infanto-juvenis originais que estrearão no dia 1º de novembro. Vejam só:

“Helpsters”

YouTube video

“Ghostwriter”

YouTube video

“Snoopy In Space”

YouTube video

Bacaninha, não?

via 9to5Mac, Cult of Mac, AppleInsider

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