Há pouco mais de um ano, Jakob Nielsen publicou um relatório sobre testes que fizera com as interfaces então disponíveis no iPad, identificando diversos problemas e apontando soluções. Hoje, um novo relatório traz conclusões sobre o que mudou (ou não) desde que a primeira tablet de impacto significativo chegou ao mercado.
Veja algumas informações sobre esta nova pesquisa:
- Há um ano, só era possível testar pessoas sem experiência com o iPad e apps disponíveis no dia do lançamento, dado que o gadget acabara de chegar ao mercado. Desta vez, foram chamados 16 usuários com pelo menos dois meses de experiência com a tablet (o normal seria um ano, mas isso limitaria demais o universo a early adopters), e foram sistematicamente testados 26 apps e 6 sites, além de observações pontuais serem realizadas com diversos aplicativos que os participantes tinham em suas tablets.
- Áreas para toque continuam sofrendo com problemas básicos: muitas são grandes o bastante para serem lidas, mas pequenas demais para serem tocadas; em muitos casos persiste a aglomeração de elementos sensíveis ao toque, algo que induz ao erro; além disso, há situações em que nada indica que uma determinada porção da interface é “tocável”.
- A recorrente falta de um botão “Voltar” deixa os usuários desorientados, quando eles tocam algo acidentalmente, de forma que acabam sem saber como retornar ao ponto de partida.
- O nível de consistência entre apps para a tablet da Apple aumentou consideravelmente de um ano para cá, facilitando a vida dos usuários.
- Cadastros muitas vezes são evitados pelo fato de as pessoas não gostarem de digitar na tela.
- Splash-screens demoradas podem ser engraçadinhas nas primeiras vezes que aparecem, mas logo perdem a graça. É altamente recomendável evitá-las.
- Apps que usam gestos de deslizar rotineiramente (como revistas, para passar páginas) sofrem de ambiguidade quando algum elemento adicional na interface requer o mesmo tipo de interação. Os usuários acabam sem entender por que o swipe “não funciona” — a intenção era mudar de páginas, mas o efeito conseguido é a interação com um gráfico, por exemplo.
- Há navegação demais (Too Much Navigation, ou TMN) nos apps — um caso é quando uma popover mostra uma lista imensa de miniaturas ou um carrossel sobre a interface, quando o ideal seria levar o usuário de volta a uma tela início.
- Tablets são gadgets rotineiramente compartilhados, então pode ser uma boa ideia não pressupor que apenas uma pessoa terá acesso ao gadget. Isso também aumenta a necessidade de criar um ícone que dê destaque ao seu app, já que ele provavelmente estará em meio a aplicativos instalados por vários usuários diferentes.
- Sites são uma boa pedida quando o foco é consumo de conteúdo puro e simples. Se for requerer muita interação por parte do usuário, porém, pode ser uma ideia melhor desenvolver um app.
- Os usos mais comuns do iPad foram jogos, email, redes sociais, vídeos e notícias. Navegação na web e pesquisas sobre compras também foram bastante citados, mas neste último caso os usuários ainda preferem usar seus PCs para efetuar as compras propriamente ditas, temendo pela segurança das transações.
O relatório completo, com suas 116 páginas, está disponível gratuitamente aqui [PDF; 14MB] e é uma leitura quase obrigatória para designers de apps e de sites direcionados a tablets.