De certa forma, podemos dizer que a Microsoft “criou” o iPad — senão por outra razão, mas porque um empregado dela irritou Steve Jobs a ponto de motivá-lo a criar uma tablet de verdade, e não um PC mequetrefe sem teclado.
Seguindo essa mesma linha de raciocínio, a Adobe é praticamente mãe do iMovie e do Final Cut. Pelo menos é o que dá a entender um trecho do livro Timeline, de John Buck, compartilhado via Tumblr.
Nesse “capítulo”, Buck explora a pré-História do Final Cut, nascido no ventre da Macromedia. Em meio à aquisição pela Adobe, ao renascimento do Mac com a volta de Steve Jobs à Apple e à mudança de foco da Macromedia para a web (e o Flash Player), o aplicativo desenvolvido por Randy Ubillos e sua equipe quase virou poeira, mas ele foi salvo pela decisão de Jobs por adquirir o software e dar continuidade ao desenvolvimento dele na Maçã.
O pulo do gato está no fato de que Jobs chegou a pedir que a Adobe desenvolvesse um aplicativo de edição de vídeo para o Mac. Como ela disse “não”, restou ao iCEO criar uma divisão de desenvolvimento de aplicativos na própria Apple e recorrer ao Final Cut, que a Macromedia decidira jogar fora. Claro, quando a Adobe comprou a Macromedia, ela até tentou impedir que esse projeto fosse adiante, porém acabou desistindo disso.
Pouco depois, Jobs daria início a mais um projeto secreto envolvendo edição de filmes digitais: o iMovie, primeiro aplicativo construído do zero na Apple em anos. O engraçado é que parte da equipe não tinha nenhuma experiência com edição de vídeo, o que se provou um ponto positivo para o desenvolvimento de um app direcionado ao público amador.
Como diria o próprio Jobs, não dá pra ligar os pontos olhando pra frente, apenas olhando pra trás: quem diria que essa resistência da Adobe em cooperar daria origem à divisão da Apple que já criou tantos aplicativos incríveis?
[via The Loop]