Steve Jobs deixou bem claro no último evento o que todos nós já sabemos faz tempo: o iPod touch é um iPhone sem telefone (entenda-se “sem contrato nem vínculos com operadoras”) e isso o torna tão atraente quanto, se não mais sedutor, que seu irmão smartphone. Mas será que o touch realmente substitui um iPhone?
Kevin Tofel, do GigaOM, acha que não. Na opinião dele, três coisas que fazem do iPhone um gadget de sucesso ainda estão faltando: a câmera, o GPS e um plano de dados.
Sem poder se localizar usando informações de satélite, um iPod touch precisa contar com redes Wi-Fi para saber onde está. A mesma dependência existe na hora de fazer qualquer coisa relativa a dados: sem um hotspot, você fica completamente isolado do mundo. Uma solução para isso seria fazer como no iPad e oferecer um iPod touch capaz de usar redes de dados 3G sem a necessidade de contratos.
Eu acho que isso é procurar do que reclamar. Mais uma antena, mais um chip, vínculo (ainda que efêmero) com uma operadora de telefonia, maior consumo de bateria, preço inicial muito maior… Uma coisa é tacar US$130 extras numa tablet de quase 10 polegadas que já custa pelo menos US$500, mas outra é cobrar 50% a mais num aparelhinho focado em adolescentes (sim, o iPod touch não é direcionado para “adultos”).
O que nos leva à câmera: entre 7,2mm de espessura pesando pouco mais de 100 gramas e 9,8mm/140 gramas, eu fico com o gadget 30% mais fino e 40% mais leve. E daí, se as fotos são de 0,7 megapixels? É preciso uma pessoa ser meio tapada pra achar que vai usar um iPod pra fotografar algo importante como um casamento ou coisa do tipo. E quem tira fotos para impressão não se mete a usar um smartphone, ataca logo com um DSLR de vergonha, em vez de querer ordenhar um sensor menor que uma unha de bebê.
No fim das contas, o iPod touch é, sim, um iPhone 4 sem telefone — e podemos até dizer que ele é bem mais esbelto e bonito. Não é à toa que o gadget vende muito bem, obrigado: segundo estimativas feitas pelo asymco, 37,7% dos dispositivos iOS à solta são touches. Somando-os aos iPads, temos saudáveis 43,7% de dispositivos que não são iPhones — e a tendência é o iPad ajudar a puxar esse número para lá de 50% em pouco tempo. Diga-se de passagem que o Android está perdendo 45,2 milhões de oportunidades, por não ter um concorrente direto pro iPod.
Apesar de ser um verdadeiro fenômeno tecnológico, o telefone da Apple provavelmente vai ter que ceder um pouco mais de seu espaço sob os holofotes para o iPod e o iPad. Mas, claro, telefones subsidiados por operadoras dão (e custam) muito mais dinheiro que gadgets vendidos sem contrato nenhum: pelo menos quem não tem tanta bala na agulha não vai ficar chupando o dedo.