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Design de interface para iPhone OS: o que muda com o iPad?

Durante a última keynote — “Latest Creation” —, desenvolvedores receberam a notícia de que seus apps para iPhone/iPod touch também rodarão no já famoso iPad. Ótimo, mas será que “esticar” é suficiente para levar suas ideias a um novo aparelho?

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Ainda é cedo, eu sei, mas vamos falar sobre o que já foi mostrado…

Considerações da interface

Na minha visão, o iPad pode muito bem ser um computador para quem não gosta de computador. O Halex comparou o novo gadget com o Wii em relação a outros videogames, e achei bem pertinente! Faz ainda mais sentido quando vemos os apps nativos com interfaces mais atrativas (ou talvez “divertidas”) e a Apple enfatiza isso recomendando que eles não se pareçam com programas de computador.

O Calendar e o Contacts são fiéis a uma agenda, com direito a costura das páginas. O Mail e o Photos organizam pilhas de papéis para os emails e fotos, respectivamente. O Notes está numa capa de couro e o iBooks traz a (já batida) prateleira de livros e representação de páginas.

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A alta resolução do display também colabora para esses gráficos mais detalhados e “reais”.

Na imagem abaixo vemos que nem sempre o modo landscape é igual à tela na vertical: ele é adaptado ao espaço. Muitos reclamam que o iPhone, na horizontal, exibe menos texto em mais espaço. Pode ser que o objetivo inicial da posição landscape seja mesmo dar um zoom no texto, mas não é para isso que a maioria está usando. ;-P

Fraser Speirs — conhecido desenvolvedor da plataforma Mac — reuniu em seu Flickr diversas imagens da interface do iPad retiradas do próprio vídeo de apresentação do produto. De cara, as telas mostram que o agrupamento dos botões ficou ainda mais evidente: navegação à esquerda, outras ações à direita. Começam aí os detalhes para melhor utilizar a largura disponível, lembrando que essas não são regras, e sim recomendações.

Notei que o uso de tooltips (ou popovers, como preferir) aumentou bastante. Até agora elas foram usadas para selecionar, copiar e colar, mas no iPad ganharam as funções de configuração. Outro ponto é o foco no centro da tela: ao digitar um novo email, por exemplo, a caixa aparece centralizada numa visão modal, sobre a tela do Mail. Essa é mais uma recomendação da Apple: evite mudar a tela toda, atualizando apenas uma determinada área ou sobrepondo esses elementos.

O tamanho da tela

A opção de dobrar o tamanho de um app já existente ocupa quase todo o iPad, mas como fica o resultado? Se tudo foi feito pensando no iPhone — tamanho da fonte, espaçamento dos botões, divisão das páginas, etc. — não é apenas a resolução que ficará prejudicada.

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Vale lembrar que isso também influencia no uso da touchscreen. A área maior possibilita mais gestos, inclusive de mais de uma pessoa. Jogos? 🙂

E aí, vale a pela esticar ou adaptar?

O preço estica também?

Por um lado, no caso de apps pagos, o usuário terá que gastar mais por um aplicativo já comprado. Por outro lado, é para benefício dele mesmo que a interface seja adaptada para o melhor proveito.

Será que os preços serão proporcionais à tela ou vão caminhar junto à iPhone App Store? Quem responderá isso é o tempo e o comportamento, tanto do desenvolvedor — determinando o preço —, como do público — para escolher e comprar os apps. O número de vendas também pode influenciar, já que os preços atuais são baixos por considerarem o “vender mais por menos”, e o iPad não vai aparecer do nada com a mesma base de usuários do iPhone.

Testar, #comofaz

Diferente do iPhone, o SDK do iPad saiu _antes_ do lançamento do produto. Poucos são os desenvolvedores que já têm acesso ao iPad, e imagino que muitos nem vão chegar a comprar o gadget, implicando muito no resultado final dos apps.

Como já comentei por aqui, é importante que as aplicações sejam testadas fora da tela, ou seja, segurando o iPhone/iPod touch para verificar o apoio das mãos de maneira confortável, alcançando os controles sem dificuldade e sem cobrir a saída de som, por exemplo. O iPad é maior e esse apoio não será o mesmo.

Será que a Apple vai segurar a iPad App Store e dar um tempo para que os interessados possam comprar e testar seus projetos ou, pelo menos no início, teremos uma App Store lotada de versões beta? O Marco Arment também falou a respeito disso em seu blog.

Dicas precipitadas

Por que precipitadas? Muita gente anda escrevendo como se tivesse profundo conhecimento do iPad sem o ter visto, tampouco o usado para testes. Levou um bom tempo para a própria Apple posicionar o iPod touch como uma plataforma de jogos, então não adianta ter a certeza de que sabe pra onde isso tudo vai… Ainda nem conhecemos todos os recursos dele e falta uns meses pra isso acontecer. ;-P

Considerando isso, é claro que já pensei muito a respeito e, com base nesses devaneios, apostaria em três dicas.

Foco no conteúdo
Enquanto estamos discutindo _tanto_ sobre os recursos, o preço e a concorrência do iPad, o que menos é lembrado é o que (pelo menos na minha visão) mais importa: o conteúdo. É como passar horas discutindo se a melhor televisão é a da Sony ou da Samsung, e esquecer de pensar no que nela será exibido, que é o que realmente “faz” a TV.

O ex-Slate foi colocado de frente com o Kindle, tratado como leitor de jornais, revistas e quadrinhos. E o acesso à informação não para por aí, desde a leitura (ex: da Wikipédia ao iBooks) até a produção (ex: do Pages ao Brushes).

Distribuir conteúdo deveria ser bem mais importante e discutido do que toda essa polêmica em torno do Flash, afinal, quanto mais meios de compartilhar informação, maior é o incentivo à produção e à divulgação de boas obras. E isso só tem a acrescentar! Se hoje já chegamos aos 140 mil títulos na App Store, imagina o número de livros (ou qualquer outra produção de conteúdo) que pode estar por vir.

Sincronização e compartilhamento
A Apple deixou claro que quer incentivar o compartilhamento: o que está no iPad não deve ficar preso nele. E se a ideia é acessar em mais de um aparelho, só faz sentido se houver sincronização desses dados.

Então, se existe um app para cada um, a dica é que eles trabalhem juntos!

Jogos
Se o iPod touch já é um grande sucesso como plataforma de jogos, o tamanho e a resolução do iPad trazem ainda mais possibilidades, até mesmo para mais de um jogador no mesmo aparelho — como disse no decorrer do artigo.

Os games podem atingir desde crianças nas primeiras fases de aprendizado até os mais velhos — mais uma vez fazendo a comparação com o Wii — e, principalmente, jogos de cartas e de tabuleiro que ficam complicados numa tela de 3,5 polegadas devem se acomodar muito bem num iPad no centro da mesa, hehe! Seria um novo modelo?

· · ·

Muita coisa para algo que ainda nem chegou às lojas, hein? Mas estava me segurando até agora para não escrever precipitadamente sobre o iPad e tornar o assunto redundante.

Ficam aí as minhas primeiras impressões (não só da interface) sobre a novidade! 😉

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