O melhor pedaço da Maçã.

iPhone: o fone que come

iPhone: Ele cresceu e devorou a família.

Antropofagia. Era esse o nome do movimento iniciado por artistas brasileiros de 1922, quando deram o pontapé inicial da Semana de Arte Moderna, no Brasil. Sua proposta era “devorar o passado para poder digeri-lo e produzir algo novo”. Tomavam como inspiração os costumes místicos de certas tribos, que comiam a carne e os órgãos de seus inimigos com o objetivo de absorver sua energia e conhecimento.

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“Pronto! Agora o Halex endoidou de vez!”, você deve estar pensando, meu caro leitor. Mas não: esta introdução aparentemente nonsense tem tudo a ver com o que eu pretendo discutir agora.

iPhone: Ele cresceu e devorou a família.
iPhone: ele cresceu e devorou a própria família.

Canibalização de mercado.

Lançado com o slogan de que seria “o melhor iPod jamais feito”, o telefone com uma maçã atrás começou sua carreira de sucesso pisando nas cabeças dos milhões de PMPs (personal media players) já vendidos pela Apple desde o fim de 2001. O fato é que o iPhone não teve que começar do zero: muito pelo contrário! Ele começou contando com todo o sucesso da linha de PMPs da Apple e, partindo daí, teve que fazer “só” mais uma ou duas coisas para tornar-se a mania que é atualmente.

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Interface multi-touch: ok! É uma inovação matadora, mas poderia ter sido implementada em qualquer tipo de iPod com tela. Telefone: ok! Vamos e venhamos: essa é a menor/pior das funções do iPhone… 😛 Câmera: muito fraquinha, por sinal, mas ok! GPS: só para iPhones 3G, ok!

Onde quero chegar? No fato de que, ironias shakespeareanas à parte, o iPhone é a maior ameaça aos iPods atualmente. Tudo bem que produtos alternativos como os da Creative ou outros são um páreo duro em termos de preço, mas não dá pra questionar que o charme e o acabamento dos tocadores da Maçã são imbatíveis!… (Não esqueci de falar no Zune, não: deixei-o de fora deliberadamente, afinal de contas, este não é um post de humor! Querer comparar o Zune com um iPod… Onde já se viu?)

Depois da “baixa de preços” que houve com o lançamento do iPhone 3G, aí que a coisa ficou mais desleal. Imagine um comprador entrando numa Apple Store. O que ele vai querer comprar, por US$200? iPhone de 8GB ou iPod nano de 8GB? Hmmm… Escolha difícil, né? Afinal de contas, o iPhone tem multi-touch e roda os aplicativos da App Store, faz ligações, tem GPS, câmera e acessa a internet, enquanto o iPod nano é bonitinho, apenas (por enquanto). Claro, nosso comprador hipotético pode adquirir um iPod touch, mas aí ele vai ter que desembolsar no mínimo mais US$100 no ato da compra e não vai levar câmera, GPS nem telefone!

iPhone encontra Abaporu
iPhone encontra Abaporu

Resumo da ópera: é muito mais fácil/barato/sexy comprar um iPhone. Canibalismo de vendas puro e indecente! Isso chega a dar medo: e se chegar o dia em que só poderemos comprar um iPod decente se for com um contrato de vinte e dois anos com uma operadora de telefonia? Vamos “brincar de assustar”: e se essa operadora for uma tal que deixa claro o quanto 3G é caro?

Steve Jobs já afirmou que, “se alguém vai nos canibalizar, então que sejamos nós mesmos”. Pois, com isso, como ficam as pessoas que não querem um telefone, mas sim um iPod? A Apple estufa o iPhone com mais coisas do que ele pode agüentar e esquece os tocadores de mídia! Sem falar que é muito chato ter que pagar mais por menos, no ato da compra. O resultado último é que iPods deixados na prateleira já terão saltado para a morte, deprimidos, enquanto as pessoas que os adquirem ficam sendo zuadas por donos de iPhones. Enquanto isso, em Cupertino, o peso do sucesso gera casualidades e o controle de qualidade vira folclore nas fábricas asiáticas da Maçã.

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É assim que a transição misteriosa de produtos programada para os próximos meses pode ser a grande salvadora de iPod & family: será que a perspectiva de menores lucros é devida a um barateamento dos tocadores de mídia mais fofos do mundo, para que eles possam competir melhor com seu irmão maior, o ai-que-GOSTOOOSO-fone? Ou quem sabe o iPod 2,1 é algo supercalifragilisticexpialidocious muito além da imaginação, mas custando o mesmo que os atuais?

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Só o tempo pode responder adequadamente essas pergunta, mas uma coisa é certa: o iPod foi posto contra a parede, ameaçado de morte e terá que se reinventar para não deixar de existir. E quem fez isso foi o iPhone. 😛

And that, as they say, is that.

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