O melhor pedaço da Maçã.
Público na WWDC 2018

Vocês também sentem saudade dos eventos presenciais da Apple?

Se eu lhe pedir para pensar em um evento memorável da Apple, ou então em algum momento específico de uma keynote que tenha lhe marcado, eu aposto que a maioria de vocês buscará nos arquivos da memória algo envolvendo uma pessoa em um palco, talvez acompanhada por aplausos ou risadas da plateia, certo?

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Em 1999, Phil Schiller saltou de uma plataforma para provar que o iBook tinha conectividade sem fio.

Pois bem. A última vez que algo assim pôde acontecer foi em setembro de 2019, quando Tim Cook e sua trupe apresentaram as datas de lançamento do Apple Arcade e do Apple TV+, o iPad de sétima geração, o Apple Watch Series 5, e a gênese da linha Pro com a linha iPhone 11.

De lá para cá, evidentemente passamos por uma pandemia que obrigou a Apple a improvisar e adaptar a forma de apresentar seus produtos. Saiu de cena o evento presencial e entrou o evento 100% pré-gravado.

O primeiro experimento com esse formato foi em março de 2020, quando a Apple anunciou de surpresa, em um vídeo de pouco mais de 2 minutos e duração, a chegada do suporte a mouses e trackpads no iPadOS. Em junho do mesmo ano, veio a WWDC20 com o embrião do que se tornaria esse novo formato completo.

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Pouco mais de três anos depois, a situação já está bem mais sob controle. Após o fim do lockdown nos Estados Unidos, a empresa passou a receber novamente jornalistas e desenvolvedores no Apple Park para seus eventos, mas manteve a dinâmica da apresentação gravada. E isso é uma grande pena.

Aperte o play

Mesmo antes da pandemia, vídeos ultraproduzidos não eram exatamente uma novidade nas apresentações da Apple. Durante o evento de setembro de 2019, por exemplo, a empresa exibiu 12 vídeos pré-gravados, incluindo longos comerciais de TV, conceitos criativos para cada produto e até mesmo o trailer da série “See”.

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Ainda assim, uma rápida navegada por esse vídeo também traz coisas como Phil Schiller no palco detalhando — com sua característica irreverência — as câmeras dos novos iPhones, Greg Joswiak apresentando o iPad de sétima geração e Tim Cook fazendo as vias de mestre de cerimônias, passando a bola entre apresentadores e aplausos que elevaram o impacto de cada segmento.

Schiller apresentando o iPhone 11 Pro

É claro que segmentos de vídeos não são novidade nos eventos da Apple. Mesmo nas Stevenotes, como eram apelidados os eventos apresentados por Steve Jobs, havia a exibição ocasional de um comercial ou outro. Mas as demonstrações dos produtos e a apresentação dos seus benefícios eram sempre ao vivo, abrindo espaço para imprevistos tão memoráveis quanto os melhores produtos apresentados.

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Não há dúvidas de que cada apresentação pré-gravada e ultrapolida dá para a Apple uma liberdade criativa que os eventos presenciais não possibilitavam. Elas permitem, inclusive, as divertidas brincadeiras com Craig Federighi que já viraram marca registrada na WWDC.

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Ao mesmo tempo, todos os eventos dos últimos três anos pareceram deixar um legado muito menor do que as apresentações ao vivo. Reassistindo a alguns desses eventos, notei um padrão: tudo parece absolutamente épico, mas nada é memorável. Hoje, a impressão é que estamos assistindo a comunicados de imprensa em formato de vídeo, permeados por infindáveis passeios numa montanha-russa invisível dentro do Apple Park.

Imprevistos acontecem

Não deve haver nada pior do que investir bilhões de dólares na criação e no desenvolvimento de uma funcionalidade, planejar minuciosamente a melhor forma possível de apresentá-la ao mundo, ensaiar tudo exaustivamente, criar uma grande expectativa, deslocar pessoas de todos os cantos do planeta para exibi-la ao vivo pela primeira vez e… não funcionar.

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A primeira demonstração do Face ID deixou Craig Federighi na mão.

Um vídeo pré-gravado obviamente elimina esse tipo de possibilidade. Mas ele também elimina um pouco da magnitude do anúncio. Quem aí assistiu às Olimpíadas durante a pandemia e não sentiu falta do som do público incentivando os atletas e reagindo a cada recorde quebrado? Se você não sentiu, talvez você também não se incomode com os eventos pré-gravados. E está tudo bem. Sorte a sua, que se diverte mais atualmente! 🙂

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Existe um outro aspecto sobre isso: o suspense inerente ao risco de fazer a apresentação de uma novidade ao vivo. E isso sempre foi parte da diversão. Todas as vezes em que alguém tomou o palco em um evento da Apple para anunciar algo surpreendente e, em seguida disse “deixe-me demonstrar”, a tensão da pessoa era palpável. Era como ver alguém prestes a caminhar a corda bamba.

E não era para menos. Tanto a pessoa quanto nós sabíamos que aquele era o momento da verdade e todo o trabalho dos últimos meses (ou anos!) de centenas de pessoas culminaria na glória ou no infortúnio em questão de segundos. Na maioria das vezes, dava certo; e quando não dava, nunca foi nada que algumas risadas nervosa e um pouco de jogo de cintura não tenham conseguido resolver.

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Experimento de ciência dá errado na WWDC09.

O novo normal

Pelo visto, a Apple não pretende voltar tão cedo aos moldes de eventos antigamente. E talvez ela nem deva, afinal, provavelmente há quem veja no formato antigo uma dinâmica ultrapassada.

É inegável que o novo formato dá total controle sobre cada aspecto da apresentação, além de possibilitar um resultado final muito mais opulento, ainda que mais pasteurizado. Até mesmo a concorrência se rendeu a esse estilo, para a surpresa de ninguém.

E talvez o problema esteja justamente aí. Ao tentar tornar seus eventos mais épicos, a Apple os tornou menos únicos. E para uma empresa que sempre buscou lançar produtos que só ela pode fazer, seria legal que seus eventos voltassem a seguir a mesma linha.

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