Você é fã de uma banda, eles lançam um novo CD e você quer só uma faixa. Quem aqui nunca encontrou este tipo de situação:
Há pouco tempo, mesmo que você quisesse ter apenas aquela faixa desejada, era obrigado a comprar o álbum todo. Lançamentos custavam uma fortuna, não é mesmo?
É começando com esse exemplo que quero apresentar a minha opinião sobre o futuro da TV paga, e a Apple TV de quarta geração tende a ter um papel protagonista nessa história. Esqueça o valor surreal alto dos produtos em nosso país; o que estamos analisando, aqui, é o potencial de um modelo de negócios de sucesso: aplicativos na sala de televisão.
Disponibilizando aplicativos através de uma App Store, a Apple TV finalmente segue o caminho que eu acredito ser o futuro da televisão paga: você baixa os canais que deseja e os assina fazendo a melhor combinação para você. Por que isso é o futuro? Pois não faz sentido ter planos com 300 canais se você assiste a apenas 10 ou 20. Os pacotes das operadoras são recheados de opções que nem eu nem você jamais iremos assistir. Então, por que pagar para isso? Pois as operadoras separam aqueles canais “chaves”, mais desejados, em diferentes planos, nos forçando a adquirir o mais completo para termos apenas esses 10-20 que realmente queremos.
Mas voltando à Apple TV, ainda que alguns desses canais já estejam disponíveis através de aplicativos na App Store, a maior parte deles — inclusive nos EUA — requer uma assinatura de TV a cabo para liberar acesso à programação.
Na minha opinião, mesmo o cenário ainda “capenga”, estamos diante de um divisor de águas muito parecido do que foi a iTunes Music Store para a música. Se o modelo for bem aplicado — e isso depende das negociações da Apple com provedores de conteúdo —, poderemos ver o fim do modelo de assinatura paga de TV que temos hoje. Alguns deles saíram na frente, como HBO, Showtime e Esporte Interativo. Com esse modelo, basta escolher: esportes? Jornalismo? Música? Séries e filmes? Clássicos? O que você quiser estará lá, ao alcance do seu ID Apple.
Isso por si só já é bom. Mas não para por aí…
Jogos
A enorme vantagem da Apple frente aos seus concorrentes é a imensa comunidade de desenvolvedores. Ao lançar a nova Apple TV, dezenas de produtoras de jogos abraçaram a causa e desenvolveram novos games ou atualizaram os já lançados para que eles rodem na set-top box — a maior parte casuais, que remetem um pouco à experiência de jogos em um Nintendo Wii.
Um desses exemplos é Crossy Road, jogo da galinha que atravessa a rua o qual ganhou algumas novidades legais para ser jogado na TV grandona.
https://www.youtube.com/watch?v=a8onbgdq8cI
A possibilidade de se emparelhar um controle Bluetooth fabricado por terceiros também é algo inédito nas Apple TVs, alavancando o potencial do mercado de acessórios — algo que a Apple faz como ninguém.
Mas ainda vamos além, pois além de apps de canais de TV e jogos, temos ainda o arsenal de aplicativos “comuns”, que estamos acostumados a ver em nossos Macs, iPads, iPhones e iPods touch.
Apps
Confira alguns exemplos de experiências proporcionadas pela App Store na nova Apple TV:
Periscope
Assistir a vídeos do Periscope na Apple TV é algo realmente diferente do que estamos acostumados em relação ao serviço. Ao menos por enquanto, não é possível logar nele e a escolha de vídeos é feita de forma aleatória.
Tangram
O Tangram é um cliente de Instagram para Apple TV. Ele nos permite visualizar, curtir e buscar todos os conteúdos da principal rede social de fotos existente hoje no mercado.
O aplicativo é muito bonito e visualizar tanto as suas fotos quanto as dos seus amigos na tela grande é uma experiência realmente bacana.
Airbnb
Uma reserva no Airbnb é algo que requer uma certa discussão. A experiência de se visualizar os quartos na TV da sua sala/quarto torna a experiência algo realmente interessante.
O app apresenta belíssimas e enormes fotos dos locais, bem como permite a adição de locais como favoritos. Mas reservar por ali, ao menos por enquanto, ainda não é possível.
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Outras experiências não tão usuais que a nova Apple TV oferece incluem desde pesquisa de hotéis pelo TripAdvisor, compras pelo app Gilt, calculadora, calendário, uma lareira ou um aquário virtual, a visão da Estação Espacial Internacional, e por ai vai…
A questão chave e que definirá o sucesso da Apple TV é: será que a Maçã e os seus parceiros conseguirão revolucionar o modelo de televisão que conhecemos atualmente? Eu diria que, agora, as chances são muito boas.