Quando revelados com as versões de teste do iOS 4.3, os gestos especiais de multitarefa para iPads chamaram a atenção de muita gente e causaram enorme entusiasmo, por permitirem a operação da tablet sem a necessidade de botões físicos — com movimentos de quatro dedos, é possível alternar entre apps rapidamente, enquanto a Home Screen da tablet fica acessível através de um gesto de cinco dedos. Os aprimoramentos são bem-vindos, mas talvez seja bom encarar a intenção deles com um pouco de cuidado.
Não é à toa que esses gestos não foram liberados no iOS 4.3 por padrão, em seu build final: é bem provável que os engenheiros da Apple tenham ciência de que nem sempre virá a calhar usá-los. Segundo o desenvolvedor Guy English, impor gestos de quatro e cinco dedos para uso universal em todo o sistema operacional pode causar problemas com determinados aplicativos que utilizem a interação natural com iPads de forma exaustiva.
Tome os instrumentos de toque do GarageBand como exemplo: dependendo de como você usar quatro ou cinco dedos na tela ao tocar violão ou qualquer outro instrumento, é possível alternar para outro programa ou fechar o atual sem querer. Com gestos multitarefa atuando em todo o iOS, desenvolvedores seriam obrigados a limitar o desenvolvimento dos seus programas para o uso de até três dedos, a fim de não esbarrar nesse tipo de problema — o que é um desperdício, pois o iPad reconhece cada dedo da sua mão e permite a criação de programas que usem todos eles perfeitamente.
Há uma série de potenciais soluções para manter esses gestos como parte da experiência de uso do iOS — oferecê-los opcionalmente e/ou permitir que programas os desativem é um exemplo. Porém em nenhum caso eles são aparentemente capazes de substituir o botão Home do iPad. Muitos encaram isso como a progressão manual das coisas, mas, apesar de não parecer, tal ação exigiria uma readaptação enorme para muita gente.
Por ora, segundo John Gruber (do Daring Fireball), os rumores da morte do botão Home são infundados. “As pessoas *amam* o botão Home“, conclui ele.
