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Acionistas pedem auditoria racial para avaliar esforços da Apple em diversidade

Segundo os investidores, os US$100 milhões investidos pela Maçã na sua Iniciativa de Justiça Racial não se refletem no quadro de funcionários da empresa
Diversidade

Agora há pouco, falamos aqui sobre a decisão da Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (Securities and Exchange Commission, ou SEC) de derrubar um pedido da Apple e, com isso, permitir que acionistas da empresa votem sobre os acordos de não divulgação feitos pela empresa nos seus contratos com funcionários.

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A ideia dos acionistas, com a proposta, é reduzir os danos à imagem da empresa por supostos casos de assédio e discriminação que estariam sendo silenciados por conta das cláusulas de sigilo. A proposta, agora, poderá ser votada na próxima reunião de acionistas da Maçã. Mas um grupo de investidores da empresa quer ir além.

De acordo com o MarketWatch, um grupo de três investidores da Apple registrou uma proposta para que a empresa faça uma auditoria externa verificando o seu compromisso com direitos civis e políticas contra as desigualdades raciais e de gênero. A suspeita é de que a empresa não esteja cumprindo as suas promessas ou fazendo o suficiente para reduzir as lacunas de representatividade.

Mais especificamente, a resolução cita algumas das polêmicas nas quais a Apple se envolveu ao longo do último ano. Além dos casos de assédio e discriminação relatados pelo #AppleToo (e a demissão de personagens importantes do movimento), os acionistas lembram também da contratação — e posterior demissão — de Antonio Garcia Martínez, acusado de comentários misóginos e sexistas, e da falta de diversidade na própria alta cúpula da companhia.

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Segundo a proposta:

Não está claro ainda como a Apple pretende tratar do problema da desigualdade racial na sua força de trabalho. A empresa atualmente não tem uma pessoa hispânica sequer, e apenas uma pessoa negra, na sua equipe executiva.

Segundo Cher Scarlett, uma das líderes do movimento #AppleToo que deixou Cupertino há alguns meses, o comportamento da empresa “não reflete a missão e os valores que eles retratam para os acionistas e o público”. De acordo com os acionistas que fizeram a proposta, os US$100 milhões investidos pela Maçã na sua Iniciativa de Justiça Racial são excelentes para reduzir desigualdades na sociedade americana, mas o mesmo empenho não é visto dentro da própria empresa.

Traduzindo esse empenho (ou falta dele) em números, a liderança da Apple em 2020 tinha 4% de executivos negros e 8% hispânicos; os funcionários da área tecnológica são 4% negros e 8% hispânicos. De acordo com o censo de 2020 realizado nos Estados Unidos, 18,7% da população é hispânica ou latina, enquanto 12,1% é negra ou afro-americana — ou seja, os números da Apple ainda não são exatamente representativos.

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Dieter Waizenegger, diretor executivo do SOC Investment Group (uma das empresas investidoras que assinam a proposta), afirmou o seguinte:

Eles [a Apple] estão investindo dinheiro em iniciativas raciais quase sempre filantrópicas, mas ignoram as próprias políticas da empresa. O chefe de diversidade da empresa não está na alta cúpula de executivos, e há uma porcentagem muito pequena de executivos negros na companhia. Seja lá o que a Apple estiver fazendo, me parece que há uma lacuna.

Auditorias externas de direitos civis já não são mais tão incomuns entre empresas dos EUA: a Starbucks encomendou uma do tipo em 2018 após o caso de discriminação ocorrido em uma das suas lojas na Filadélfia, levando ao posterior anúncio de uma série de medidas de diversidade e inclusão nas suas políticas e nos seus quadros. O Airbnb, por sua vez, implementou políticas de não discriminação depois que uma auditoria feita em 2017 apontou uma série de transgressões entre os usuários da plataforma, cobertos pelas próprias diretrizes da empresa.

A proposta de auditoria de direitos civis na Apple, agora, poderá ser votada na próxima reunião de acionistas da empresa, que deverá ocorrer no início do ano que vem. Aguardemos as cenas dos próximos capítulos.

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