Pode até ser que o promotor de San Mateo não queira mexer num vespeiro e processar criminalmente Brian Chen, editor do Gizmodo (site da Gawker Media), por causa da história do protótipo de iPhone 4 que foi “achado” num bar, mas isso não quer dizer necessariamente que a história acabou. Para o pessoal do CNET News, são grandes as chances de a Apple querer levar o caso adiante em uma vara cível, processando o blog por exposição ilegal de segredos industriais.
Caso os dois jovens acusados de apropriar-se indevidamente do iPhone esquecido no bar sejam condenados criminalmente, as chances de haver um processo civil contra a Gawker aumentam, mas mesmo sem essa condenação ainda é capaz de a Apple procurar a justiça simplesmente para não deixar o caso acabar em pizza.
Como eu disse no começo, essa situação é um grande vespeiro. De um lado, há quem acredite que jornalistas devem ser livres para usar quaisquer meios que julgarem necessários para difundir todo e qualquer tipo de informação sobre quem quer que seja. Do outro, há quem ache que um crime é um crime e deve ser punido como tal, não importa se foi cometido por um membro da mídia no exercício de sua atividade.
Se a finalidade for evitar abusos do Estado ou dos detentores do poder econômico, os jornalistas devem, de fato, contar com carta branca para proteger suas fontes e divulgar informações relevantes para a sociedade (se uma empresa está, por exemplo, despejando resíduos tóxicos num manancial). Resta saber que serviço foi prestado à sociedade, que abuso foi evitado quando um rapaz pegou um protótipo num bar, levou-o pra casa e o vendeu pra quem pagasse mais.