A Apple sempre cultivou uma imagem pública de absoluta ordem e harmonia nas suas engrenagens, mas essa imagem tem sido posta à prova continuamente nos últimos meses com uma série de denúncias, críticas e petições por parte de funcionários.
Já tratamos aqui sobre o caso de Antonio García Martínez, o pedido de apoio ao povo palestino e os problemas relacionados à volta do trabalho presencial; agora, mais um assunto deveras espinhoso: sexismo — ou, mais precisamente, uma denúncia de cultura sexista que acabou gerando represálias… para a vítima.
A figura central aqui é Ashley Gjøvik, gerente sênior do programa de engenharia da Maçã. Em entrevista ao The Verge,Gjøvik afirmou que, nos últimos meses, tentou em diversas ocasiões levar às esferas superiores da empresa preocupações com a cultura sexista das suas equipes, condições inseguras de trabalho para pessoas com deficiências, casos de assédio sexual e possíveis retaliações.
A resposta da empresa, em todos os casos, foi o oferecimento de licenças médicas e atendimento psicológico, sem nenhum compromisso de investigar as denúncias ou levá-las à alta cúpula de Cupertino. Pior ainda: os superiores deGjøvik sugeriram que ela não era uma presença bem-vinda no Slack (ferramenta de conversa online) da empresa — isso porque a engenheira denunciou várias situações e expôs angústias relacionadas na plataforma.
Incapaz de resolver a situação internamente,Gjøvik passou, há alguns dias, a expor situações e incômodos em sua conta no Twitter. Algumas das suas publicações podem ser vistas abaixo:
Após a exposição pública das questões levantadas, a Apple tomou a atitude de aplicar uma suspensão paga a Gjøvik, sem previsão de retorno. A engenheira também foi bloqueada dos canais da empresa no Slack.
Na entrevista ao The Verge, a profissional afirmou ainda que seus superiores querem evitar que ela entre em contato com outras mulheres funcionárias da Apple, algo que Gjøvik tem feito com frequência para levantar outras questões e identificar problemas.
Até o momento, a Apple não se pronunciou sobre o caso, mas vamos aguardar uma possível resposta da empresa. Ao menos, uma coisa é certa: a era de trabalhar em silêncio e aguentar qualquer coisa já era.