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Review de leitor: fones de ouvido Redmi AirDots, uma alternativa barata aos AirPods

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Redmi AirDots
Autor(a) convidado(a)

Guilherme Andreas Jansen

Tem 20 anos, mora em Belo Horizonte e é estudante de Publicidade na FUMEC-BH. Desde criança é apaixonado por tecnologia e, em especial, pela Apple. Seu primeiro iDevice foi um iPod touch de quarta geração, no distante 2011. Atualmente administra uma página de humor no Instagram chamada @revistasalvegeral.

Nem bom, nem ruim: os AirDots (fones de ouvido Bluetooth da Xiaomi) vivem como um bom mineiro, no fio da navalha, bem em cima do muro. Talvez como um boneco de posto, que sempre cai para um lado e para o outro, mas nunca se derruba.

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Por que eu comprei?

Deixe-me contextualizar: perdi um lado dos meus AirPods (de 2ª geração) que ganhei em dezembro do ano passado, e comprar apenas o lado perdido era algo que estava fora do meu alcance. Pagar R$480 pelo fone direito pode até ser um preço justo, levando em conta a cotação do dólar e valor dele no Estados Unidos (US$70, que na conversão direta hoje — sem impostos e tudo mais — dá cerca de R$330).

Independentemente do preço, foi totalmente inesperada a perda do pequeno AirPod e eu não tinha nenhum caixa para essa situação. Que piorou, quando eu lembrei que havia vendido todos os meus outros fones — um Pioneer e um Sennheiser enormes, ex-xodós, que partiram para novos lares por dois motivos: 1) meu “novo” iPhone 8 não tem saída para eles, e 2) eu achava chamativo e cansativo usar esses fones enormes, nada discretos, na rua.

Como disse, fui pego de surpresa — e meu orçamento também. Com menos de R$200 disponíveis, eu já me visualizava usando fones emprestados quando quebrei a barreira do preconceito e comecei a ler sobre o Redmi AirDots, que usei enquanto escrevia esse review. A Xiaomi é a prova da evolução dos chineses, que produzem celulares espetaculares e com desempenho de dar inveja a qualquer outra fabricante. As câmeras dos smartphones deles são dignas de prêmios; o design dá tesão, e a tela nem se fala. Pesa contra esses pacotes de bondades a falta de assistência especializada e de garantia no Brasil — essa, muitas vezes, fornecida por lojas revendedoras e importadoras.

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Comprei meus AirDots no Mercado Livre, por R$180 (com frete incluso). Tive que ter a ajuda de um amigo para não cair no golpe do falsificado e comprei a unidade de maior preço disponível para me esquivar desse sofrimento. Pois bem: efetuada a compra, recebi os fones chinos no dia seguinte, prestes a completar uma semana sem o lado direito dos AirPods.

Unboxing e primeiras impressões

De cara, vi que estava no lado B da tecnologia. A caixa dos AirDots em nada lembra a delicada e bonita dos AirPods, e a sensação de estar abrindo os fones da Xiaomi foi a pior possível. A caixa, muito frágil, rasgou com facilidade e os pontos perdidos começaram aí.

Ao colocar as mãos nos AirDots, retirei o pequeno plástico e imediatamente coloquei o par nas minhas orelhas. Esperava algum sinal de vida, mas nada. Pensei que estivessem sem bateria, mas na verdade era pior e foi aí que começou a minha tolice.

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Você realmente acha que fones de R$180 iam ter os mesmos sensores maravilhosos do AirPods, que se conectam ao celular automaticamente, têm uma apresentação quando colocados próximos a um iPhone e tudo mais? Necas. Esquece!

Recorri ao manual, e o placar de decepções marcou seu segundo gol. O documento vem apenas em mandarim. Tudo bem que a empresa é chinesa, mas se ela quer se destacar pela facilidade de uso dos seus produtos e se tornar popular/aceita no mundo ocidental, é melhor colocar também um idioma com base no mesmo alfabeto que o nosso, pelo menos. Nem que fosse via Google Tradutor.

Já que não podia contar com o manual, recorri à internet para aprender o básico sobre os fones. Terceiro gol no placar de decepções: o par precisa, primeiramente, ser emparelhado (sim, um com o outro) para depois, ser emparelhado com o celular. E quem disse que isso é fácil de ser feito? Chega a ser ridículo de tão complicado, demandando que eu assistisse a dois vídeos no YouTube para aprender. Mas é bom sempre lembrar que tenho nas mãos fones de ouvido Bluetooth de R$180, os quais não são imitações (knockoffs) dos da Apple.

Usando os fones

Depois de emparelhados, ligados e finalmente conectados ao meu celular, os testei primeiramente com a música ”N.Y. State of Mind’‘, do lendário rapper Nas. Achei que finalmente ia conseguir aproveitar, mas aí o placar virou 4 a 0: quem disse que eu achava a posição certa dos fones? Ora o som ficava abafado demais, ora ficava muito agudo.

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Mas aí, a Xiomi fez o seu primeiro gol, surpreendendo positivamente. Os AirDots trazem consigo três combinações de borrachinhas para você ajustar os fones do jeito que quiser, coisa que o AirPods só têm no modelo Pro, que custa horrores aqui e no mundo inteiro.

Coloquei a maior borracha que tinha, e aí comecei a aproveitar o que os fones tinham a me oferecer. O som é bom e lembrava o dos AirPods. Faltam médios e agudos, mas não o suficiente para causar discórdia. Equalizei o áudio no Spotify, e aqui segue uma dica: use o app com a dinâmica de som baixa, pois assim você preserva a qualidade dele — e isso faz diferença nos AirDots. Placar atual? 4 a 1. 

Bateria

A bateria deu um show e abriu o segundo gol para a Xiaomi. Apesar dos testes apontando 4 horas, comigo ela durou um pouco mais e foi até os 49 minutos do segundo tempo, durando 10% mais do que o previsto. O placar então está em 4 a 2 no estádio Guilherme Jansen.

Mas aí a fabricante sofreu o quinto gol: o time até que tentou disfarçar, mas na hora de recarregar o par de fones pretos, cadê o cabo carregador? Não tem. Ou seja, 5 a 2, em um gol sem discussão ou VAR!

Como a Xiaomi quer se tornar popular e converter usuários da Maçã, que vivem rodeados de cabos Lightning e USB-C, sem sequer um cabo Micro-USB para facilitar o processo? Parece bobeira, mas eu não tinha esse cabo. Tive que pedir emprestado à minha irmã, que ”adora” me emprestar coisas — ela decretou que eu deveria devolvê-lo quando terminasse de carregar a case. Os fones de R$180 saíram por R$190, pois eu gastei mais R$10 comprando um cabo genérico numa loja do bairro.

Conectividade

E aí veio o sexto gol: os fones Bluetooth parecem que precisam de um tempo para acordar do coma imposto pela caixa fechada e pela case desligada. Eu tive que drenar a bateria 2x para que os fones parassem de falhar quando conectados pela primeira vez no dia ao iPhone.

Assim o jogo foi se encaminhando para o fim, mas não com uma reação dos chineses. Os fones têm um material muito bom e a case é de arrancar suspiros. Eles têm mais personalidade e design do que os AirPods, que soam estranhos e nada discretos nas orelhas das pessoas. Os AirDots são pequenos, pretos e se camuflam em nossos ouvidos.

Veredito

Fim de jogo no estádio Guilherme Jansen: a Xiaomi reage e marca seu terceiro gol, mas o placar final ficou em 7 a 3.

Para fones de R$180 R$190, poderia ser melhor? Ô, se poderia. Se fizessem uns AirDots Pro por R$300, eu daria um jeito de comprar se me garantissem que eu não passaria pelos perrengues que passei com a versão normal.

Mas sei que até eu arrumar R$480 para o lado direito do meu AirPod, terei um grande aliado que me ajudará a enfrentar a falta que me faz o fone da Apple. Eu indico os AirDots para alguém? Sinceramente, não. É melhor guardar seu dinheiro para não passar raiva e ter um acessório mais bem sucedido nas suas mãos.

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