Na última semana, falamos aqui sobre a infame descoberta de que, ao trocar a tela de um iPhone 13 [mini, Pro, Pro Max], o Face ID é imediatamente desabilitado — mesmo que o novo painel seja 100% genuíno.
Depois de muita repercussão (e, naturalmente, críticas), a oficina de reparos britânica iCorrect chegou para colocar mais contexto na história — e mostrar que é, sim, possível fazer a troca dos componentes sem perder a identificação facial. O problema é que o processo é muito, muito sofisticado.
Uma publicação no blog da empresa explica a situação, iniciando com um breve histórico sobre as tecnologias empregadas pela Apple para conectar a tela ao processador dos iPhones. Do simples design de circuito integrado na placa, usado em todos os aparelhos até o iPhone 6, a empresa foi lentamente adotando projetos mais sofisticados por razões de segurança, economia de espaço e habilitação de novos recursos.
No iPhone 6s, por exemplo, a tela passou a se comunicar diretamente com a CPU1Central processing unit, ou unidade central de processamento. do aparelho, enquanto o iPhone X deu mais responsabilidades ao chip do painel — além de registrar e interpretar os toques na tela, ele também era responsável pelo funcionamento do True Tone e do sensor de luz ambiente.
Pulando alguns anos (e mais uma série de mudanças) no tempo, os iPhones 13 trazem o design mais complexo até o momento nesta comunicação entre tela e CPU. Nos novos aparelhos, é o próprio chip do display que tem a responsabilidade de registrar e enviar as informações do Face ID, comunicando-se diretamente com a Secure Enclave do aparelho para manter esses dados criptografados e protegidos. Ao fazer a troca da tela, portanto, o identificador único do chip nela presente não é mais reconhecido, causando a falha no sistema de reconhecimento facial.
Qual a solução para trocar a tela dos iPhones 13 e manter o Face ID, portanto? Sim, você adivinhou: retirar o chip responsável pela comunicação do sistema da tela antiga e cirurgicamente instalá-lo no novo painel. O problema é que, como você provavelmente também adivinhou, essa é uma operação altamente sofisticada, envolvendo circuitos e espaços microscópicos, componentes extremamente frágeis, ferramentas especializadas e uma margem de erro basicamente inexistente.
Obviamente, nas lojas e nos Centros de Serviço Autorizado da Apple, alguma máquina (ou alguma documentação específica) possibilita que os técnicos façam a eventual troca de uma tela de forma mais simples. O fato é que, para as oficinas não autorizadas e para os consumidores mais escolados, que gostam/conseguem fazer certos reparos em casa, o processo está muito mais complicado — basicamente inacessível.
Não há como saber as razões por trás da mudança. Pode ser que a Apple simplesmente queira complicar ainda mais a vida das oficinas paralelas, ou aprimorar um pouco mais a segurança dos aparelhos, ou — como opinou o próprio autor do artigo da iCorrect — dificultar o comércio de peças contrabandeadas vindas da China. O fato é que, sim, a coisa está mais complicada, agora.
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via 9to5Mac
Notas de rodapé
- 1Central processing unit, ou unidade central de processamento.