Suítes de produtividade, como o Office 365, o Google Docs ou o iWork, são presença constante em instituições de ensino (os dois primeiros, principalmente). O que fazer, então, quando toda a rede educacional de uma localidade bane esses produtos? Essa é a pergunta que o estado de Hesse, na Alemanha, terá de responder.
Como informou o TNW, a Comissão para a Proteção de Dados e Liberdade da Informação de Hesse (HBDI) determinou que as três principais suítes de produtividade do mundo não cumprem com as regras do GDPR, o Regulamento Geral de Proteção de Dados da União Europeia. Por isso, as escolas do estado não mais poderão usar os aplicativos e serviços dessas três plataformas — ao menos até que elas façam uma mudança importante.
Basicamente, o problema está nas informações enviadas pelos aplicativos a servidores nos Estados Unidos, que podem ser desde relatórios de diagnóstico de software até informações pessoais do usuário, como frases escritas num processador de texto e o assunto de um email (que podem ser processadas pelas empresas americanas para ferramentas de tradução ou correção de ortografia).
O GDPR não bane esse tipo de comportamento em si, mas exige que os usuários das plataformas de produtividade concordem expressamente com o envio de seus dados a servidores estrangeiros. Como estudantes menores de idade ainda não chegaram à idade de consentimento para autorizar esse envio, o processamento de dados delas é considerado ilegal pela União Europeia.
A Microsoft tinha uma estratégia para contornar o imbróglio: até o ano passado, todas as informações processadas pelo Office 365 na Alemanha eram enviadas a um data center localizado no próprio país, o que tornava as operações da suíte regularizadas por lá. As instalações, entretanto, foram desativadas em agosto de 2018 e a empresa voltou a transmitir os dados para seus servidores nos EUA — o que foi o estopim para essa nova determinação do estado de Hesse.
É bom notar que, na prática, Google e Apple não serão afetados por essa decisão, já que as escolas de Hesse usam apenas a suíte Office 365 para fins acadêmicos. O acontecimento, entretanto, pode gerar preocupação para as empresas porque pode ser usado como espelho para que outras localidades na Europa apliquem a mesma lógica às suas políticas educacionais — o que seria um balde de água fria, por exemplo, na expansão educativa da Maçã.
Não está clara qual direção as escolas de Hesse tomarão agora, mas o estado sugeriu que as instituições troquem suas assinaturas do Office 365 por licenças avulsas da suíte de produtividade da Microsoft, que rodam apenas nos próprios computadores das escolas e não exigem conexão com servidores estrangeiros. Resta saber o custo dessa transição.