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Serviços decolando, vestíveis quase maiores que Mac e mais detalhes do 4º trimestre fiscal da Apple

Logo da Apple

Como esperado, a Apple divulgou ontem os resultados financeiros do seu quarto trimestre fiscal de 2019. A receita no período foi de US$64 bilhões (1,7% a mais se comparada à do mesmo período de 2018), com lucro líquido de US$13,7 bilhões (-2,8%) e ganhos por ação diluída de US$3,03 (-4,1%). Vendas internacionais compreenderam 60% de todo o faturamento trimestral.

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Como de costume, o CEO1Chief executive officer, ou diretor executivo. Tim Cook e o CFO2Chief financial officer, ou diretor financeiro. Luca Maestri realizaram uma conferência em áudio para anunciar os resultados e comentarem um pouco o desempenho da empresa no último período — e a projeção para o que ainda vem por aí.

Nesse evento, seja durante as falas dos executivos ou na sessão de perguntas e respostas com analistas/jornalistas, sempre pintam informações interessantes. E nós, é claro, acompanhamos tudo de perto para trazer os destaques do último trimestre da Maçã para você.

Bons números

Essa foi a maior receita da Apple para um quarto trimestre fiscal — ainda que o lucro não tenha sido recorde. Os números são ainda mais impressionantes pois a Apple previu um impacto cambial de quase US$1 bilhão — num cenário sem essa variação cambial, o crescimento do faturamento teria sido de 3%.

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Geograficamente, a Apple estabeleceu novos recordes de receita nas Américas e no resto da Ásia-Pacífico. A empresa também viu melhora nos números na Grande China — passando de uma queda de 27% no primeiro trimestre fiscal do ano para uma queda de “apenas” 2% no último.

Deixando os números do iPhone de lado, a receita da Apple cresceu 17%, com recorde em “Serviços”, que cresceram 18%. Em “Vestíveis, Casa e Acessórios”, a Apple cresceu incríveis 54,3% (também um recorde), muito impulsionados por produtos vestíveis como Apple Watch e fones de ouvido sem fio.

Pela primeira vez em um ano fiscal, a Apple ultrapassou a marca de US$100 bilhões em receita nos EUA. No total, a categoria “Serviços” arrecadou US$46 bilhões no ano — um recorde para todas as regiões onde a Maçã opera. Sozinha, a categoria “Serviços” hoje seria uma empresa listada na Fortune 70.

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Segundo Maestri, a receita de produtos foi de US$51,5 bilhões, uma queda de 1% em relação ao ano passado, principalmente devido ao iPhone — mas compensada em grande parte por um desempenho muito forte dos segmentos “Vestíveis” e “iPad”. O segmento “Vestíveis”, aliás, teve um crescimento explosivo e gerou mais receita anual do que dois terços das empresas listadas na Fortune 500.

A categoria “Mac” gerou uma receita anual recorde no ano fiscal. Tirando os números da categoria “iPhone”, a receita anual cresceu US$17 bilhões, para quase US$118 bilhões. E não foi só nos EUA que a Apple fez bonito, não. Segundo Cook, a empresa teve receita recorde em países como Alemanha, Brasil, Canadá, Coreia, Filipinas, França, Itália, Malásia, Polônia, Reino Unido, Singapura, Tailândia e Vietnã.

Maestri comentou que a margem bruta da empresa ficou em 38%, dividida da seguinte forma: 31,6% para produtos e 64,1% para serviços.

O dinheiro da empresa

O fluxo de caixa operacional de US$19,9 bilhões também foi um recorde no quarto trimestre, quase US$400 milhões a mais em relação ao recorde anterior, estabelecido no ano passado.

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A Apple encerrou o trimestre com quase US$260 bilhões em dinheiro e títulos negociáveis. A empresa emitiu US$7 bilhões em dívidas de novo prazo, retirou US$ 3 bilhões em dívidas vencidas e reduziu o papel comercial em US$4 bilhões durante o trimestre — no total, a dívida da empresa é agora de US$108 bilhões.

Como resultado, o caixa líquido foi de US$98 bilhões no final do trimestre, e a empresa continuará no caminho para ter uma posição neutra em dinheiro líquido ao longo do tempo. Ela retornou mais de US$ 21 bilhões aos acionistas no trimestre, incluindo quase US$18 bilhões por meio de recompras no mercado aberto (86 milhões de ações da Apple e US$3,5 bilhões em dividendos e equivalentes).

iPhones

Ainda que a receita do iPhone tenha caído 9%, o número foi positivo pois vemos uma redução frente à queda de 15% dos três primeiros trimestres fiscais.

Cook informou que, desde o lançamento, o iPhone 11 se tornou rapidamente o aparelho mais vendido — algo completamente esperado, mas que é sempre bom confirmar. Maestri disse que, nos EUA, a pesquisa mais recente feita pela empresa 451 Research indicou uma satisfação de 99% de clientes dos iPhones XS, XS Max e XR. No mercado corporativo, entre os que planejam comprar smartphones nos próximos três meses, 83% pretendem comprar iPhones.

Ainda segundo Maestri, a base ativa instalada do iPhone continuou a crescer atingindo um novo recorde em todos os segmentos geográficos da Apple.

Serviços

Como falamos, a receita foi de US$12,5 bilhões, um aumento de 18% em relação ao ano passado (US$1,9 bilhão) e superando o recorde anterior estabelecido no trimestre de junho em mais de US$1 bilhão. Segundo Cook, esse não é um fenômeno local justamente pelo segmento ter crescido dois dígitos — e ter receita recorde — nas cinco regiões onde a Apple atua.

Estabelecemos novos recordes em várias categorias de serviços, incluindo App Store, AppleCare, Apple Music, serviços na nuvem e nosso negócio de anúncios na App Store.

Cook comentou também que a empresa está no caminho certo para alcançar a meta de dobrar a receita de “Serviços” até 2020 — meta essa estipulada em 2016.

No total, os “Serviços” representaram 20% do mix de receita e 33% do mix de margem bruta.

Maestri comentou que o envolvimento de clientes com o ecossistema da Apple continua a crescer, e o número de contas pagas e de transações nas lojas de conteúdo alcançou um novo recorde, com crescimento de dois dígitos em todos os segmentos geográficos. Agora são mais de 450 milhões de assinaturas pagas nos serviços da Apple, em comparação a mais de 330 milhões há apenas um ano — a meta é ultrapassar os 500 milhões em 2020.

A receita absoluta da App Store cresceu dois dígitos, graças à forte demanda de clientes por compras e assinaturas em apps. O negócio de assinaturas de app terceiros cresceu em várias categorias e aumentou quase 40% ano a ano. Atualmente, existem mais de 35.000 aplicativos de assinatura na loja; a maior responsável gera menos de 0,25% da receita total de serviços.

Apple Pay

Falando especificamente do Apple Pay, a empresa também teve uma receita recorde. Não apenas isso: tivemos também recorde de transações, as quais mais que dobraram no quarto trimestre fiscal se comparado a 2018, atingindo 3 bilhões. Para termos uma ideia, o número excede as transações do PayPal, com um crescimento 4x mais rápido.

O Apple Pay está agora presente em 49 mercados em todo o mundo (incluindo Brasil e Portugal), com mais de 6.000 emissores na plataforma.

Apple Card

Falando sobre o Apple Card, Cook informou que, atualmente, é possível conseguir 3% de cashback em serviços/estabelecimentos como Uber, Uber EATS, Walgreens, Duane Reade e T-Mobile — desde que você utilize o Apple Pay, e não o cartão físico, como forma de pagamento.

Cook aproveitou o evento financeiro para anunciar mais uma novidade: ainda neste ano, a empresa oferecerá a clientes a opção de comprar um novo iPhone pagando em 24 meses sem juros — sem perder o benefício dos 3% de cashback! Seria ótimo se tivéssemos acesso ao Apple Card no Brasil e a benefícios como esses, não é mesmo? Cadê essa expansão internacional, Cook?! 😝

Apple Arcade, News+ e TV+

O CEO da Apple lembrou o lançamento do serviço de jogos e disse que, até o momento, o feedback dos clientes tem sido extremamente positivo: “Estamos muito animados com o futuro do serviço.”

Ele também falou do Apple News+, que foi expandido além dos Estados Unidos e do Canadá, chegando à Austrália e ao Reino Unido, e reunindo publicações como The Times of London, The Australian, Hello Magazine, The Wall Street Journal, The LA Times, The New Yorker, People, GQ e muito mais.

O executivo falou sobre o Apple TV+, que será lançado nesta sexta-feira em mais de 100 países e regiões. Trata-se do primeiro serviço de assinatura de vídeo totalmente original. Cook relembrou que clientes os quais compraram dispositivos Apple (iPhones, iPads, Macs e/ou Apple TVs) a partir de 10 de setembro terão direito a 12 meses gratuitos do serviço.

Vestíveis, Casa e Acessórios

Capitaneado pelo Apple Watch Series 5, pelos AirPods e pelos fones da Beats, a categoria registrou recordes de receita no quarto trimestre fiscal em todos os mercados monitorados pela Apple no mundo, com uma receita de US$6,5 bilhões (aumento de 54,7% em relação ao ano anterior).

Bastante focado em saúde, Cook lembrou que a Apple anunciou recentemente um novo aplicativo de pesquisa associado a três estudos médicos sem precedentes, abrangendo audição, coração e movimento, e saúde da mulher. “Estamos colaborando com as principais instituições de saúde para alcançar mais participantes do que nunca, possibilitando que eles contribuam para possíveis descobertas médicas e ajudem a criar a próxima geração de produtos de saúde inovadores.”

iPad

Sobre a categoria de tablet da Apple, Cook comentou o crescimento de 17,9%, muito impulsionado pelo iPad Pro.

Maestri, por sua vez, afirmou que a receita cresceu nos cinco segmentos geográficos, com um recorde de receita no quarto trimestre no Japão. No total, mais da metade dos clientes que compraram iPads durante o trimestre de setembro eram novos e a base instalada ativa também atingiu um novo recorde histórico.

As pesquisas mais recentes da empresa 451 Research mediram um índice de satisfação de 95% para consumidores e 97% para empresas. E entre consumidores e empresas que planejam comprar tablets no próximo trimestre fiscal, mais de 80% planejam comprar iPads.

Mac

Já na categoria “Mac”; a Apple gerou US$7 bilhões em receita. O CEO disse que a comparação com 2018 é complicada pois, no ano passado, a Apple atualizou dois dos tamanhos do MacBook Pro. Ainda assim, para o ano fiscal de 2019, a Apple gerou a maior receita anual já vista na categoria, com recorde nos EUA, na Índia e no Japão.

Mais da metade dos clientes que compraram Macs durante o trimestre eram novos no Mac e a base ativa instalada atingiu um novo recorde.

Lojas online e físicas

De acordo com o CFO, as lojas online e de varejo produziram resultados fantásticos, gerando receita recorde no trimestre fiscal em todos os cinco segmentos geográficos e forte crescimento de dois dígitos para iPhones, iPads, Apple Watches e acessórios.

O program de trade in aumentou mais de cinco vezes o volume de vendas do iPhone se comparado ao ano passado.

Mercados empresarial e governamental

Maestri comentou que a empresa está vendo uma forte demanda no mercado corporativo, com um crescimento significativo para o futuro. Ainda segundo ele, 80 dos 100 maiores varejistas do mundo (Burberry, Ralph Lauren, Sephora, Gap e muitas outras) estão escolhendo a Apple para modernizar suas experiências de clientes e funcionários em todas as funções de seus negócios, utilizando iPhones, iPads e Macs para otimizar suas operações domésticas, modernizar o ponto de venda e oferecer experiências diferenciadas de clientes e funcionários.

Já no âmbito governamental, o US Census Bureau está fazendo mudanças fundamentais no design e na implementação do censo do próximo ano, com o objetivo de produzir resultados de qualidade reduzindo custos, aproveitando a mobilidade, a experiência do usuário e a privacidade do iOS. Centenas de milhares de dispositivos Apple serão implantados para apoiar um novo modelo de coleta e gerenciamento de dados.

Previsões para o próximo trimestre fiscal

Para o próximo trimestre fiscal (o primeiro de 2020), a Apple prevê uma receita entre US$85,5 e US$89,5 bilhões — já levando em conta um impacto negativo de câmbio de US$1 bilhão —, uma margem bruta entre 37,5 e 38,5%, gastos operacionais (OPIX) entre US$9,6 e US$9,8 bilhões, outras receitas/despesas (OINE) de US$200 milhões e uma taxa de impostos de 16,5%.

Como informamos, o conselho de administração declarou um dividendo em dinheiro de US$0,77 por ação ordinária pagável em 14 de novembro de 2019 aos acionistas registrados em 11 de novembro de 2019.

Perguntas e respostas

Perguntado sobre a estratégia por trás da oferta de um ano de Apple TV+ para quem comprar um novo dispositivo, Cook disse que se trata de um presente para os usuários.

Do ponto de vista comercial, estamos orgulhosos do conteúdo e gostaríamos que o maior número possível de pessoas o visse. E, portanto, isso nos permite focar na maximização de assinantes, principalmente no início. E assim nos sentimos bem em fazer isso. Eu acho que é uma jogada ousada. E o preço também para as pessoas que não compram um dispositivo no período em que oferecemos isso, o preço também é muito agressivo. Você pensa na qualidade do conteúdo que recebe por US$4,99 e é incrível. É maravilhoso.

Sobre uma possível estratégia de futuros pacotes de hardwares com serviços (como a Apple está fazendo agora com o Apple TV+) e se, algum dia, a Apple poderia oferecer produtos em forma de assinatura, Cook comentou que, no momento, essa estratégia para o Apple TV+ faz sentido, mas para outros serviços, não. Isso não quer dizer que no futuro a Apple não possa repensar e oferecer algo assim, caso seja interessante.

Sobre hardware como assinatura, a oferta do Apple Card (na qual você poderá dividir o pagamento de um produto em 24 vezes sem juros) não deixa de esse caminho, em que você paga uma mensalidade para usar um produto Apple, segundo Cook.

Questionado sobre o ciclo de produtos vestíveis quando uma inovação é colocada no mercado (como o cancelamento de ruído dos AirPods Pro), Cook respondeu que é difícil falar disso agora com produtos tão novos como Apple Watch e AirPods no mercado.

Sobre os AirPods em si, ele acredita que muitas pessoas as quais possuem os AirPods hoje também comprarão os modelos Pro para os momentos em que precisam de cancelamento de ruído — o que, convenhamos, não faz o menor sentido: se você comprar os AirPods Pro, dificilmente usará novamente o modelo comum.

O trimestre em gráficos

via iMore, MacStories

Notas de rodapé

  • 1
    Chief executive officer, ou diretor executivo.
  • 2
    Chief financial officer, ou diretor financeiro.

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