Anteontem, falamos aqui sobre os (prováveis) benchmarks do chip A14 Bionic, que estreará nos novos iPads Air (e, futuramente, nos “iPhones 12”), e comentamos sobre os prospectos positivos trazidos pelo novo processador. Pois hoje, o vice-presidente de arquiteturas de plataforma da Maçã, Tim Millet, falou mais sobre o futuro chip à revista alemã Stern.
Segundo Millet, o grande pulo do gato do A14 não é o poder de processamento bruto ou os gráficos do novo chip, e sim as possibilidades que ele traz na área de aprendizado de máquina. O executivo afirmou que a Apple não “inventou as redes neurais”, mas ajudou a avançá-las a ponto de conseguir conter esse tipo de processamento em um pequeno chip num dispositivo móvel — nomeadamente, o iPhone X, que era capaz de realizar 600 bilhões de operações por segundo para permitir o funcionamento do Face ID.
Pulando para 2020, e o A14 Bionic é 18x mais potente nessa métrica: ele é capaz de calcular até 11 trilhões(!) de operações aritméticas por segundo. Millet, claro, está extremamente animado com as possibilidades:
Nós estamos muito animados com a ascensão do aprendizado de máquina e como ela permite a chegada de um tipo completamente novo [de apps]. Eu perco o fôlego quando vejo o que as pessoas podem fazer com o chip A14 Bionic.
Segundo Millet, as equipes de hardware e software da Apple trabalharam juntas não só para garantir o potencial bruto do novo chip, mas para fornecer aos desenvolvedores ferramentas que possibilitem o aproveitamento máximo desse poder. Um dos principais frutos dessa colaboração é o Core ML, framework de aprendizado de máquina disponibilizado pela Maçã que já é usado em centenas de aplicações profissionais ou semiprofissionais, como o djay e os aplicativos da Adobe.
Por fim, Millet comentou a possibilidade de a Apple alterar o funcionamento do Face ID para permitir que o recurso reconheça usuários de máscara — uma mudança já solicitada por algumas figuras importantes desde o início da pandemia do novo Coronavírus (COVID-19). O problema é que, de acordo com o executivo, tal mudança acarretaria numa redução da segurança do sistema, algo que a Apple não está disposta a abrir mão:
É difícil reconhecer uma coisa que você não consegue ver. Os modelos de reconhecimento de face são muito bons, mas é um problema espinhoso. Os usuários querem conveniência, mas também querem segurança. Na Apple, todos os nossos esforços são para que os dados permaneçam seguros. […] Nós podemos pensar em técnicas que não envolvam a parte do rosto que esteja coberta pela máscara, mas desta forma você perde várias das características que tornam seu rosto único — e, com isso, torna mais fácil imaginar que alguém poderia desbloquear seu telefone.
Ou seja… podemos esperar sentados, pelo visto.
via 9to5Mac