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Apple Vision Pro de frente

O que o Galaxy Z Fold5 pode nos dizer sobre o futuro do Apple Vision Pro

Quando o assunto é o Apple Vision Pro, eu devo ter ficado com a mesma sensação que a maioria de vocês após a abertura da WWDC23:

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Ryan Reynolds, vestido de médico, pergunta "Mas por que?" com uma cara confusa

É claro que as tecnologias do headset são impressionantes: o display externo lenticular que simula a tridimensionalidade dos olhos de quem o está usando, a renderização foveal que poupa processamento ao exibir com 100% de resolução apenas a área para qual o usuário está olhando, o OLED1Organic light-emitting diode, ou diodo emissor de luz orgânico. feito de silício monocristalino para possibilitar pixels menores e, ainda por cima, munidos um processador aplicado diretamente nas suas costas para reduzir ao máximo a latência entre o que as câmeras captam e o que os olhos enxergam, e por aí vai.

Durante toda a apresentação do Apple Vision Pro e nas posteriores entrevistas a respeito do headset, a Apple deixou mais do que provado que o produto é um cruzamento entre uma tecnologia alienígena e um milagre técnico. Se o iPhone OS estava “pelo menos cinco anos à frente da concorrência” no anúncio do primeiro iPhone, em 2007, um produto com exatamente as mesmas tecnologias do Vision Pro feito por um concorrente da Apple parece estar fora do universo de possibilidades até pelo menos o fim da década.

Ainda assim, um fato é inegável: o Apple Vision Pro não é um produto, mas sim um protótipo. Um protótipo muito bem-acabado, é claro, mas um protótipo. Da bateria pendurada por um fio feioso que percorre as costas do usuário, ao seu tamanho comicamente desproporcional para a cabeça da maioria dos seres humanos (reparou que nenhuma criança apareceu usando o headset?), da autonomia de apenas duas horas ao preço fora da realidade para a maioria das pessoas, a Apple sequer procurou defender esses pontos que seriam inaceitáveis em qualquer outro produto da sua linha.

Apple Vision Pro de lado

O que me traz aos anúncios que a Samsung fez na última semana, especificamente o novo Galaxy Z Fold. Todos os anos, desde 2019, a Samsung vem insistindo no mercado de dobráveis que, segundo o instituto Canalys, vendeu apenas 14,2 milhões de unidades ao redor do mundo em 2022.

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Mas a insistência da Samsung vem apresentado resultados, afinal, ela abocanhou 80% dessas vendas, seguida de longe pelas chinesas Huawei, OPPO, vivo, Xiaomi e Honor. Até mesmo a Motorola, que vem investindo pesado nesse mercado, aparece em uma distante sexta posição com apenas 40 mil unidades vendidas em 2022.

A exemplo do Apple Vision Pro, o primeiro Galaxy Fold era todo estabanado. Quando fechado, deixava um espaço enorme entre os displays bem em sua dobradiça que, além de ser algo horroroso e mal-acabado, facilitava a entrada de poeira e detritos que eventualmente inutilizavam a tela quando ela era aberta novamente. Igualmente frustrante era a sua usabilidade, evidenciada pela falta de aplicativos preparados para tirar proveito do novo formato.

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Tudo isso apoiado em um Android mal-adaptado para as possibilidades do dispositivo. Já a sua tela externa, minúscula, basicamente desaparecia dentro da moldura enorme que a circundava. E não podemos esquecer do problema da película protetora que, junto a outras deficiências (como por exemplo, a tela da unidade de review do jornalista Dieter Bohn do The Verge, que parou de funcionar em um intervalo de dois dias), resultaram no adiamento do lançamento do dobrável em alguns meses.

Mas a Samsung seguiu em frente. Já vacinada contra passar vergonha em público após o recall catastrófico do Galaxy Note 7 explosivo, ela lançou o primeiro Galaxy Fold em setembro de 2019. Depois, em 2020, lançou outro com pequenas revisões de hardware. Em 2021 e 2022, também. Já nesta semana, ela anunciou a quinta versão do aparelho que elimina por completo o espaço que ficava entre as telas com o dispositivo dobrado, graças a um redesenho na engenharia interna da dobradiça. Além disso, o aparelho também ficou mais fino, aproximando-o da grossura de um telefone tradicional quando dobrado.

Galaxy Z Fold5

Em suma, a Samsung precisou lançar cinco gerações do Galaxy Z Fold para transformá-lo de protótipo a produto. Neste meio-tempo, tanto o mercado desenvolvedor quanto o próprio Google, com a evolução do Android, vieram encontrando as melhores formas de tirar proveito do diferentes tipos de telefones dobráveis. (O mesmo vale para o pequenino Galaxy Z Flip, que agora conta com a mesma dobradiça revisada, além de uma tela externa maior que a torna verdadeiramente útil para interações independentes pela primeira vez).

Galaxy Z Flip5

De volta ao mundo da Apple, não podemos esquecer do primeiro Apple Watch, cuja comunicação e apelo não tinham nada a ver com a forma como a Apple os vende hoje. Mais do que isso, a forma como nós utilizamos o dispositivo também mudou completamente, informando à Apple qual deveria ser o caminho a seguir.

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Olhando sob todos esses espectros, as dúvidas a respeito do Apple Vision Pro parecem menos graves. É bem verdade que a empresa falhou na missão de explicar qual é o seu verdadeiro propósito, mas a verdade é que a Apple também não tem essa informação. Isso virá naturalmente, em grande parte graças à forma como o público decidir utilizá-lo. É o velho método de disparar a flecha e, depois, pintar o alvo no lugar onde a flecha cair.

Quando você tem quase todo o dinheiro do mundo à sua disposição e tempo suficiente para corrigir o percurso antes que a concorrência possa lhe alcançar, talvez a melhor estratégia seja a de lançar a ferramenta com um leque de possibilidades e esperar o público dizer a melhor forma de prosseguir.

Nesse intervalo para o Vision Pro, coisas óbvias acontecerão: a Apple resolverá o problema da bateria, lançará uma nova versão do dispositivo — além de outras versões que não serão “Pro” — e reduzirá o preço médio da linha conforme for encontrando a forma certa de aumentar o volume de produção das suas tecnologias. A essa altura, ela provavelmente será líder de um mercado que hoje ainda faz 14,2 milhões de unidades vendidas parecerem um sonho quase impossível de ser alcançado.

Notas de rodapé

  • 1
    Organic light-emitting diode, ou diodo emissor de luz orgânico.

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