O melhor pedaço da Maçã.
Empregado da Finisair, fornecedora da Apple

Investimentos da Apple beneficiaram 450 mil trabalhadores nos EUA em 2018

Mesmo tendo boa parte da sua cadeia de fornecimento na China e em outros países emergentes, a Apple é uma das gigantes tecnológicas com mais parceiras em seu país natal. Alguns componentes do iPhone são fabricados nos Estados Unidos, e a Maçã foi uma das únicas empresas a arriscar montar um computador inteiro no país nessa década — o que acabou não dando muito certo, como veremos a seguir.

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Para celebrar essa valorização da mão de obra local, a Apple publicou hoje um comunicado destacando alguns números e histórias importantes de fornecedores e trabalhadores americanos. Segundo a empresa, só em 2018 foram investidos US$60 bilhões em 9.000 parceiras fornecedoras nos EUA (um aumento de mais de 10% em relação ao ano anterior); esse valor atinge cerca de 450.000 trabalhadores ao redor do país.

Dentre as principais parceiras da Apple em seu país natal, temos a Finisar, fabricante de um componente fundamental de projeção de raios laser para a câmera TrueDepth dos iPhones mais recentes; a Corning, produzindo os vidros que revestem a frente e a traseira dos smartphones da Maçã (e de vários outros aparelhos do mundo); e ainda a Broadcom, a Qorvo e a Skyworks, trabalhando em peças de telecomunicação para que os dispositivos se conectem entre si e com o planeta.

No comunicado, a Apple destacou ainda algumas histórias pessoais, como a do veterano do exército Michael Turner que, aos 40 anos, iniciou um trabalho como técnico em processos na Finisar em junho passado, além de se tornar mentor em um programa de capacitação de jovens para a área tecnológica. Já Khan Qurashi foi a primeira mulher contratada como técnica de equipamentos de engenharia na mesma fábrica e ainda está completando a faculdade enquanto se especializa por lá.

Nem tudo são flores

Sim, é tudo muito bonito, mas a realidade vai um pouco além disso. Uma reportagem publicada hoje pelo New York Times (aliás, a da Apple veio um pouco depois, sugerindo uma possível “resposta indireta” ao jornal”) mostrou por que a Apple — e outras empresas americanas — não fazem mais negócios com parceiras locais. O exemplo utilizado para comprovar a teoria foi nada mais nada menos que um… parafuso.

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Explico: quando a Apple anunciou, lá nos idos de 2012, que montaria um novo modelo de Mac (o então novo Mac Pro) exclusivamente nos EUA, a empresa se viu enfrentando problemas de todos os tipos relacionados à eficiência e ao custo das fornecedoras americanas. Um dos pontos mais alarmantes do processo de fabricação da máquina foi justamente o dos seus parafusos: a Maçã simplesmente não conseguia construir protótipos e versões de testes porque a fornecedora de parafusos da empresa só conseguia produzir 1.000 peças por dia — um número dezenas de vezes menor que o requerido por Cupertino.

Desmonte do Mac Pro

Tentando resolver o problema, a Apple recorreu a uma outra empresa, a Caldwell Manufacturing, que conseguia produzir 28.000 parafusos por dia — embora não exatamente na especificação pedida pela Maçã. Os parafusos foram entregues à montadora da Apple no Texas em 22 viagens; algumas dessas entregas foram realizadas pelo próprio dono da Caldwell, Stephen Melo, em seu veículo particular.

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No fim das contas, a Apple se viu obrigada a recorrer a fornecedoras chinesas para conseguir a quantidade apropriada de parafusos nas especificações exigidas — mas, a essa altura, a produção do Mac Pro já estava atrás do cronograma e, por conta disso, o lançamento do computador foi adiado em alguns meses.

A China, claro, é o exemplo máximo de lugar onde você consegue basicamente qualquer peça que deseje em qualquer quantidade no menor tempo possível: as leis trabalhistas medievais flexíveis permitem que as fábricas realizem turnos contínuos 24 horas por dia, os trabalhadores façam jornadas longuíssimas e ganhem salários minúsculos, o que potencializa o lucro das empresas e a atratividade dos seus negócios.

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Com a atual guerra comercial entre EUA e China, é possível que a Apple traga mais operações para o seu quintal, mas — com base nas informações aqui trazidas — é muito, muito difícil que a Maçã deixe o País da Muralha como um todo em qualquer futuro próximo.

via 9to5Mac

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