Já virou tradição: finalizada a WWDC21, John Gruber se reúne com alguns executivos da Apple para discutir as novidades anunciadas na conferência e trazer alguns detalhes extras que possam ter passado despercebidos pelo turbilhão da última semana.
Em 2021, não foi diferente: para o Talk Show Remote From WWDC 2021, Gruber recebeu (virtualmente, como manda o figurino atual) o vice-presidente de engenharia de software Craig Federighi e o vice-presidente de marketing global Greg “Joz” Joswiak.
Entre uma série de tópicos discutidos, um dos mais destacados foi — evidentemente — a questão da privacidade. Mais uma vez, Joz ressaltou que a Apple acredita no elemento como um “direito humano fundamental”, e que seus produtos são pensados do zero com a privacidade no seu epicentro.
Sobre isso, os executivos comentaram alguns dos recursos apresentados na WWDC21, como o iCloud Private Relay e o Mail Privacy Protection. Joz falou o seguinte:
A maioria dos usuários não tem qualquer ideia que os emails que eles abrem não apenas avisam ao remetente que foram abertos, como também enviam de volta seus endereços de IP. Isso permite que os remetentes potencialmente decifrem outras atividades que os usuários praticam online. Para nós, é simples assim — nós queremos transparência e controle.
Federighi, por sua vez, detalhou como o iCloud Private Relay é diferente e como ele poderá ser usado por todos os usuários, não apenas os do iCloud+.
Existe um recurso agora embutido no Safari, seja você usuário do iCloud+ ou não, no qual seu contato com rastreadores conhecidos ocorre por meio de um relay. Você contata o CNN.com, por exemplo, e digamos que o CNN.com inclui referências a rastreadores conhecidos e eles tentam fazer os acessos. Por padrão, o Safari — como parte da Prevenção Inteligente de Rastreamento — usa o relay para garantir que seu endereço IP não será compartilhado com essas solicitações. Isso vale para todos usando o Safari. E com o iCloud+, você tem esse nível extra de proteção no qual todo o seu tráfego no Safari passa por um relay de múltiplos níveis.
O processamento de pedidos à Siri no dispositivo também foi um dos temas da conversa, e para além dos benefícios óbvios de privacidade — afinal de contas, sua comunicação com a assistente nunca deixa o seu aparelho —, os executivos comemoraram o fato de a novidade deixar a Siri mais rápida e eficiente.
Federighi afirmou o seguinte:
A velocidade é incrível. […] Não só você deixa de se preocupar com a rede em que está para esses tipos de pedidos, mas a responsividade também é um ganho enorme. E isso se aplica a todos os tipos de aprendizado de máquina no dispositivo: você não quer lidar com a instabilidade da sua rede, o estado da sua conexão… você só quer que as coisas funcionem. Estes são dispositivos móveis, certo? Você quer que eles funcionem onde quer que você esteja, e tornar a Siri local desta forma é fantástico para a experiência do usuário.
Os executivos discutiram também o recurso de Controle Universal do iPadOS 15 e do macOS Monterey 12, que permite usar o teclado e o trackpad do Mac no iPad sem qualquer configuração adicional.
Federighi explicou que o time de engenharia da empresa testou “várias ideias malucas” sobre como o recurso funcionaria, inclusive usar ondas ultrassônicas para detectar o posicionamento de um dispositivo em relação ao outro, mas no fim das contas a equipe acabou optando pela simplicidade:
Você vai mover o cursor em direção ao iPad. Você está nos dizendo algo quando você faz isso? Nós podemos tirar vantagem disso e dizer “Ok”, e então lhe dar uma indicação dizendo “nós achamos que você está tentando fazer isso, está mesmo?” — e, a partir daí, tirar vantagem da linguagem visual do iPad para refletir isso e criar uma forma natural de, digamos, puxar o cursor.
Ainda sobre o iPadOS, Federighi explicou sobre como as “migalhas de pão” foram o conceito fundamental na construção do novo sistema de multitarefa do sistema:
Da última vez que mexemos no sistema de multitarefa, nós começamos a trazer o drag & drop ao iPadOS. Então uma série de coisas estava convergindo, e nós trouxemos o Dock no qual você poderia acessar os apps e o ato de tocar e arrastar poderia ser uma forma dominante de interagir com o iPad. Então nós nos apoiamos bastante naquilo, mas você está certo ao afirmar que o drag & drop é essencialmente uma capacidade escondida. Não tem nada no sistema dizendo “arraste aqui para fazer isso”.
Este ano, nós nos focamos em dizer “vamos nos certificar de que essas migalhas estão em cada estado da operação”. Em alguns casos, nosso design antigo poderia ter algumas situações nas quais você poderia fazer uma coisa em uma direção e, na “viagem de volta”, havia uma quebra na simetria. Era difícil voltar da forma como você esperaria. Nós conseguimos resolver tudo isso.
Nós também introduzimos essa nova ideia chamada Prateleira (Shelf), que lhe dá um “lugar” caso você esteja trabalhando em algo — uma janela lá em cima que você pode arrastar para voltar àquele “lugar” depois. Uma coisa que nós percebemos com a experiência é que, em alguns momentos, nós abrimos diferentes janelas do Safari. Ou várias mensagens do Mail que queremos ler em janelas separadas. Então, quando elas somem de vista, nós simplesmente perdemos o controle sobre elas. A prateleira cumpre esse papel: ao abrir o Safari, ela mostra a última janela do Safari que você acessou, mas na parte de baixo mostra também todas as outras que você tem abertas. De novo, é uma migalha visual, para trazer de volta à sua mente o que você tem ali.
A entrevista completa de Federighi e Joz, que conta ainda com uma série de outros tópicos — como o novo aplicativo Fotos, as novidades do macOS Monterey e a SwiftUI — pode ser vista aqui.
