Na última semana, falamos aqui sobre o mais recente relatório de diversidade publicado pela Apple, que mostrou bons avanços na contratação de minorias na sua força de trabalho e um aumento da presença de comunidades sub-representadas em diferentes setores da empresa, incluindo a sua liderança.
Entretanto, nem tudo são flores: de acordo com a Bloomberg, um processo movido por uma ex-funcionária da Apple, acusando a Maçã e alguns dos seus gerentes de discriminação no local de trabalho, avançou na justiça dos Estados Unidos.
A funcionária em questão é Anita Nariani Schulze, uma engenheira nascida na Índia. Schulze é hindu de origem sindi, um povo originário da região de Sinde (hoje pertencente ao Paquistão), e afirma que dois dos seus gerentes — um nascido na Índia e outro no Paquistão — a discriminaram por conta da sua origem e por guardarem uma visão de que, em suas respectivas culturas, mulheres deveriam ser tratadas como subservientes.
Schulze afirma que foi repetidamente excluída de reuniões (enquanto colegas homens foram convidados normalmente) e teve seu trabalho exageradamente criticado e microgerenciado, além de não receber bônus que eram devidos à sua posição. A engenheira diz que sua performance na Apple sempre teve avaliações positivas, com diversas contribuições significativas às equipes das quais participava — ela é creditada, por exemplo, pela criação do efeito de disparo instantâneo nas câmeras dos iPhones recentes.
A funcionária credita a discriminação também ao fato de que o povo sindi preza pela excelência técnica e pela igualdade entre os gêneros, o que teria, segundo Schulze, incomodado seus gerentes. Eles teriam afirmado, inclusive, que ela precisava se envolver mais no trabalho, mas não o fazia pelo fato de ter filhos.
A engenheira acusa, ainda, o departamento de Recursos Humanos da Apple de represálias: segundo os autos do processo, a empresa começou a atribuir análises de performance negativas a Schulze após as denúncias, chegando a colocá-la numa lista interna de “não contrate”. Ela acabou pedindo demissão da Apple em 2019.
A Corte Superior do Condado de Santa Clara, na Califórnia, rejeitou o pedido da Apple de desconsiderar o caso. Os advogados da Maçã afirmaram que as acusações de Schulze eram muito genéricas e baseadas em estereótipos, mas o juiz Sunil R. Kulkarni entendeu que as acusações da engenheira foram suficientemente sustentadas com as evidências oferecidas. A ela, entretanto, foi negado um pedido de representar, numa ação coletiva, todas as funcionárias da Apple que processaram a empresa por discriminação.
via iMore