Se você acordou hoje pensando “puxa, que belo dia para ler justificativas padrão e pouco reveladoras da Apple sobre seus negócios”, hoje é o seu dia de sorte. A Maçã publicou recentemente algumas respostas a perguntas feitas pelo Comitê Judiciário da Câmara de Representantes dos Estados Unidos, e no processo acabou jogando uma luz (uma luz fraca, mas ainda assim uma luz) sobre algumas das suas operações.
Mais precisamente, o comitê enviou à Apple em setembro passado uma carta pedindo esclarecimentos sobre uma série de tópicos relacionados aos seus negócios, como política de reparos, diretrizes da App Store e estabelecimento de aplicativos padrão em seus sistemas. A carta é parte de uma investigação maior, aplicada na Maçã e em outras gigantes tecnológicas, que busca apurar supostas práticas anticompetitivas ou com características monopolistas.
A maioria das respostas está no tom padrão da Apple — sim, aquele mesmo que se autopromove ao mesmo tempo em que revela o mínimo possível, com uma escolha cuidadosa de palavras. Ao menos em um ponto, entretanto, podemos tirar uma informação interessante do documento: a Maçã não gera quaisquer lucros com seus serviços de reparo, ao menos desde 2009.
Assim a Apple respondeu ao ter solicitada a divulgação das receitas totais geradas com serviços de reparo desde 2009:
Para cada ano desde 2009, os custos para oferecer serviços de reparo excederam a receita gerada por esses reparos.
Lacônico, sim — mas revelador. Claro, a Apple não revela aqui se está levando em conta a receita gerada com venda de planos do AppleCare+ nem se os tais custos referem-se a todos os reparos realizados pela empresa ou apenas àqueles que são cobrados, fora da garantia. Ainda assim, é uma informação importante para o comitê pesar sua decisão perante algumas práticas da Maçã — que é frequentemente criticada por não fornecer peças ou recursos a serviços de reparo não-autorizados (mesmo com boas mudanças recentes).
Entre outros pontos interessantes do documento, a Apple explicou também a razão para ter decidido abandonar o Google Maps e criar um serviço de mapas próprio:
A Apple acreditava que poderia criar mapas melhores. Além disso, por causa do nosso comprometimento com a privacidade e a segurança, além do nosso desejo de manter o máximo possível de informações no dispositivo, acreditamos que oferecer mapas próprios, mais integrados aos dispositivos, seria benéfico às necessidades de privacidade dos usuários ao mesmo tempo em que daria a eles uma experiência excepcional.
Vale ler também a explicação da empresa para manter o Safari como navegador padrão do iOS, sem dar aos usuários a opção de alterar isso:
O Safari é um dos aplicativos que, na visão da Apple, definem a experiência do usuário no iOS, com recursos de privacidade e segurança sem paralelos na indústria. Como dito na resposta à primeira pergunta, o Safari é um “app do sistema operacional”, como o Telefone, o Câmera e o iMessage, que são projetados para trabalharem juntos.
Expandindo o assunto, a Maçã também elaborou o motivo de obrigar que todos os navegadores oferecidos na App Store utilizem o WebKit, motor de renderização do Safari:
Ao exigir que os apps usem o WebKit, a Apple pode, rápida e precisamente, corrigir vulnerabilidades que afetam toda a nossa base de usuários e proteger da forma mais efetiva sua privacidade e segurança. Além disso, permitir outros motores de renderização poderia colocar os usuários em risco caso os desenvolvedores abandonem seus apps ou não corrijam uma falha de segurança rapidamente.
O documento inteiro com respostas da Apple pode ser lido aqui. O que vocês acham?
via 9to5Mac