O headset de realidade aumentada/virtual da Apple tem tudo para ser a próxima incursão da empresa em território (ao menos parcialmente) desconhecido, mas seu desenvolvimento é uma história de altos e baixos que já se arrasta há muitos anos — e que nós acompanhamos basicamente por rumores, alguns deles desencontrados, e histórias de bastidores.
Pois hoje, uma reportagem de Wayne Ma para o The Information chegou para traçar um histórico completo do dispositivo — explicando, assim, as razões para ele ter tomado a forma que atualmente parece ter e as dificuldades enfrentadas pela equipe responsável.
Segundo a matéria, o desenvolvimento do headset começou em 2015 e, apenas um ano depois, a equipe do dispositivo já tinha uma série de protótipos para apresentar aos principais executivos da empresa. Entre os “testadores”, estavam vários membros do conselho da Apple, como o ex-vice-presidente Al Gore e o então CEO1Chief executive officer, ou diretor executivo. da Disney Bob Iger, mas os protótipos ainda eram bastante iniciais: alguns deles eram versões modificadas do HTC Vive, enquanto outros rodavam Windows.
As demonstrações impressionaram: em um exemplo apresentado, um pequeno rinoceronte aparecia na mesa em frente do usuário, podendo ser expandido para o “tamanho real”. Por outro lado, os protótipos físicos em si ainda estavam longe do ideal — um dos dispositivos era tão pesado que precisava de um “pequeno guindaste” para ser erguido, acabando com o pescoço e a coluna dos testadores.
Ficou claro, portanto, que o desenvolvimento teria de continuar nos próximos anos — e Mike Rockwell, ex-executivo da Adobe, passou a liderar a iniciativa. A equipe do headset, entretanto, logo encontrou um problema grave: um interesse pouco entusiasmado por parte de Tim Cook e de várias outras equipes da Apple.
Uma história específica ajuda a ilustrar essa falta de interesse: no início de 2018, a equipe pediu ao time de hardware de câmera da Apple que construísse um recurso de firmware para melhorar a velocidade de captura e exibição de imagens das câmeras do dispositivo — tudo isso para apresentar um novo protótipo do headset aos principais executivos da empresa. A equipe de câmera, entretanto, disse que o “projeto não era uma prioridade” e o time teria de esperar até depois do lançamento do iPhone XS, no último trimestre do ano.
Jony Ive, embora não diretamente envolvido no projeto, teve bastante influência no seu desenvolvimento: foi o designer quem sugeriu que o headset não poderia ser dedicado apenas a realidade virtual, pois “ninguém iria querer usar um dispositivo desses” por muito tempo. A influência de Ive levou a equipe a repensar o headset como um aparelho de realidade mista (virtual/aumentada), mais discreto e possível de ser utilizado por longos períodos.
Rockwell e sua equipe também consideraram utilizar baterias substituíveis no dispositivo, para que ele pudesse ser utilizado por todo o dia. A ideia, entretanto, foi descartada pela complexidade técnica e pouca acessibilidade — em vez disso, ficou acertado que o headset teria uma bateria interna e poderia durar “algumas horas”, sem capacidade para um dia todo, entretanto.
O fato é que, agora, parece que as coisas estão nos trilhos: de acordo com os últimos rumores, é provável que o headset da Apple entre em cena já no ano que vem — resta saber, entretanto, detalhes importantes como seu preço e seus recursos. Quais são as vossas expectativas?
via MacRumors
Notas de rodapé
- 1Chief executive officer, ou diretor executivo.