Há algumas semanas, noticiamos que um trio de ex-executivos da Apple (John Bruno, Manu Gulati e Gerard Williams III) abriu uma empresa para fornecer chips a data centers que concorreria com a Intel e a AMD, a NUVIA.
Como era de se esperar, a Maçã não deixou a situação a limpo (por envolver três de seus ex-funcionários) e decidiu processar Williams (CEO da NUVIA) por supostamente “trair” a companhia — mas os métodos utilizados pela Maçã para investigá-lo estão sendo bem criticados.
De acordo com uma nova reportagem da Bloomberg, Williams alega que a Apple acessou e analisou suas mensagens de texto trocadas com outros funcionários da companhia antes de processá-lo, situação que, se confirmada, vai totalmente de encontro à filosofia e às políticas de privacidade da companhia.
Mais precisamente, a Apple processou Williams por quebra de contrato em agosto passado, dizendo que o ex-executivo era proibido, à época da criação da NUVIA, de “planejar ou participar de qualquer atividade comercial competitiva ou diretamente relacionada aos negócios ou produtos da Apple”.
Em resposta, Williams acusou a Maçã de “invasão persistente e inquietante de privacidade” pelo monitoramento de suas conversas pessoais; ainda segundo ele, se um funcionário da Apple conversa (ou manda mensagem) para outro empregado sobre as estratégias ou decisões da companhia, isso é o suficiente para que seja “solicitado” a essa pessoa que ele(a) deixe empresa.
A tréplica da gigante de Cupertino sugere que as mensagens de textos enviadas por Williams sinalizavam que ele estava “incentivando os colegas [funcionários] da Apple a deixar a empresa e se juntar à NUVIA”.
Esse caso envolve o pior cenário possível para uma empresa inovadora como a Apple: um diretor sênior de confiança, com anos de experiência e anos de acesso às informações mais valiosas da Apple, inicia secretamente uma empresa concorrente, aproveitando a mesma tecnologia em que o diretor estava trabalhando, e as mesmas equipes com as quais ele trabalhava, enquanto ainda trabalhava na Apple.
Na realidade, a tecnologia à qual a Maçã se refere nem são os chips em si, mas as serviços e recursos relacionados a servidores. De acordo com a companhia, há algum tempo seus pesquisadores vêm desenvolvendo estudos para “otimizar o desempenhos dos seus servidores usados nas operações da empresa”.
Williams terá uma audiência em 21 de janeiro para tentar resolver o caso. Ele e seus advogados alegam que o processo da Apple é “um esforço desesperado para acabar com a empreitada de um ex-funcionário”.
Veremos no que isso dará…