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A Apple só tem a ganhar fazendo iPhones que duram mais

iPhones Xs e Xs Max dourados um em cima do outro

Talvez, considerando o marasmo geral da última keynote da Apple, você já estivesse num estado de completo torpor mental quando Lisa Jackson assumiu o palco mais pro final do evento para falar sobre sustentabilidade. Entre algumas medidas destacadas pela vice-presidente de iniciativas sociais, políticas e ambientais da Maçã, uma chamou a atenção: construir iPhones que durem cada vez mais.

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Lisa Jackson em keynote da Apple com o planeta Terra atrás

À primeira vista, tal frase — bem como outra dita em seguida, de que “manter iPhones em uso é a melhor coisa para o planeta” — pode soar como promessa vazia de campanha política. Que empresa, afinal, teria interesse em vender aparelhos que durem mais que os da concorrência (ou os seus próprios do passado) considerando que o grosso da sua receita vem justamente da venda de novos hardwares? Balela, não?

Bom, segundo essa análise de Horace Dediu, publicada no Asymco, não. O analista, assim como quem ainda estava prestando atenção, se surpreendeu com o conteúdo da fala de Jackson e imaginou que os investidores poderiam torcer o nariz para ela mas, numa análise mais sofisticada, a ideia de se esforçar para fazer iPhones mais longevos é boa não só para o consumidor ou para o planeta, mas também para a própria Apple — economicamente falando, mesmo.

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A chave para essa equação está no fato de que os iPhones mais duradouros são também mais caros — e, como sabemos, o preço médio de um iPhone vem fazendo uma curva ascendente bem acentuada: há pouco mais de um ano, o iPhone mais caro disponível (iPhone 7 Plus de 256GB) custava US$970; agora, o modelo mais dispendioso (iPhone XS Max de 512GB) sai por nada menos que US$1.450.

Ainda que os aparelhos custem mais, opinou Dediu, a Apple pode construir essa imagem de smartphones que duram mais e, portanto, convencer que os consumidores podem, no fim das contas, gastar menos no seu ecossistema do que no da concorrência (trocar um smartphone de US$1.100 a cada quatro anos é melhor que trocar um de US$700 a cada dois, afinal). Com isso, a empresa não só pinta uma imagem ecologicamente correta como constrói uma base ainda mais sólida de usuários fidelizados, que não trocarão de iPhones por nada nesse mundo — na opinião dele, claro.

E essa base fidelizada de usuários é justamente o que a Apple mais quer no momento: com o setor de serviços da empresa crescendo a passos largos, ter clientes que permanecerão no ecossistema da Maçã indefinidamente é garantia de que esses consumidores gastarão dinheiro com todos os elementos que circundam a experiência do iPhone. E não estamos falando apenas de iCloud ou do Apple Music, mas também de acessórios — Apple Watch, AirPods, HomePod e companhia limitada.

No fim das contas, a Apple está apostando em ter clientes, em vez de somente vender produtos a eles, afirmou Dediu. Se a estratégia vai funcionar ou não, claro, só o tempo dirá — até o momento, me parece que as coisas têm ido muito bem para a Maçã nesse sentido. Opiniões?

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