O melhor pedaço da Maçã.

Discutindo a interação entre tecnologia e crianças — uma desculpa para mostrarmos vídeos fofos

Menininha usando iPad

Gigabytes, megahertz, megapixels, núcleos de processamento, cartões SD, portas (mini)USB, HDMI, Thunderbolt… Muitas vezes o mundo da tecnologia parece girar em torno de conceitos complicados para o usuário médio e que são jogados para lá e para cá como se fossem uma receita de sucesso certo. “Consiga mais X gigabytes (ou qualquer outra coisa) que o concorrente e você vai vencê-lo”, é o lema que parece reger a maioria das empresas.

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Daí vem a Apple, lança um produto “medíocre” (do ponto de vista puramente numérico) e cria um mercado no qual, até agora, ela tem se mostrado imbatível, mas não por falta de aspirantes a concorrentes. Qual o segredo dela?

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Adorei o jogo: é o Monkey Preschool Lunchbox [US$1; 11,9MB; universal].

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Enquanto a tecnologia se torna mais e mais complexa, a Maçã parece ser a única empresa preocupada em manter os maiores avanços técnicos ao alcance de qualquer um — e é de “qualquer um” mesmo, como mostra o vídeo acima. Um iPad é tão fácil de usar que até uma criança pode brincar com desenvoltura, sem assistência [1, 2], e isso gera efeitos tanto para os infantes quanto para a própria Apple.

O que podemos esperar que aconteça com um bebê que cresce tendo contato com um iPad? Alguns pais e educadores mencionam um desenvolvimento mais rápido, com estimulação abundante e atividades educativas, mas o óbvio muitas vezes passa despercebido: essas crianças vão crescer pensando que tudo funciona como um iPad (simples, rápido, com toques). Não se espante, se seu filho ou sobrinho que tiver brincado com um iGadget quiser tocar na tela da TV pra acessar um menu e ficar frustrado quando descobrir que é preciso apertar um botão no controle remoto, enquanto ele está apontado para um canto arbitrário do televisor, para que um dado efeito seja alcançado.

Enquanto todos nós (eu e você) crescemos com barreiras nas interfaces que nos cercam, estas crianças estão interagindo diretamente com o software, isso graças à Apple (seja direta ou indiretamente). Não lembro onde eu li que a diferença entre um mouse e uma touchscreen é a mesma de apertar um botão diretamente e usar um cabo de vassoura para apertar o mesmo botão. Nós vivemos até hoje usando um cabo de vassoura chamado “cursor”, mas a próxima geração vai ter contato direto, íntimo e pessoal com o software.

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O Technologizer se pergunta o quanto a tecnologia de hoje pode ajudar ou atrapalhar o desenvolvimento infantil. Acredito que, como disse Walt Mossberg, “É o software, estúpido!” Está nas mãos dos desenvolvedores, tirando proveito do hardware disponível no mercado, criar experiências amigáveis a crianças e que as façam crescer de forma saudável.

A Apple fez a parte dela e lançou um produto fácil de usar e com possibilidades inéditas para se criarem ferramentas educativas e lúdicas que mudem a vida de crianças de todas as idades. Os concorrentes, procurando seduzir um tipo específico de criança (os geeks, categoria na qual me incluo), acabam esquecendo que, antes de ter um processador dual-core de 1GHz e câmeras de 5 megapixels, um gadget precisa ser gostoso de usar. Especificações técnicas devem ser um meio para a experiência de uso, e não um fim.

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Esse app de desenho parece ser épico: Drawing Pad [US$1; 42,8MB; requer o iOS 3.2 ou superior].

O garotinho do vídeo acima não parece estar nem aí pro fato de o iPad em suas mãos ser da geração passada ou de o Motorola XOOM ter uma câmera traseira poderosa. Contanto que o gadget seja portátil, sua interface continue fluindo e os apps continuem funcionando bem, ele não vai sentir a menor necessidade de ir atrás do hardware bruto mais poderoso do mercado. Isso é bom pra Apple porque, enquanto o foco for a experiência, esse garoto vai crescer e se tornar um cliente fiel. Quando for a hora de comprar o primeiro notebook desse baixinho, será que os trackpads (se é que ainda vão existir) dos PCs rodando Windows vão conseguir ganhar de um MacBook, com multi-touch e os gestos do Lion?

Do ponto de vista puramente capitalista, isso é totalmente perverso, mas ninguém pode negar que funciona: é preciso conquistá-los de pequenos.

Mas, enfim, depois de quase 700 palavras tentando manter a seriedade, eu tenho que admitir: essa criançada usando iPad não é a coisa mais fofa do mundo? Deu até vontade de comprar um pro meu sobrinho (e um pra mim, claro). 🙂

[via 9 to 5 Mac]

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