Em um (ótimo) artigo escrito especialmente para o Gizmodo, Bill Nye (aka The Science Guy) explicou de forma adoravelmente didática os princípios científicos por trás da nova tela oleofóbica do iPhone 3GS. Claro, o texto completo está em inglês, por isso abordarei aqui os principais pontos (e adicionarei uns toques da minha experiência como professor). Aos que puderem se aventurar lendo o artigo completo, eu recomendo muito: é uma leitura agradável e enriquecedora!
Medo de óleo
Aos que curtem etimologia, o sentido de “oleofóbico” é bem óbvio: “que tem medo/ódio de óleo”. (Nas aulas de Química, você certamente já ouviu o equivalente hidrofílico, que acaba resultando na mesma coisa.) Com tal propriedade, em vez de uma substância gordurosa (ou apolar) espalhar-se pela tela do novo iPhone, as moléculas procuram se aglomerar. O princípio é o mesmo que faz com que azeite não se misture à água — adivinha: ela também é oleofóbica!
O grande lance foi pegar uma substância dotada de tal propriedade e cobrir a tela do iPhone com ela. Para tanto, era preciso fazer com que algum composto unisse firmemente o revestimento oleofóbico ao vidro (já pensou, se a proteção descasca?).
Ligando os pontos
A solução que Nye imagina ter sido empregada (a suposição se deve ao fato de o método de fato usado ser propriedade intelectual secreta — e cara — da Apple e/ou de outros) é uma terceira molécula, ambivalente. Tipo detergente, que se liga, ao mesmo tempo, à água e a gorduras (uma molécula anfótera). No caso, poderia ser o silano: um composto capaz de se ligar ao silício inorgânico do vidro de um lado e ao polímero de carbono orgânico do outro. Muitas aplicações para ele já envolvem “grudar coisas”, então a aplicação faz pleno sentido.
No fim das contas, o que temos? Uma maravilha da ciência aplicada que faz com que, em vez de aderir ao vidro, a gordura da sua pele seja repelida — resultando numa facilidade de limpeza sem precedentes: passou paninho, tá limpo! Para quem tem a pele oleosa, agora nem dói tanto atender uma ligação num iPhone, né? Só espero que, no futuro, _tudo_ tenha esse revestimento. 😀