Entre todas as empresas processadas ontem pelo Departamento de Justiça (Department of Justice, ou DoJ) dos Estados Unidos, uma se destaca simplesmente por ser a única que não é uma editora de livros: a Apple. E é justamente ela que pode se dar bem nessa história, segundo especialistas consultados pela CNET.
Segundo eles, o DoJ tem de fato argumentos fortes contra as editoras, e não é à toa que três delas já estão firmando acordos extrajudiciais com o governo americano. Ainda assim, será complicado para o DoJ provar que de fato houve conspiração de preços entre elas, e não uma simples adoção do modelo de negócios proposto pela Apple, no qual ela fica com 30% das receitas de vendas.
Com relação à Apple, a coisa fica bem mais complicada para o DoJ porque ela não teve muito envolvimento nos preços definidos pelas editoras, apenas lhes propôs quebrar uma prática de anos — o que resultava no monopólio da Amazon.com — em prol do seu “modelo de agência”, atuando meramente como distribuidora de conteúdos. Os especialistas também citaram precedentes que poderão ajudar bastante a Apple e as próprias editoras contra o DoJ.
Para consumidores, a atitude do DoJ também poderá ser prejudicial, afinal, mesmo com essa mudança de paradigma a Amazon ainda detém cerca de 90% de market share. Ou seja, o DoJ está indo atrás justamente dos players menores, o que poderá fortalecer mais uma vez tal monopólio; é uma ilusão achar que isso tudo simplesmente acarretará em preços de ebooks mais baixos para todos. A Computerworld resume bem quatro bons motivos pelos quais a ação tomada pelo DoJ é ruim: contribuirá com o monopólio, prejudicará livrarias pequenas/independentes, prejudicará autores e o fato de a própria Amazon também ter uma espécie de “modelo de agência” em vigor.
É como eu li por aí, ainda ontem: um livro digital custando US$10 é certo, tranquilo, tudo beleza… mas um de US$12 é uma conspiração total. Heh.