O melhor pedaço da Maçã.

Um passeio por todos os chips que a Apple criou

A Apple iniciou suas atividades produzindo apenas computadores, no longínquo ano de 1976, naquela famosa garagem em Los Altos (Califórnia, Estados Unidos). Nestes quase 50 anos, a empresa passou por diversas transformações, desde sua aparência, logotipo e parte externa, até sua filosofia e focos de atuação, de maneira a ter se modificado também internamente.

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Logo antes de lançar o primeiro iPhone, por exemplo, o nome da companhia foi modificado de “Apple Computer Inc.” para apenas “Apple Inc.”, mostrando a ampliação por que passava a Maçã.

A mudança pela qual a Apple passou também foi sentida pelo mercado em geral. O principal produto de tecnologia deixou de ser o computador e passou a ser o smartphone. Se antes entrávamos na internet, agora estamos constante e continuamente conectados a ela. Sem dúvidas, isso se refletiu na organização da linha de produtos: há um número razoável de anos, o iPhone é o principal deles.

Com o tempo, também foram sendo lançados outros acessórios, muitos dos quais funcionam na órbita do smartphone. Hoje em dia, além do iPhone e do Mac, temos AirPods, HomePod, Apple Watch, entre outros produtos. O interessante é que todos eles têm processadores diferentes, que possibilitam distintas funções, muitas bastante particulares da Apple. Os computadores da empresa, mais recentemente, também passaram por uma revolução, com os novos chips Apple Silicon (os quais estão substituindo os da Intel).

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E com esses lançamentos acumulados ano após ano, é legal fazer uma recapitulação de todas as “letras”, isto é, dos chips próprios da Maçã — e seus respectivos dispositivos — atualmente existentes.

Processadores da família “A”

Estes são os chips de iPhones e iPads. Eles também equipam modelos mais novos da Apple TV e o modelo original do HomePod, que trazia o A8.

Ao contrário do que possa parecer, o primeiro da linha não foi o “A1”. Os três primeiros modelos de smartphones (original, 3G e 3GS) traziam chips de outras fabricantes. Apenas com o quarto modelo do produto, em 2011, foram inaugurados SoCs1System-on-a-chip, ou sistema-em-um-chip. proprietários não apenas nos iPhones, como também na Apple como um todo. Era a primeira vez que a empresa fabricava um chip, o início de uma história que se mostraria longa.

Chip Apple A4
Chip A4, que equipava o iPhone 4 em 2010

Em 2013, tivemos outro marco: o A7, no iPhone 5s: o primeiro processador de smartphone do mundo a trazer uma arquitetura de 64 bits — aliás, vale conferir nosso vídeo de um desses incrustado em acrílico (um trabalho do Grid Studio).

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Isso possibilitou uma maior capacidade de processamento de informações, algo até então inédito no mercado móvel. Como consequência, os aplicativos do iOS precisaram se adaptar à nova plataforma, bem como a concorrência acelerou seu processo de desenvolvimento para fazer frente à inovação da Apple.

Phil Schiller apresentando o A7 com 64 bits

Com o tempo, a evolução foi acontecendo gradativamente, com litografias menores, maior quantidade de memória e melhor processamento gráfico.

No caso dos iPads, foram criadas versões especiais dos respectivos processadores — algumas com um “X” no final e uma com “Z”. Elas apresentam potência maior do que as originais, empregadas no iPhones, de modo a alimentar os tablets satisfatoriamente — principalmente em suas GPUs2Graphics processing units, ou unidades de processamento gráfico.. Agora, vemos que os “A” já estão sendo superados pelos revolucionários “M” no âmbito dos dispositivos móveis de telas maiores (mais sobre eles no texto).

Processadores da família “S”

Esses são os chips que equipam o Apple Watch. Ao contrário dos iPhones, desde o primeiro modelo do relógio, a própria empresa produz os chips “S”.

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Tendo em vista a necessidade bastante reduzida em relação a outros produtos, seu poder de processamento corresponde ao que o dispositivo precisa para funcionar bem. Ele foi apresentado em 2014, junto à primeira geração do smartwatch e também ao iPhone 6.

Chip S1

Ainda assim, em especial dada a quantidade considerável de gerações do Watch (até agora, 7), avanços nos “S” são sensíveis à medida que o produto ganha novos modelos. O armazenamento aumentou bastante desde o primeiro (que tinha 2GB, enquanto o atual tem 32GB), assim como a velocidade do relógio. Como com qualquer aparelho, é normal que o software vá ganhando complexidade com o passar dos anos, o que exige um hardware que acompanhe essa evolução.

Além dos relógios, esses processadores também estão na versão mini dos HomePods, as caixas de som inteligentes e com a Siri integrada. Embora não seja um produto de tão larga escala, e ele tampouco esteja disponível no Brasil, é interessante ver que ele também tem um chip para conseguir suprir suas funcionalidades.

Processadores das famílias “W” e “H”

Esses são os processadores dos AirPods. Lançados pela primeira vez em 2016, o fato de fones de ouvido contarem com um chip, ainda que simples, demonstra o nível de evolução em que se encontram os produtos da Apple e a tecnologia de modo geral.

No caso dessa linha, os processadores servem para dar suporte a recursos como Cancelamento Ativo de Ruídos (no caso dos AirPods Pro), Áudio Espacial, além da própria conexão com os outros dispositivos.

Visão interior dos AirPods Pro

E é na conexão que os AirPods são mais práticos e integrados com outros aparelhos da Apple, tudo isso proporcionado pelo chip. É o W1/H1 que possibilita a quase mágica função de abrir a caixinha perto de um iPhone, por exemplo, e aparecer o popup com a sugestão de conexão e nível de bateria dos fones.

O “W” tornou-se “H” a partir da segunda geração dos fones, quando houve a transição do Bluetooth 4.2 para o 5.0. Desde então, esse segue sendo o chip de todos os modelos do produto.

Processadores da família “M”

O chip proprietário da Apple de lançamento mais recente é o M1, ainda apenas com a primeira geração. Ele foi lançado em 2020, com uma nova versão do MacBook Air já com o novo processador. A letra “M” representa um enorme de passo de evolução em matéria de computadores, em especial após um longo período de inovações tímidas e questionáveis (como a Touch Bar) nos Macs.

Ao trazer todos componentes em apenas uma peça, o novo chip incrementa em muito a performance, bem como a autonomia da bateria. Com os MacBooks Pro de 2021, o M1, tal qual os “A” nos iPads anteriores, ganhou incrementos, com os novos M1 Pro, M1 Max, que são ainda mais potentes. O desktop Mac Studio, por sua vez, rompe ainda mais barreiras em matéria de desempenho com o chip M1 Ultra. Todo esse poder de fogo já está gerando consequências práticas em aplicativos e tarefas diversas.

A verdade é que ainda estamos no início da transição da Apple dos processadores da Intel para os seus próprios. À medida que novas gerações forem lançadas, a tendência é, além das contínuas melhoras na performance, que mais aplicativos integrem-se à nova plataforma. Esse é um processo gradativo, já que exige adaptações nos códigos e maneiras de funcionamento, além de envolver muitos desenvolvedores diferentes. Com o avanço dessa integração, dever-se-á tirar mais proveito da capacidade dos “M”.

O que estamos vivendo no presente nos Macs lembra o que aconteceu com o processador A7 e o iPhone 5s, embora em escala bastante menor, nesse caso. Na época, todos os aplicativos precisaram ser atualizados para versões que tivessem suporte à arquitetura de 64 bits e, mais do que isso, que aproveitassem a inovação.

Note-se que esse processo exige um esforço incomensurável, já que também é uma maneira de mudar o padrão por meio do qual os apps funcionam e vão sendo desenvolvidos. A Apple é uma das únicas a liderar mudanças desse tipo e que de fato atingem todo o mercado, como também aconteceu com a retirada de drives de CD de computadores e o polêmico fim da saída para fones de ouvido nos dispositivos móveis.

E num sinal de que essa evolução já vem se consolidando, o M1 já equipa também as versões mais novas do iPad Pro (lançada em 2021) e do iPad Air (deste ano). Junto ao desenvolvimento de funções que aproximam os tablets dos Macs, como o cursor de mouse e multitarefa, esse é um sinal da expansão da função e papel dos iPads na linha de produtos da Maçã.

Tendo o M1, não apenas o modelo mais avançado, com também o intermediário de iPad conta com o mesmo processador de Macs (no caso, o MacBook Air e o Mac mini). Ainda que os MacBooks Pro tenham chips superiores, é interessante ver a diferença entre as duas linhas diminuindo sensivelmente. Sem dúvidas, a letra “M” dá uma grande contribuição para esse processo.


Observar todos os processadores criados pela própria Apple — e produzidos pela sua parceira taiwanesa, a TSMC — e os dispositivos em que eles estão é lançar luz sobre o que move as ferramentas que usamos todos os dias. Mais do que isso, também significa olhar em retrospecto para o histórico tanto individual de cada produto, quanto da evolução da tecnologia em geral. Até nossos fones de ouvido têm chips que regulam suas funções, além de permitir que elas sejam mais complexas.

“A”, “S”, “W”, “H”, “M”… qual será a próxima letra do abecedário da Maçã? Só o tempo e a inovação dirão! 😀

Notas de rodapé

  • 1
    System-on-a-chip, ou sistema-em-um-chip.
  • 2
    Graphics processing units, ou unidades de processamento gráfico.

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