O melhor pedaço da Maçã.

Pequeno guia de sobrevivência para deixar o iPhone e abraçar o Android

Muitas pessoas adoram dizer o quanto amam o iPhone, enquanto a vida de outras parece se basear em uma cruzada para justificar seu ódio mortal pelo smartphone da Apple. Tem que ache que ele é o único telefone realmente inteligente no mundo, a ponto de querer dizer que a Maçã detém um monopólio sobre o mercado de celulares. Claro, e a Sony também monopoliza a produção do PS3. 😛

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No final das contas, smartphones modernos existem aos montes, atualmente. Quando o primeiro iPhone chegou ao mercado, realmente ele era único e estava séculos à frente de todas as outras marcas, mas essa diferença caiu significativamente do ano passado pra cá, graças à concorrência. Nos Estados Unidos, por exemplo, basta olhar pro lado e você encontra aparelhos fascinantes sendo vendidos em promoções de “pague um, leve dois” e muitos deles têm em comum o fato de usarem o sistema operacional móvel do Google, o Android — tanto é que seu market share não para de crescer.

Smartphones da HTC com Google Android

Mas é possível livrar-se do iPhone e abraçar o robozinho verde? A resposta é um sonoro “sim”, contudo há ressalvas: qualquer um que quiser fazer essa mudança deverá saber o que o espera nesta nova plataforma. Abaixo você encontrará um pequeno guia de sobrevivência, baseado num post muito interessante do Lifehacker e acrescido de alguns detalhes e comentários.

Antes de prosseguir, porém, saiba que passaremos por três facetas do Android: o Lado Bom, o Lado Ruim e o Outro Lado. Cada uma delas destacará determinados aspectos da plataforma que todo consumidor precisa ter em mente antes de abandonar o smartphone da Apple, marcado por uma integração vertical ímpar na indústria, e entrar na pequena selva que são os aparelhos de diversos fabricantes rodando um mesmo sistema operacional escrito por uma empresa que não produz hardware. Pronto? Então vamos lá.

O Lado Ruim

Comecemos pelas más notícias (e não são poucas). Uma coisa com a qual usuários comuns não precisam se preocupar no iOS é com malware: se você instalou um app da App Store, ele é seguro, ponto final. No Android existe a opção de instalar software de qualquer origem, o que muitos veem como uma bênção, mas que reverte em uma dor de cabeça se você não tiver atenção redobrada no que vai colocar no seu celular. A não ser que você já use confortavelmente um iPhone com jailbreak e seja bem desenrolado com os recantos mais obscuros da internet, o Android pode trazer essa preocupação.

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Multitarefa no sistema do Google funciona quase como num PC, ou seja, se você não tomar cuidado, a CPU do seu celular vai devorar a bateria em pouco tempo (e olha que autonomia não é o forte desses aparelhos, especialmente dos que estão saindo com 4G), sem falar que a RAM vai faltar e tudo pode ficar lento. Isso pode ser contornado se você conseguir descobrir como encerrar um processo sem que ele fique rodando em segundo plano — ou, alternativamente, é possível instalar um gerenciador de tarefas para encerrar processos manualmente. Pura diversão.

[imagem: TechCrunch.]

O hardware que roda o Android também não é algo exatamente digno de odes: perto da precisão e do requinte do iPhone (especialmente o 4), nenhum smartphone nem chega perto. O iPhone 4 pode ter ficado menos charmoso que os anteriores, na minha opinião, mas ainda assim ele está anos-luz à frente de todos os Androids no mercado. E, se você não levar gosto em consideração, ainda assim a Apple dá um banho na concorrência, seja pela escolha de materiais (plástico não tem o mesmo apelo de vidro e aço) ou pela construção precisa e sólida de seu produto.

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Tem também o caso das telas: a sensibilidade delas está para a do iPhone como um machado está para um bisturi. É ruim desse tanto. “Ah, mas tem aparelhos com telas OLED de alta resolução!”, você pode dizer. Grande coisa: elas são terríveis ao ar livre e ainda por cima têm só a metade dos subpixels vermelhos e azuis. Depois do surgimento da tela Retina no iPhone 4, então, ficou complicado alegar que qualidade de display é um motivo para trocar o iPhone pelo Android.

E tamanho é documento? Há smartphones Android com telas maiores que a dos iPhones, mas será que isso é uma vantagem, como quiseram alegar com o DROID X? Lembre que você vai carregar esse aparelho no bolso — e, se for para escolher uma tela por causa do tamanho bruto, talvez smartphones não sejam o produto ideal pra você.

E as atualizações do Android? O Google está liberando uma fornada de doces depois da outra (a próxima, “Gingerbread”, já está indo pro forno). A vantagem disso é que o mercado não para, mas a (IMENSA) desvantagem é que os smartphones vão ficando pra trás muito rapidamente. Com o iOS 4, a Apple abandonou os primeiros iPhones e iPods touch — depois de três anos de suporte.

No Android, comprar um aparelho hoje não dá garantia nem de que será possível instalar alguma atualização que já esteja circulando: o Google determina as especificações mínimos arbitrariamente, aí passa a base do Android pros fabricantes, que adaptam o código junto à operadora e talvez (talvez) seu smartphone possa ser atualizado.

E é bom pensar bem antes de fazer a mudança de uma plataforma pra outra, pois tudo o que tiver DRM da Apple, especialmente apps, vai ser perdido. Se você tiver gastado dezenas (ou centenas) de dólares em compras na App Store, tudo vai sumir numa nuvem de poeira quando você começar a usar o Android — e, se quiser, você vai ter que comprar tudo de novo… se esses apps existirem no Android Marketplace, é claro. 😛

O Lado Bom

Depois de bater, vamos assoprar: com o Android, você terá acesso a coisas que ou são apenas um sonho, ou então são soluções pagas no iOS. Pra começar, o Google Maps Navigation vem integrado no sistema operacional desses aparelhos. Depois, tem o fato de todos os campos de texto suportarem reconhecimento de voz no lugar do teclado (apenas em inglês, por enquanto, o que é uma pena).

Outra coisa muito boa é a integração do Android com a web. Ao contrário de um iPhone, um smartphone com o Android pode existir tendo contato apenas com a tomada. Nada de cabos USB para sincronizar contatos, calendários ou para atualizar o firmware! Todos os seus dados podem ser puxados diretamente da nuvem sem jamais ter que se conectar a um computador — contanto, é claro, que você use os serviços do Google.

E os sistemas de notificação? Nesse ponto, o Android coloca o iOS no bolso: você consegue coletar com uma olhadela mais informações do que três toques, um swipe e a passagem por cinco apps não conseguiriam. Isso sem mencionar os benditos controles de conectividade na Home Screen — sério, ligar/desligar Wi-Fi sem precisar cavar dois níveis de preferências é uma dádiva. Falando em Wi-Fi, que tal transformar seu aparelho num hotspot ambulante? No Android, você pode!

Quem curte estar sempre com o que há de mais moderno e inovador certamente vai se sentir mais à vontade com um Android. E sempre existe uma porta amiga para você conectar algum cabo — HDMI e USB, por exemplo. De maneira geral, o Google tem uma postura bem diferente da Apple em termos de funcionalidade: o iPhone só ganha um recurso se ele puder ser classificado como “o melhor do mercado”; o Android, por outro lado, é atulhado de coisas, sejam elas perfeitas ou não.

Por fim, e aqui vem algo menos palpável que essas outras vantagens, vem a questão de você estar do lado da “oposição”. Não importa tanto saber que foi inventado primeiro, mas uma coisa é certa: o Android chegou ao mercado com a missão de destruir o Windows Mobile. Ou melhor, o Windows Mobile já tinha sido enterrado debaixo de sete palmos de cal pelo iPhone… Daí o Android ser o principal rival do iPhone: a Apple é “situação” no mercado de smartphones modernos (Nokia e RIM que me perdoem, mas vocês deixaram de ser relevantes, só têm quantidade).

Usar o Android é defender a “liberdade”: desenvolvedores não precisam da aprovação ou dos contracheques da Apple, usuários não ficam amarrados ao iTunes. Mas… será que você vai pensar em liberdade quando quiser uma screenshot?

O Outro Lado

Tem coisas no Android que não são exatamente piores ou melhores que no iPhone; elas são apenas “diferentes”. Você consegue se acostumar com inconsistência nos apps desenvolvidos por terceiros? Por um lado isso pode ser bom, já que dá liberdade aos criadores do software; por outro lado, você nunca sabe com certeza onde estão certos comandos.

Que tal um teclado físico ou virtual com layout de teclas completamente diferente do iOS? Como você se sente com o fato de o Android ter quatro botões “físicos” (uns são clicáveis, os outros são apenas sensíveis ao toque) sempre presentes no rodapé da tela? Detalhe: o que encerra apps fica perigosamente perto da barra de espaços no teclado virtual. Ter uma bateria igualmente removível seria realmente uma vantagem?

Uma coisa que todos os Androids têm em comum: cartões de memória. Se a presença deles é um mérito ou um defeito, fica a cargo do usuário. Se de certa forma é bom poder contar com memória removível, as coisas podem ficar bem caóticas se você não souber se organizar.

Conclusão

E então, é possível deixar o iPhone pra trás? Existem pessoas que querem e conseguem, contrariando as expectativas de certos fãs da Maçã. É fácil? Aí é que está o grande lance: nunca é fácil. Seja mudar do Windows XP pro Mac OS X, do Linux pro Windows 7, do iPhone pro Android ou vice-versa, mudanças sempre são um pouquinho traumáticas.

No final das contas, nenhuma empresa obriga ninguém a comprar o produto X ou Y. Todos somos livres para consumir o que quisermos, mas essa liberdade traz consigo a responsabilidade de sabermos o que estamos comprando. Informar-se sempre é a melhor forma de evitar surpresas desagradáveis: como dizem, “a informação é a maior arma do consumidor”.

Aproveite os comentários deste post e conte um pouco de sua experiência com transições deste tipo! Quais as primeiras dificuldades, o lado bom, o lado ruim, as coisas que eram diferentes, mas que com o tempo se tornaram habituais… Este post fala especificamente de smartphones, mas se quiser contar de uma troca de sistema operacional ou até de marca de automóvel, fique à vontade. 😉

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