No dia 25 de março (próxima segunda-feira), a Apple realizará um evento para anunciar o seu serviço de streaming de vídeos e, quem sabe, seu serviço de notícias. Isso não é nenhuma novidade, ainda que tudo até agora tenha isso divulgado por “pessoas envolvidas nos planos da empresa que preferiam se manter anônimas por motivos óbvios”.
O que ninguém esperava era o que CEO de uma concorrente fosse, no linguajar mais simples possível, “furar o olho da Apple” e basicamente confirmar os planos da Maçã. Foi isso que Reed Hastings, chefão da Netflix, fez.
Antes, uma breve explicação. Podemos dividir o serviço da Apple em duas vertentes: 1. produção de conteúdo original e exclusiva, que será oferecida mediante uma assinatura; e 2. incorporação de outros serviços de streaming dentro do aplicativo Apple TV, para que usuários possam assinar tais serviços pelo próprio app e assistir a todo o conteúdo dali mesmo, com a Apple controlando toda a experiência. Isso, é claro, segundo as notícias e os rumores que já saíram sobre o assunto.
Tais rumores já davam como certo que a Netflix não faria parte da empreitada da Maçã, também. E agora, o próprio CEO da empresa veio confirmar que a Netflix está de fora da festa.
Segundo informou o Recode, o CEO confirmou que a empresa não venderá assinaturas para o seu serviço de vídeo através do hub que a Apple planeja lançar — algo, aliás, que a Amazon já faz para vender serviços de assinatura de vídeo como HBO e Showtime, e que o Facebook também pretende fazer.
Eis a frase que Hastings proferiu em uma entrevista coletiva em Los Angeles:
A Apple é uma ótima companhia. Queremos que as pessoas assistam aos nossos programas em nossos serviços. Optamos por não nos integrar ao serviço deles.
Não podemos dizer que a negativa da Netflix seja uma surpresa; por outro lado, a confirmação de que o serviço da Apple funcionará também como um hub vindo de um concorrente (que poderia ser parceiro, mas não será) é um tanto quanto inesperada.
Fato é que a Netflix enfrentará uma concorrência pesada não apenas da Apple, mas de novas empresas que entrarão nesse mercado como Disney e WarnerMedia (da AT&T). Sobre isso, Hastings deu uma tradicional declaração, dizendo que “a concorrência é ótima para Netflix, consumidores e criadores de conteúdo” — o que é 100% verdade. Por outro lado, essa mesma concorrência acaba tornando a compra de conteúdo mais cara — e, como tudo sempre é repassado para o cliente, os preços dessas assinaturas acabam subido (a Netflix é a prova concreta disso).
Pegando o mercado americano como exemplo, dificilmente um número elevado de pessoas assinará Netflix, Amazon Prime, Hulu, WarnerMedia, Disney Plus, ESPN Plus, HBO, Showtime, Starz, CBS All Access e o serviço da Apple. Então, por mais que a declaração de “quando mais concorrência, melhor” seja verdadeira, agora a briga é para valer!