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Por dentro dos novos iPads Pro: 6GB de RAM, câmera piorada e mais

iPad Pro deitado com o Apple Pencil anexado magneticamente a ele

Com muita pompa e circunstância, a Apple apresentou ontem, depois de meses de rumores e vazamentos, seus novos iPads Pro com Face ID, porta USB-C, bordas reduzidas e um novo Apple Pencil.

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As principais novidades dos novos tablets estão bem na nossa cara, como evidenciam as características deveras visíveis que eu listei acima. Mas e quanto ao que os olhos não veem — será que o coração não sente? Ainda não temos como saber, mas já podemos começar a listar algumas particularidades dos novos iPads Pro para que vocês julguem com vossas próprias consciências.

Design e tela

Como eu disse, as principais diferenças dos novos iPads Pro em relação à geração anterior estão bem na cara. A começar pelas novas telas, que se estendem até muito mais perto das bordas e trocam os vértices secos por cantos arredondados, acompanhando o próprio corpo do dispositivo. Ao contrário dos iPhones mais caros, os iPads mais caros continuam com painéis LCD1Liquid crystal display, ou display de cristal líquido. e todos os recursos das telas de gerações anteriores (ProMotion, True Tone, suporte ao espaço de cores DCI-P3) permanecem.

A resolução do modelo maior continua igual, com 2732×2048 pixels; o modelo de 11″, porém, tem 2388×1668 pixels, um pouco mais do que os 2224×1668 pixels encontrados no antigo de 10,5″. Todos têm a mesma densidade de pixels por polegada: 264.

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O corpo dos dispositivos também sofreu alterações: as laterais arredondadas foram substituídas por um formato de tábua totalmente reto, com lados e fundo sem qualquer curvatura — nesse sentido, os novos iPads Pro parecem uma versão bem estendida do iPhone SE. Além disso, o Smart Connector se mudou da lateral do tablet para a parte de trás — ou seja, agora, acessórios que queiram fazer uso do conector deverão ter um design pensado para encaixe traseiro. Na lateral, um novo conector magnético serve para prender, carregar e sincronizar o novo Apple Pencil (sobre o qual falamos aqui).

Pessoa desenhando num novo iPad Pro com o Apple Pencil

As medidas, por conta da tela de ponta a ponta, também mudaram se comparadas às dos tablets da geração anterior. No caso do novo iPad Pro de 12,9″ temos 280,6×214,9×5,9cm contra 305,7×220,6×6,9mm do anterior; já no iPad Pro de 11″ temos um corpo de 247,6×178,5×5,9mm contra 250,6×174,1×6,1mm do antigo de 10,5″.

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Já os pesos dos tablets ficaram assim:

  • 11″ (Wi-Fi): 468 gramas vs. 469 gramas do anterior;
  • 11″ (Wi-Fi + Cellular): 468 gramas vs. 477 gramas do anterior;
  • 12,9″ (Wi-Fi): 631 gramas vs. 677 gramas do anterior;
  • 12,9″ (Wi-Fi + Cellular): 633 gramas vs. 692 gramas do anterior.

Processador, conector câmera frontal e RAM

O chip A10X Fusion da geração anterior foi substituído pelo A12X Bionic com Neural Engine, para tornar as tarefas relacionadas a aprendizado de máquina ainda mais rápidas. Tal chip dá aos novos iPads uma performance de CPU 3x maior, enquanto que na GPU estamos falando de 8x mais velocidade.

As opções de armazenamento, por sua vez, permanecem as mesmas (64GB, 256GB e 512GB) com a adição de uma quarta: 1TB, para os absolutamente necessitados por todo o espaço possível. A porta Lightning, como já comentamos, foi substituída por um conector USB-C.

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A adição do Face ID em substituição ao Touch ID (lembre-se, os novos iPads Pro não têm botão de Início) traz alguns benefícios extras. Os novos tablets suportam os infames Animojis e Memojis, e sua câmera frontal, apesar de continuar com 7 megapixels e com todos os recursos presentes nos modelos anteriores, traz o Modo Retrato e o Modo Iluminação de Retrato graças ao sistema TrueDepth.

Desde o seu lançamento, a linha de iPads Pro traz 4GB de RAM em todos os seus modelos. Agora, pela primeira vez o número sofreu uma mudança e algumas versões da nova geração vêm com 6GB de memória… mas você terá de gastar uma nota para isso.

O desenvolvedor Steve Troughton-Smith descobriu, após uma leve voltinha no Xcode, que apenas os modelos (astronomicamente caros) com 1TB de capacidade trazem a maior quantidade de RAM, tanto na versão de 11 polegadas quanto na de 12,9”. Todas as outras configurações continuam trazendo os mesmos 4GB de memória usuais.

iPad Pro rodando jogo pesado graças ao chip A12X Bionic

Até que a Apple se pronuncie sobre o tema (o que eu acho improvável que aconteça), só poderemos especular a razão por trás dessa diferença. Obviamente, o ímpeto inicial seria pensar que, por ter uma capacidade gigantesca de guardar arquivos, os iPads Pro de 1TB precisariam de mais memória para lidar com todos os processos acontecendo simultaneamente. Acontece que o iOS já é, por si só, bem hábil para lidar com esse tipo de sobrecarga — basta ver que iGadgets com 4GB de RAM superam dispositivos Android com o dobro disso em testes de velocidade, por exemplo.

Portanto, por ora, permanece o mistério.

Câmera traseira aprimorada piorada

Se você estranhou o fato de a Apple não ter sequer mencionado o assunto “câmera traseira” na apresentação dos novos iPads Pro, aqui está a explicação: o módulo dos novos tablets só não é idêntico ao da geração anterior porque é… ligeiramente pior. Ao menos no papel.

Não que as pessoas devam fotografar com um iPad, mas o que está acontecendo aqui?

Como a tabela comparativa acima (e a página de especificações do tablet) mostra, em comparação ao iPad Pro de 10,5 polegadas (da geração antiga, mas que continua à venda), os novos tablets profissionais da Maçã perdem a estabilização óptica na câmera. A lente também deixa de ser uma composição de seis elementos e passa a ser uma de cinco, tanto no modelo de 11 quanto no de 12,9 polegadas.

A razão, como especulou um usuário do Twitter em resposta a esse próprio tweet acima, só pode ser a espessura reduzida dos novos modelos (5,9mm contra 6,1mm da geração anterior). Resta saber se as mudanças traduzir-se-ão em fotos efetivamente piores ou se a Maçã compensou a falta com melhorias no software — para isso, teremos de aguardar.

Fim da saída para fones

Essa bola a gente já cantou ontem ao falar do novo adaptador USB-C para saída de 3,5mm, mas não custa relembrar: os novos iPads Pro são os primeiros produtos da Apple, fora iPhones, a perder a saída para fones.

Adaptador USB-C para saída de fones de ouvido de 3,5mm

Ninguém sabe exatamente a razão do corte: quando o iPhone 7 foi lançado, a Apple alegou que a saída ocupava um espaço precioso para o desenvolvimento e aplicação de novas tecnologias dentro de uma carcaça tão compacta; os iPads, por outro lado, não me parecem ter qualquer problema de espaço naquele corpanzil de tábua. Ruim para os profissionais que usam os tablets em tarefas relacionadas a áudio, como controle de sons em estúdio ou mixagem de instrumentos no GarageBand.

O fato é que a tendência se alastra e eu vislumbro, num futuro não muito distante, uma Apple completamente livre de saídas para fones, dos iPhones ao Mac Pro — o que é absolutamente vergonhoso e eu espero estar errado.

Conectividade

A Apple mencionou na keynote que os novos iPads Pro são capazes de se conectar a monitores externos por meio da porta USB-C, mas não chegou a dar mais detalhes técnicos sobre o recurso. Pois aqui estão: a interface é capaz de alimentar um monitor 5K que utilize o protocolo USB 3.1 de segunda geração. Poucos trazem o recurso no momento, e se você tentar conectar um novo iPad Pro ao LG UltraFine 5K, por exemplo, não conseguirá reproduzir no periférico a resolução máxima — porque ele utiliza o protocolo Thunderbolt 3, e não o USB 3.1.

Pessoa trabalhando em novo iPad Pro conectado a monitor externo USB-C

Ainda assim, só o fato de poder conectar um iPad Pro tão facilmente a um monitor externo já é uma mão na roda e tanto; qualquer cabo USB-C para USB-C ou USB-C para HDMI será suportado pelos novos tablets. E o suporte vai além dos monitores: você pode conectar os dispositivos a câmeras, instrumentos musicais ou docks para expandir ainda mais a funcionalidade deles — dá até mesmo para plugar um iPhone na entrada USB-C (com o devido cabo) para recarregá-lo.

No mais, temos um novo chip Wi‑Fi (802.11a/b/g/n/​​ac) que suporta duas bandas simultâneas (2,4GHz e 5GHz), bem como a chegada do Bluetooth 5.0 (frente ao 4.2 dos antigos).

Face ID coberto? Sem problemas

A Apple deixou bem claro no palco: não existe posição certa para usar os novos iPads Pro — qualquer lado que esteja apontando para cima é o topo e pronto. A decisão é salutar, considerando que agora não temos mais a referência visual do botão de Início, mas traz uma dúvida: e se cobrirmos a câmera TrueDepth com o dedo inadvertidamente? O Face ID simplesmente se conforma em não funcionar?

Felizmente, a Apple pensou nisso, como mostrou o editor-chefe do site TechCrunch, Matthew Panzarino:

Se você cobrir a câmera do Face ID, o iPad vai lhe dizer que ela está coberta e apontá-la com uma seta na tela.

São os pequenos detalhes, não é verdade?

AppleCare+ e reparos

Como acontece com todo novo produto que ela lança, a Apple divulgou os preços de reparo e do plano de garantia estendida AppleCare+ para os novos iPads Pro — e, spoiler, qualquer usuário ligeiramente mais propenso a incidentes com os dispositivos deve pensar com muito carinho em investir essa grana extra, a julgar pelos valores cobrados fora da garantia.

Primeiro, os reparos avulsos (que ainda não foram divulgados aqui no Brasil). Para substituir um iPad Pro de 11 polegadas, você deverá desembolsar US$500; já a substituição do novo modelo de 12,9 polegadas custará ao seu desafortunado dono US$650. O iPad Pro de 10,5 polegadas, da geração anterior, continua tendo sua substituição tabelada em US$450.

Já o AppleCare+, que totaliza a garantia dos dispositivos em dois anos e garante dois reparos frutos de danos acidentais a preços especiais, custará US$130 para os novos iPads. Os dois reparos saem por US$50 cada e, se você comprar um Apple Pencil junto ao seu iPad Pro, ele entra automaticamente no plano — reparos do acessório saem por US$30 cada, dentro do mesmo limite de duas ocorrências.

Como fica a linha?

O único produto efetivamente descontinuado ontem foi o iPad Pro de 12,9 polegadas da geração anterior, ainda com botão de Início (Touch ID). De resto, todo mundo sobrevive e constitui a maior família de iPads já existente, com opções para todos os gostos e bolsos. Até mesmo o iPad mini, que ninguém sabia se iria morrer ou ser substituído, permaneceu incólume (quer dizer, com exceção do seu preço).

Resumindo, a linha dos iPads ficou da seguinte forma:

  • iPad mini 4: entre R$3.300 e R$4.300
  • iPad de sexta geração: entre R$2.800 e R$4.600
  • iPad Pro de 10,5 polegadas (com botão de Início): entre R$5.300 e R$9.200
  • iPad Pro de 11 polegadas: entre R$6.800 e R$14.000
  • iPad Pro de 12,9 polegadas (terceira geração): entre R$8.400 e R$15.600

Sim, há algumas incongruências na linha, como o iPad mini partir de um preço maior que o iPad de sexta geração, maior e mais moderno, simplesmente por ser oferecido numa versão única de 128GB. Certamente isso é algo que a Apple deverá corrigir nos próximos meses, ou com um ajuste de especificações/preço ou atualizando o modelo, como se vem especulando.

·   •   ·

Agora é com vocês: curtiram as novidades? Quem vai correr pro abraço com um dos modelos novos? Divirtam-se!

Notas de rodapé

  • 1
    Liquid crystal display, ou display de cristal líquido.

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Novos iPads Pro americanos são diferentes dos que virão para o Brasil

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