O melhor pedaço da Maçã.

Figuras importantes da Apple compartilham memórias sobre Infinite Loop

Sede da Apple (1 Infinite Loop)

2018 pode ser o ano em que o Apple Park assumiu de vez o seu papel de campus principal da Maçã depois de anos de obras, mas é também um marco importante para o seu antecessor: é neste ano, afinal, que o mítico Infinite Loop completa 25 primaveras.

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Para relembrar os bons (e maus) momentos vividos na casa da Apple no último quarto de século, a WIRED reuniu várias figuras importantes do passado e do presente da empresa para compartilhar memórias sobre o espaço.

Obviamente, a figura mais icônica que habitou Infinte Loop não está mais entre nós para contar seus casos, mas talvez não seja exatamente uma surpresa saber que Steve Jobs nunca gostou muito do campus. O fundador da Apple tinha uma visão bem diferente para o espaço definitivo da Maçã no início dos anos 1980, como afirmou o ex-CEO John Sculley: Jobs imaginava “algo que simulasse a experiência de ir à Disney World, com monotrilhos circulando e todo mundo andando com uniformes de cores diferentes”.

Claro que a ideia de Jobs foi considerada loucura e, após o seu “pedido de demissão forçado”, em 1985, Sculley deu seguimento à ideia de construção de um campus em moldes mais, digamos, sóbrios — e assim nasceu Infinite Loop, concluído em 1993. A diferença foi brutal: como afirmou o vice-presidente de marketing Greg Joswiak, os empregados foram de cubículos, na sede anterior, para um espaço onde “literalmente cada um podia ter o seu próprio escritório”.

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Em 1993, a Apple ainda navegava em boas marés e os prédios do novo campus foram sendo ocupados progressivamente e batizados com simples números — o primeiro e principal tomado pelos executivos e pela equipe de software, o segundo pela equipe do Mac, o terceiro pelos times de suporte técnico e marketing e assim por diante. Os tempos eram mais simples: como lembrou Joswiak, os ocupantes originais de cada prédio nomeavam cada espaço, o que gerava uma salada de frutas confusa de nomes — duas salas de conferências, por exemplo, se chamavam “Here” and “There” (“Aqui” e “Ali”).

Scott Forstall, até alguns anos um dos nomes fortes da Apple, descreveu os prédios do campus como “labirintos” — a única visita que ele trouxe para a sede que não se perdeu nos corredores foi um cão-guia, que acompanhava uma pessoa com deficiência visual que estava lá para ajudar no desenvolvimento de um leitor de texto.

De acordo com Chris Espinosa (o empregado #8 da Apple e ainda contratado pela empresa como engenheiro de software), quando todos os prédios de Infinite Loop foram ocupados, ficou claro que a equipe de pesquisa e desenvolvimento teria de ser realocada para outro lugar pois não havia espaço. Foi aí que começou a espiral descendente da Apple e a equipe foi diminuindo rapidamente — e logo havia espaço de sobra para todo mundo.

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Os anos se passaram, a Apple trocou de CEO duas vezes (de Sculley para Michael Spindler e, posteriormente, para Gil Amelio) e entrou numa crise financeira que a deixou à beira da falência. A história é conhecida: a Maçã comprou a NeXT, empresa de Steve Jobs, e o bom filho à casa tornou — primeiramente como consultor, depois como CEO interino e, por fim, como CEO.

Mas a casa não era bem do gosto de Jobs: segundo Dan Whisenhunt, executivo da empresa até 2018, o CEO se ressentia de estar num local que não foi projetado por ele; Jon Rubinstein afirmou que Jobs olhava para os prédios e balançava a cabeça negativamente. O cofundador, então, se encarregou de tornar o espaço mais “seu” — e, em uma das suas primeiras ações como chefe-executivo, colocou banners imensos com os principais produtos da Apple no átrio do prédio principal. Isso, segundo Espinosa, levantou significativamente a moral dos empregados para as batalhas dos próximos meses.

Foto oficial do MM Tour VI em 1 Infinite Loop
Foto oficial do MM Tour VI em 1 Infinite Loop

Tim Cook se divertiu lembrando do seu primeiro dia na Apple. Ele teve que ultrapassar uma barreira formada por um punhado de clientes da empresa que protestavam à frente do prédio principal, indignados com a morte do Newton. Cook contou que comentou com Jobs sobre o protesto lá fora, e o CEO apenas respondeu “ah é, não se preocupe com isso”, pedindo que servissem café e donuts aos manifestantes para mostrar que a empresa se importava com eles e que a decisão de descontinuar o PDA era doída, porém necessária.

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Os executivos então rememoraram as reuniões ocorridas na sala de Jobs, de onde saíram basicamente todas as revoluções trazidas pela Apple na década de 2000, como o iPod e o iPhone. Mike Slade, assistente do CEO à época, lembrou-se de quando Jobs ligou para a Amazon, disse “Oi, aqui é Steve Jobs” e, em poucos minutos, garantiu a licença para usar a patente de compra com um clique da gigante do comércio virtual — por US$1 milhão.

Forstall, por sua vez, lembrou de como Jobs sempre insistia em pagar as refeições do colega no Caffé Macs, a cafeteria do campus totalmente renovada sob a gestão do cofundador:

Sempre que eu comia com Steve, ele insistia em pagar para mim, o que eu achava meio estranho. Mesmo se fôssemos juntos e ele escolhesse algo rápido como sushi pronto e eu pedisse uma pizza no forno a lenha, ele me esperaria no caixa por 10, 15 minutos. Eu me sentia esquisito. Então um dia eu disse: “Sério, eu posso pagar, não precisa ficar aí me esperando.” E ele disse “Scott, você não entende. Sabe como a gente paga passando nosso crachá e tendo o valor deduzido do nosso salário? Eu só ganho US$1 por ano! Toda vez que eu pago, nós ganhamos uma refeição grátis!”

Os anos seguintes, então, são história. Jobs se envolveu no projeto do Apple Park, aplicando (de forma mais sábia, claro) partes da sua antiga visão para um campus ideal da Maçã — de fato, a última aparição pública do CEO foi na câmara de Cupertino, defendendo o projeto. Infinite Loop continua sob propriedade da Apple, sendo utilizada para alocar projetos secundários — mas o escritório de Jobs continua intacto; segundo Cook, até mesmo alguns desenhos feitos por sua filha mais nova continuam no quadro branco.

Segundo Eddy Cue, no fim das contas o que importava não era o campus em si, mas as pessoas:

Funcionaria em outro lugar? Sim. Mas deixá-lo nos traz de voltas memórias muito boas? Claro. E, às vezes, traz também memórias tristes.

A reportagem completa da WIRED pode ser lida aqui — e eu recomendo fortemente que você faça isso.

via Cult of Mac

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