O assunto não é novo, mas ganhou força novamente por conta da eleição de Donald Trump e o seu discurso protecionista/patriota (ele quer, por exemplo, fazer com que a Apple “abandone a China” e leve toda a sua cadeia de produção para os Estados Unidos). Pois nesta semana o The New York Times visitou o maior campus da Apple fora da Califórnia (em Austin, no Texas) para entender como a Maçã capacita e gera empregos em solo americano numa área que também poderia ser facilmente “exportada”: suporte/call center.
Antes de o iPhone ser lançado, cerca de 2.100 pessoas trabalhavam neste campus de Austin; agora, já são cerca de 6.000. É verdade que a maioria dessas vagas são de pessoas trabalhando no call center da empresa, com salários de cerca de US$30 mil/ano — bem abaixo da média de US$77 mil/ano dos empregados no campus1Isso excluindo benefícios e compensações em ações.. Contudo, diferentemente do que já ouvimos por aí com relação a carreira dentro do varejo da Apple, há a possibilidade de a pessoa crescer profissionalmente (como Genny Lopez, que começou como um contratante básico para atender chamadas de clientes e agora está na equipe de campo solucionando problemas mais difíceis).
Saindo um pouco de Austin, a Apple afirma que, apesar de ter uma produção fora do país, grande parte das peças dos iProducts são produzidas em 69 instalações de fornecedores em 33 Estados, o que gera muitos empregos. Ali, bem perto do campus texano, está a Flex (uma parceira da Apple na fabricação dos Macs Pro). São cerca de 2.000 empregos gerados com um salário médio de US$30 mil/ano, segundo dados informados pela própria Flex em 2014. Além disso, centenas de milhares de desenvolvedores de software nos EUA também escrevem aplicativos para iPhones e iPads.
Juntando isso tudo, nas contas da empresa, estamos falando de cerca de 2 milhões de empregos — um aumento significativo referente ao último apanhado da empresa feito no começo de 2015, quando esse número girava em torno de 1 milhão.
A Apple criou mais de 2 milhões de empregos nos Estados Unidos desde a introdução do iPhone há nove anos, incluindo o crescimento explosivo de desenvolvedores iOS, milhares de novos fornecedores e parceiros de fabricação, e um aumento de 400% em nossas equipes de empregados. Tomamos a decisão de manter e expandir nossos centros de contato para clientes nas Américas e nos EUA, e Austin é o lar de muitos desses empregados. Planejamos continuar investindo e crescendo nos EUA.
Para termos ideia da importância das operações da Apple em Austin, do total de 26 idiomas que a empresa oferece suporte, 12 deles estão no Texas.
Sem dúvida nenhuma tal matéria é uma resposta à crescente discussão — que já esteve bem maior, na época em que investigaram pesadamente as condições de trabalho desumanos na Ásia — se a Apple deve ou não deixar de produzir seus aparelhos na China, levando tais empregos de volta aos EUA.
A grande questão, aqui, não é determinar se isso é ou não possível. Resumidamente, as perguntas são: será que americanos estariam dispostos a aceitar os salários baixos pagos para asiáticos? Ou será que o mercado americano — e mundial — estaria disposto a pagar mais pelos produtos da Apple por conta dessa produção local? A discussão, é claro, está longe de ser algo assim superficial e sem dúvida ainda se desenrolará bastante com a eleição de Trump.
[via MacRumors]
Notas de rodapé
- 1Isso excluindo benefícios e compensações em ações.