Ben Reitzes, da Barclays, teve uma conversa com Tim Cook e Peter Oppenheimer sobre a iminente concorrência do Kindle Fire, tablet da Amazon.com a qual será lançada em 15 de novembro custando apenas US$200. A impressão do analista? De que a Apple não apenas não está com medo do Fire como também o vê sob uma luz positiva, pois ele poderá piorar mais ainda a já péssima fragmentação do Android, adicionando uma plataforma extra.
Apesar de ter como base o sistema operacional móvel do Google, o Kindle Fire não contará com nenhum serviço da gigante de buscas, incluindo aí o Android Market. A tablet de 7 polegadas vai contar, porém, com integração às lojas de apps, músicas, livros e filmes da Amazon.com.
Ver tal situação como ruim para o Android faz sentido (dizer que o Fire é a pior coisa que já aconteceu pro Android não seria exagero), só que Cook e Oppenheimer estão na mesma posição que Andy Rubin e Andy Lees ao falar da Siri: é óbvio que eles não vão dizer “Achamos o Kindle Fire fantástico e vamos até comprar um pra cada membro de nossas famílias!” Ou seja, tem uma boa dose de bravata corporativa nisso.
Por outro lado, recentemente eu estava falando sobre o Pixelmator em comparação ao Photoshop e me ocorreu que esses dois aplicativos são (guardadas as devidas proporções) similares ao Kindle Fire e ao iPad: um custa bem menos que o outro, mas se presta ao mesmo fim; um vem de uma empresa com tradição no ramo, o outro é de uma concorrente ousada, e, mais importante, o maior não se abalou com o sucesso do menor, pois há espaço para ambos. Creio que a única diferença nessa analogia é que o Pixelmator custa 10% e oferece 90% do Photoshop, enquanto o Fire custa 40% e oferece 40% do que você teria num iPad.
Ah, e mais uma coisa… Reitzes aposta que a Apple poderá ficar mais agressiva ainda com o preço do iPad no futuro, mas sem comprometer a qualidade do produto ou a experiência de uso. Aí, sim, seríamos todos surpreendidos novamente!
[via SAI]
Atualização
Além destes comentários sobre a concorrência do Kindle Fire, Ben Reitzes também falou sobre as previsões de gastos da Apple para 2012: o analista acredita que, se os investimentos representarem 5% das receitas no ano (o que seguiria o crescimento de 3% a 4% ao longo de 2006–2010), isso poderá indicar que a Maçã vai arrecadar US$160 bilhões ao longo dos próximos 12 meses. Oficialmente, porém, Reitzes acredita que as receitas serão de US$142 bilhões.
Adicionalmente, o analista da Barclays acredita na possibilidade de a Apple pagar dividendos, vê a recompra de ações como algo menos provável, encara a previsão de 30,7 milhões de iPhones vendidos neste trimestre como conservadora e aposta no iCloud como o produto mais sorrateiro do ano — ou seja, apesar de pouco alarde inicial, poderá ser o um fator importante para o sucesso da Maçã a longo prazo.
Reitzes traçou um preço-alvo de US$555 para a NASDAQ:AAPL — ela opera agora pouco acima dos US$401, com alta de cerca de 1%.