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Julgamento do The Pirate Bay, oitavo dia

John Kennedy

Entre os vários depoimentos dos CEOs da indústria do entretenimento presentes ao julgamento, foi o testemunho de John Kennedy (CEO da IFPI) que ganhou maior destaque na audiência do dia. Para ele, o The Pirate Bay é extremamente danoso e tentador demais para as pessoas resistirem.

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John Kennedy
John Kennedy

Kennedy também admitiu perante a corte que não entende como o TPB ou o uTorrent funcionam:

Após um período de tempo, a pirataria provocou danos imensos na indústria da música. Eu acredito que os argumentos trazidos pelas companhias de música e cinema ao julgamento são justificados e podem até ser conservadores, mas isso é porque os prejuízos são imensos.

Após ser ouvido na corte, Kennedy ainda falou com a imprensa:

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Eu quero o TPB fechado. Eu quero alguma compensação e quero que se torne claro para as pessoas que elas não podem roubar a propriedade das outras sem consequências. Eu não acredito que a pirataria possa ser erradicada de uma vez assim como nenhum outro tipo de crime, mas penso que ela pode ser trazida para um nível mais gerenciável.

Antes do pronunciamento de Kennedy, a corte ouviu também Tobias Andersson (Piratbyrån), Bertil Sandgren (Instituto Sueco de Cinema), Louis Werner, (IFPI) e Per Sundin (CEO da Universal Music).

Tobias foi rapidamente questionado a respeito do discurso que Neij fez em 2006, assumindo a autoria do texto, devido às dificuldades de Neij em escrever.

No entanto, para o presidente da IFPI, hoje era o seu grande dia e ele fez questão — com a ajuda de um tradutor — de confirmar que preside uma instituição com mais de 1.500 membros no mundo inteiro, cujo objetivo maior é “melhorar” as leis de combate à pirataria e de proteção aos direitos de propriedade intelectual.

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Ele ressaltou, ainda, que a indústria por um longo tempo vendeu seus produtos numa mídia física, experimentando problemas limitados de pirataria. Mas, com o advento da música digital, a situação avançou para um patamar incontrolável, como se o copyright sequer existisse no mundo digital.

O presidente manifestou também o estado de satisfação da indústria da música, quando venceram a batalha contra o Grokster nos Estados Unidos e o KaZaA na Austrália. Porém, foi em 2004 que ele teve notícia da existência do TPB e como o site se tornava rapidamente a principal fonte de conteúdo ilegal da internet. Ele acredita que seus fundadores tiveram a chance de desenvolver um negócio menos ilegal.

Kennedy falou que a transição para a música digital foi fantástica para a indústria, pois o consumo aumentou como nunca havia acontecido antes, embora cada vez menos pague-se por músicas. Se elas estão disponíveis sem custo, muitas pessoas encontram uma tentação forte demais para resistir, e por causa disso novos modelos de negócios não podem florescer.

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Quando o assunto ganhou o foco na questão das perdas, ele disse que os CDs foram muito mais lucrativos do que o modelo baseado em download, já que as vendas de CDs nos últimos 10 anos caíram de US$27 bilhões para US$18 bilhões.

O Top 10 em 2001 foi responsável por 69 milhões de unidades vendidas, enquanto em 2008 esse mesmo ranking não conseguiu superar a marca de 46 milhões. Se há nove anos o primeiro lugar vendia fácil 13 milhões de discos, hoje o grupo Coldplay só vende a metade.

Perguntado a respeito das diferenças entre o TPB e o Google, ele declarou que tem conversado com o Google e que, se eles não se declararem parceiros da IFPI, já que em breve também serão processados. Não importa quando você fizer uma busca sobre o Coldplay no TPB você encontre 1.000 resultados diretos e, no Google, 40 milhões diretos e indiretos em relação a pirataria.

É triste saber que o TPB seja orgulhoso das suas estatísticas, possuindo 22 milhões de usuários, 1 milhão de visitas por dia, 1,6 milhão de arquivos torrent adicionados por dia e ser responsável por 55% do tráfego do BitTorrent. Como bem descrevem, o objetivo do site é tornar disponível material não autorizado.

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Aos olhos da indústria do entretenimento, todo consumidor parece ser um potencial criminoso contra o modelo que rege a vida daquele que cria. Infelizmente, esse olhar é perigoso, pois não reconhece que quem cria também consome.

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Confira o andamento do julgamento lendo os outros artigos publicados por aqui: o primeiro, o segundo, o terceiro, o quarto e o quinto.

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